A proposta de Hillary Clinton
A Proposta de Hillary Clinton
A proposta de Hillary Clinton ao candidato Obama para que ele aceite apresentar-se como Vice-Presidente na sua lista de candidatura à Presidência dos EUA é reveladora de uma grande falta de humildade democrática, faire play e mostra, igualmente, sobranceria porque, diz Obama:
- Candidatei-me para Presidente e não me vão ver como candidato a Vice-Presidente;
- Vencemos o dobro dos Estados da senadora Clinton;
-Temos mais votos populares e mais delegados (1527 para 1428 de Hillary)
E remata dizendo o óbvio: não faz sentido que seja o candidato que vai em 2º lugar a convidar o que vai em 1º para ser seu Vice.
Claro que também podemos considerar este convite como uma estratégia para a vitória que passa por menosprezar o adversário dando a ideia para o eleitorado de que a verdadeira representante dos democratas é ela, tal como sempre esteve decidido desde o princípio e que agora, num gesto de boa vontade e reconhecimento pela simpatia que o seu colega de partido despertou nos eleitores, lhe oferece magnanimamente o lugar de Vice.
Estou convencido que esta eleição se transformou num grande pesadelo para a senhora Clinton que a considerava um simples passeio até à nomeação final quando tivesse que enfrentar o candidato republicano que, depois da triste experiência de George Bush, também não deixaria de ser um adversário relativamente fácil.
É que Obama surpreendeu tudo e todos e essa surpresa causa naturais desconfianças reforçadas pela circunstancia de que Hillary era já um nome familiar a todos os americanos que não puderam deixar de a admirar pelo seu comportamento enquanto primeira dama, esposa e mãe a propósito daquele caso sórdido entre o seu marido e Mónica Lewinsky, secretária oportunista que se aproveitou da proximidade física com o Presidente para o seduzir descaradamente com a sua juventude.
O comportamento de Hillary durante todo esse processo obsceno, só possível numa sociedade falsamente moralista, intrometida, e hipócrita, granjeou-lhe admiradores, especialmente entre o sexo feminino que, neste momento, não deixarão de apoiá-la comprovando-se, assim, que “o mundo dá muitas voltas” e hoje, 13 anos depois, Mónica revela-se grande aliada de Hillary que, ainda para mais, é a primeira mulher a poder ser Presidente dos EUA quando, há cem anos atrás, nem sequer tinha direito a voto.
Mas o que faz destas eleições um processo verdadeiramente apaixonante não é Hillary, candidata esperada, pré anunciada e propagandeada por todo o aparelho do Partido Democrata americano, mas sim Obama.
Filho de uma americana do Kansas e de um queniano, Obama tem estado debaixo de todas as atenções mediáticas. Conheceu a mulher, Michelle quando era advogado estagiário numa empresa e é um pai extremoso de duas meninas e não tivessem sido as enormes pressões vindas de uma imensa quantidade de pessoas e, provavelmente, a candidatura a Presidente não teria surgido tão cedo.
Mas Obama, que tinha estado sob escrutínio público durante parte do ano de 2006 recebeu, por parte da comunicação social, uma apreciação de brilhante que lhe foi atribuída de forma praticamente unânime não por um dia ou semana, o suficiente para deixar qualquer político feliz, mas durante meses e anos.
O seu espírito, inteligência e aprumo impressionavam os repórteres e até o Presidente Bush, num tradicional jantar anual em Gridiron que junta políticos e jornalistas, lhe pediu para ele dizer qualquer coisa mal porque “fazer uma piada com ele era o mesmo que fazer uma piada com o Papa”.
A colunista do New York Times Maureen Dowd, uma das colunistas liberais com maior aceitação no país e que esteve presente nesse jantar, sugeriu que Obama devia pensar na Casa Branca e que os democratas não deviam pôr de lado uma pessoa com o carisma dele devido à falta de experiência política.
Este carisma é, realmente, indiscutível. Há pessoas que lhe estendem os filhos para ele lhes tocar como se fosse um Papa, um outro seu apoiante afirma que ele é o primeiro líder político de uma geração que envolve o povo americano ao som do slogan “Obama para a América” enquanto que o de Hillary é “Clinton para a Presidência” e muitos vêm nele “o salvador da nação” porque há algo na sua pessoa que os leva a pensar que ele é capaz de mudar a política.
Mas, atenção, Obama não é um “candidato de plástico, jovem, simpático, bom ar, bom falador, muito teatro de convicções” como dizem os seus detractores, ele tem um livro, The Audacity of Hope, escrito em 2006 e já traduzido para português no qual, ao longo de 360 páginas, concentra todo um programa político e expõe os seus valores e a sua visão pessoal sobre a América.
Neste momento, parece já pouco provável que qualquer um dos dois candidatos consiga o número de delegados suficiente, 2025, para garantir a nomeação e, se assim for, competirá aos 796 super-delegados (governadores, congressistas, senadores, antigos responsáveis do partido) presentes na Convenção fazer a escolha final.
Até à data, destes super-delegados, 199 já se pronunciaram a favor de Obama e 238 por Hillary, os restantes preferem aguardar o fim das primárias, a 3 de Junho, quando houver uma tendência mais clara a favor de qualquer dos candidatos.
Esta nomeação está a apaixonar os europeus que só lamentam não poderem, também eles, expressar a sua escolha através do voto como se fossem americanos mas julgo haver uma diferença: os adeptos de Hillary alegram-se e descansam com as suas vitórias, enquanto que os de Obama rejubilam, que é muito mais do que ficar simplesmente contente ou descansado.
Não sou um homem de fé mas sou uma pessoa com esperança. Por esta razão nunca votaria em Obama ou em qualquer outro candidato por questões de fé mas não hesitaria em dar-lhe o meu voto porque, até à presente data, todas as indicações que ele tem transmitido ao eleitorado vão no sentido de ser o líder político que neste momento faz falta, não só aos EUA, mas a todo o mundo.
Uma mudança na política internacional e nas relações entre os países a ser possível, só poderá ser levada a cabo pelo contributo de uma pessoa verdadeiramente excepcional e absolutamente carismática.
Se, mais uma vez, os grandes interesses económicos no seio do grupo dos 796 super-delegados não se vierem a impor, é muito natural que o mundo tenha a oportunidade de viver, com Barack Obama, uma experiência política que lance alguma esperança no futuro próximo da humanidade.
A proposta de Hillary Clinton ao candidato Obama para que ele aceite apresentar-se como Vice-Presidente na sua lista de candidatura à Presidência dos EUA é reveladora de uma grande falta de humildade democrática, faire play e mostra, igualmente, sobranceria porque, diz Obama:
- Candidatei-me para Presidente e não me vão ver como candidato a Vice-Presidente;
- Vencemos o dobro dos Estados da senadora Clinton;
-Temos mais votos populares e mais delegados (1527 para 1428 de Hillary)
E remata dizendo o óbvio: não faz sentido que seja o candidato que vai em 2º lugar a convidar o que vai em 1º para ser seu Vice.
Claro que também podemos considerar este convite como uma estratégia para a vitória que passa por menosprezar o adversário dando a ideia para o eleitorado de que a verdadeira representante dos democratas é ela, tal como sempre esteve decidido desde o princípio e que agora, num gesto de boa vontade e reconhecimento pela simpatia que o seu colega de partido despertou nos eleitores, lhe oferece magnanimamente o lugar de Vice.
Estou convencido que esta eleição se transformou num grande pesadelo para a senhora Clinton que a considerava um simples passeio até à nomeação final quando tivesse que enfrentar o candidato republicano que, depois da triste experiência de George Bush, também não deixaria de ser um adversário relativamente fácil.
É que Obama surpreendeu tudo e todos e essa surpresa causa naturais desconfianças reforçadas pela circunstancia de que Hillary era já um nome familiar a todos os americanos que não puderam deixar de a admirar pelo seu comportamento enquanto primeira dama, esposa e mãe a propósito daquele caso sórdido entre o seu marido e Mónica Lewinsky, secretária oportunista que se aproveitou da proximidade física com o Presidente para o seduzir descaradamente com a sua juventude.
O comportamento de Hillary durante todo esse processo obsceno, só possível numa sociedade falsamente moralista, intrometida, e hipócrita, granjeou-lhe admiradores, especialmente entre o sexo feminino que, neste momento, não deixarão de apoiá-la comprovando-se, assim, que “o mundo dá muitas voltas” e hoje, 13 anos depois, Mónica revela-se grande aliada de Hillary que, ainda para mais, é a primeira mulher a poder ser Presidente dos EUA quando, há cem anos atrás, nem sequer tinha direito a voto.
Mas o que faz destas eleições um processo verdadeiramente apaixonante não é Hillary, candidata esperada, pré anunciada e propagandeada por todo o aparelho do Partido Democrata americano, mas sim Obama.
Filho de uma americana do Kansas e de um queniano, Obama tem estado debaixo de todas as atenções mediáticas. Conheceu a mulher, Michelle quando era advogado estagiário numa empresa e é um pai extremoso de duas meninas e não tivessem sido as enormes pressões vindas de uma imensa quantidade de pessoas e, provavelmente, a candidatura a Presidente não teria surgido tão cedo.
Mas Obama, que tinha estado sob escrutínio público durante parte do ano de 2006 recebeu, por parte da comunicação social, uma apreciação de brilhante que lhe foi atribuída de forma praticamente unânime não por um dia ou semana, o suficiente para deixar qualquer político feliz, mas durante meses e anos.
O seu espírito, inteligência e aprumo impressionavam os repórteres e até o Presidente Bush, num tradicional jantar anual em Gridiron que junta políticos e jornalistas, lhe pediu para ele dizer qualquer coisa mal porque “fazer uma piada com ele era o mesmo que fazer uma piada com o Papa”.
A colunista do New York Times Maureen Dowd, uma das colunistas liberais com maior aceitação no país e que esteve presente nesse jantar, sugeriu que Obama devia pensar na Casa Branca e que os democratas não deviam pôr de lado uma pessoa com o carisma dele devido à falta de experiência política.
Este carisma é, realmente, indiscutível. Há pessoas que lhe estendem os filhos para ele lhes tocar como se fosse um Papa, um outro seu apoiante afirma que ele é o primeiro líder político de uma geração que envolve o povo americano ao som do slogan “Obama para a América” enquanto que o de Hillary é “Clinton para a Presidência” e muitos vêm nele “o salvador da nação” porque há algo na sua pessoa que os leva a pensar que ele é capaz de mudar a política.
Mas, atenção, Obama não é um “candidato de plástico, jovem, simpático, bom ar, bom falador, muito teatro de convicções” como dizem os seus detractores, ele tem um livro, The Audacity of Hope, escrito em 2006 e já traduzido para português no qual, ao longo de 360 páginas, concentra todo um programa político e expõe os seus valores e a sua visão pessoal sobre a América.
Neste momento, parece já pouco provável que qualquer um dos dois candidatos consiga o número de delegados suficiente, 2025, para garantir a nomeação e, se assim for, competirá aos 796 super-delegados (governadores, congressistas, senadores, antigos responsáveis do partido) presentes na Convenção fazer a escolha final.
Até à data, destes super-delegados, 199 já se pronunciaram a favor de Obama e 238 por Hillary, os restantes preferem aguardar o fim das primárias, a 3 de Junho, quando houver uma tendência mais clara a favor de qualquer dos candidatos.
Esta nomeação está a apaixonar os europeus que só lamentam não poderem, também eles, expressar a sua escolha através do voto como se fossem americanos mas julgo haver uma diferença: os adeptos de Hillary alegram-se e descansam com as suas vitórias, enquanto que os de Obama rejubilam, que é muito mais do que ficar simplesmente contente ou descansado.
Não sou um homem de fé mas sou uma pessoa com esperança. Por esta razão nunca votaria em Obama ou em qualquer outro candidato por questões de fé mas não hesitaria em dar-lhe o meu voto porque, até à presente data, todas as indicações que ele tem transmitido ao eleitorado vão no sentido de ser o líder político que neste momento faz falta, não só aos EUA, mas a todo o mundo.
Uma mudança na política internacional e nas relações entre os países a ser possível, só poderá ser levada a cabo pelo contributo de uma pessoa verdadeiramente excepcional e absolutamente carismática.
Se, mais uma vez, os grandes interesses económicos no seio do grupo dos 796 super-delegados não se vierem a impor, é muito natural que o mundo tenha a oportunidade de viver, com Barack Obama, uma experiência política que lance alguma esperança no futuro próximo da humanidade.
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