A GASOLINA ESTÁ CARA?
Está cara e vai continuar cada vez mais cara sem que possamos fazer, aparentemente, seja o que for relativamente ao seu preço.
Trata-se de um produto procurado por todos os países do mundo e apenas produzido por alguns que neste momento, perante tão rápidas e vertiginosas subidas, se enchem de dinheiro desequilibrando completamente a repartição da riqueza ainda mais do que já estava.
Pudera, falar de petróleo é falar de energia e sem energia o mundo não anda.
Tivemos agora, na passada semana, uma pequena amostra do que isso significa.
Eu estava de férias no sul de Espanha e com um pouco de sorte lá consegui, procurando nesta e naquela estação de serviço, acabar por atestar o depósito de forma a poder regressar de férias no sábado.
Eu acho, que às vezes, é preciso passar por certas aflições para tomar consciência da importância e da responsabilidade que cada um de nós tem no alimentar de certas situações porque a tendência é refugiarmo-nos no anonimato da multidão dos consumidores de energia que somos todos nós, em todo o mundo e pensar:
“que adianta eu alterar seja o que for no meu comportamento se sou apenas um neste oceano imenso de consumidores?”
Neste fim-de-semana decidi elaborar raciocínios muito simples e actuar de acordo com eles independentemente daquilo que os outros fizessem.
Se a gasolina, pelo seu preço, se está a transformar num produto de luxo eu apenas tenho que levar até às últimas consequências, porque não poderei eliminar completamente, a diminuição do seu consumo.
Na prática, significa andar a pé nos pequenos percursos, utilizar o comboio como meio de transporte alternativo e quando tiver que andar mesmo de automóvel, conduzir de maneira diferente porque se o preço da gasolina é aquele que está fixado na bomba da Gasolineira, o pé que carrega no acelerador é meu e nele quem manda sou eu.
Contas feitas, numa viagem de 460 km, depósito atestado à saída de Fuengirola e à chegada a Badajoz, gastei, num motor de 1,8 c.c., 28,47 litros de gasolina o que dá uma média 6,18 aos 100km e se traduziu, relativamente aos 7,5 que em anteriores viagens costumava gastar, numa economia da ordem dos 20% que fez baixar o preço da gasolina de 1,22 euros para 98 cêntimos o litro.
Circulei a uma velocidade entre os 90 e os 110 K/H, tirando partido do relevo da estrada e de ter podido fazer este ano toda a viagem em Auto-Vias, que são auto estradas não pagas que tornam desnecessárias as ultrapassagens e as desmultiplicações de motor.
A diferença teve a ver com a velocidade a que costumava circular, entre os 130/150, para os 90/110 k/h nunca esquecendo que o acelerador é como uma torneira que quanto mais se carrega mais se abre.
E tudo isto é uma questão de hábitos…
Circulamos a 150 nas auto-estradas porque nos habituamos a circular a essa velocidade permitida com toda a facilidade pelos actuais automóveis sem quebras da segurança.
Da mesma maneira, podemos habituarmo-nos a circular 30 Km abaixo dessa velocidade porque o ganho de tempo à chegada é ridículo, a segurança aumenta e o diálogo com os companheiros de viagem é mais fácil.
E por que não andar mais vezes a pé, de todos os exercícios o mais acessível e benéfico?
E o comboio, quase caído em desuso, que nos liberta do perigo das estradas, e do problema dos estacionamentos?
De qualquer forma, vamos mesmo ser obrigados a mudar de hábitos e por isso talvez seja preferível partir para eles voluntariamente, por nossa iniciativa, como se fossemos nós a comandar o processo.
No fundo, os novos hábitos fazem melhor à saúde e à vida e quando, dentro de uns anos, esta guerra que agora foi despoletada entre automóveis e combustíveis estiver resolvida pelas alterações que nuns e noutros se irão registar, iremos “olhar” para eles de uma forma mais desprendida, menos dependente e mais saudável.
Como dizia o outro senhor, especialista em combustíveis, que há umas semanas atrás interveio no programa dos Prós e Contras: são só precisos quatro anos, até ao próximo Campeonato Europeu, passam num instante…
A partir daí estarão disponíveis no mercado produtos de origem renovável que, incorporados, na gasolina farão baixar os preços e se não vier a ser este o processo, a inteligência dos cientistas e dos técnicos e o sentido de oportunidade dos homens de negócios, logo arranjarão outra maneira de podermos voltar a olhar para o automóvel como o meio de transporte que trouxe à minha geração o sonho, o romantismo e a liberdade e marcou positivamente uma época que, talvez por ter sido a minha, a mais linda de todas elas.
O automóvel não pode continuar por muito mais tempo a constituir para o seu possuidor um peso na consciência, um contributo para o aumento do buraco do ozono, do aquecimento global, do congestionamento do tráfego urbano, da crise do petróleo e um factor de destabilização do mundo.
Como brinquedo, na versão miniatura e ainda na década de 50, ele fez as minhas delícias e das crianças da minha geração, anos mais tarde constituíram paradigma de sucesso, objectos de troféu, enormes, lindos, cintilantes nas suas cores e aplicações cromadas com os acentos revestidos de cabedal.
Eles eram a concretização, na Europa, do “América Dream”, o reencontro com uma felicidade merecida depois dos anos da guerra.
Por favor, libertem novamente o automóvel, ainda que com versões novas e modificadas, andando a pilhas, à electricidade, com a energia do sol, do vento, do hidrogénio…sei lá, mas sem problemas de consciência e dores de cabeça para o seu utilizador.
O automóvel deve voltar a ser um objecto que se ame e não que se odeie e isso só é possível com uma grande ajuda dos governos com políticas de transporte que, em definitivo, percebam que não podem permitir que os automóveis se destruam a eles próprios pela acumulação interminável de carros e mais carros entupindo as cidades, preenchendo tudo quanto é espaço nos centros urbanos, no solo e no sub-solo.
Compete aos governos garantir aos cidadãos a liberdade de circularem e viverem nas suas cidades e no entanto assistimos, em muitas delas, a cenas patéticas de milhares e milhares de pessoas metidas todos os dias dentro de milhares de automóveis, horas e horas num desperdício de tempo, dinheiro e da própria vida.
Este cruzar de braços por parte dos governos, esta complacência perante o agravar de uma situação pode ser melhor entendida se pensarmos que os combustíveis são a fonte de receita por excelência dos Estados.
Por exemplo, na gasolina de 95 octanas o Estado cobra 42% de impostos acrescidos de mais 17% de IVA ou seja, de 1,51 Euros/litro, quase 89 cêntimos constituem receita dos Estados e esta relação de cumplicidade de interesses também tem contribuído para o arrastar desta situação porque os governos não têm condições para prescindirem de tão avultadas importâncias na estrutura dos seus Orçamentos.
E agora o problema vai ser resolvido tumultuosamente pela subida vertiginosa do preço do petróleo numa situação absurda de que quando ninguém acautela a solução de um problema é ele que se resolve por si próprio e a solução pode vir de onde menos se espera.
Sinceramente, tenho dúvidas de que tudo seja mau nesta subida descontrolada do preço dos combustíveis mas, infelizmente, dos traumas da solução ninguém nos vai livrar.
Está cara e vai continuar cada vez mais cara sem que possamos fazer, aparentemente, seja o que for relativamente ao seu preço.
Trata-se de um produto procurado por todos os países do mundo e apenas produzido por alguns que neste momento, perante tão rápidas e vertiginosas subidas, se enchem de dinheiro desequilibrando completamente a repartição da riqueza ainda mais do que já estava.
Pudera, falar de petróleo é falar de energia e sem energia o mundo não anda.
Tivemos agora, na passada semana, uma pequena amostra do que isso significa.
Eu estava de férias no sul de Espanha e com um pouco de sorte lá consegui, procurando nesta e naquela estação de serviço, acabar por atestar o depósito de forma a poder regressar de férias no sábado.
Eu acho, que às vezes, é preciso passar por certas aflições para tomar consciência da importância e da responsabilidade que cada um de nós tem no alimentar de certas situações porque a tendência é refugiarmo-nos no anonimato da multidão dos consumidores de energia que somos todos nós, em todo o mundo e pensar:
“que adianta eu alterar seja o que for no meu comportamento se sou apenas um neste oceano imenso de consumidores?”
Neste fim-de-semana decidi elaborar raciocínios muito simples e actuar de acordo com eles independentemente daquilo que os outros fizessem.
Se a gasolina, pelo seu preço, se está a transformar num produto de luxo eu apenas tenho que levar até às últimas consequências, porque não poderei eliminar completamente, a diminuição do seu consumo.
Na prática, significa andar a pé nos pequenos percursos, utilizar o comboio como meio de transporte alternativo e quando tiver que andar mesmo de automóvel, conduzir de maneira diferente porque se o preço da gasolina é aquele que está fixado na bomba da Gasolineira, o pé que carrega no acelerador é meu e nele quem manda sou eu.
Contas feitas, numa viagem de 460 km, depósito atestado à saída de Fuengirola e à chegada a Badajoz, gastei, num motor de 1,8 c.c., 28,47 litros de gasolina o que dá uma média 6,18 aos 100km e se traduziu, relativamente aos 7,5 que em anteriores viagens costumava gastar, numa economia da ordem dos 20% que fez baixar o preço da gasolina de 1,22 euros para 98 cêntimos o litro.
Circulei a uma velocidade entre os 90 e os 110 K/H, tirando partido do relevo da estrada e de ter podido fazer este ano toda a viagem em Auto-Vias, que são auto estradas não pagas que tornam desnecessárias as ultrapassagens e as desmultiplicações de motor.
A diferença teve a ver com a velocidade a que costumava circular, entre os 130/150, para os 90/110 k/h nunca esquecendo que o acelerador é como uma torneira que quanto mais se carrega mais se abre.
E tudo isto é uma questão de hábitos…
Circulamos a 150 nas auto-estradas porque nos habituamos a circular a essa velocidade permitida com toda a facilidade pelos actuais automóveis sem quebras da segurança.
Da mesma maneira, podemos habituarmo-nos a circular 30 Km abaixo dessa velocidade porque o ganho de tempo à chegada é ridículo, a segurança aumenta e o diálogo com os companheiros de viagem é mais fácil.
E por que não andar mais vezes a pé, de todos os exercícios o mais acessível e benéfico?
E o comboio, quase caído em desuso, que nos liberta do perigo das estradas, e do problema dos estacionamentos?
De qualquer forma, vamos mesmo ser obrigados a mudar de hábitos e por isso talvez seja preferível partir para eles voluntariamente, por nossa iniciativa, como se fossemos nós a comandar o processo.
No fundo, os novos hábitos fazem melhor à saúde e à vida e quando, dentro de uns anos, esta guerra que agora foi despoletada entre automóveis e combustíveis estiver resolvida pelas alterações que nuns e noutros se irão registar, iremos “olhar” para eles de uma forma mais desprendida, menos dependente e mais saudável.
Como dizia o outro senhor, especialista em combustíveis, que há umas semanas atrás interveio no programa dos Prós e Contras: são só precisos quatro anos, até ao próximo Campeonato Europeu, passam num instante…
A partir daí estarão disponíveis no mercado produtos de origem renovável que, incorporados, na gasolina farão baixar os preços e se não vier a ser este o processo, a inteligência dos cientistas e dos técnicos e o sentido de oportunidade dos homens de negócios, logo arranjarão outra maneira de podermos voltar a olhar para o automóvel como o meio de transporte que trouxe à minha geração o sonho, o romantismo e a liberdade e marcou positivamente uma época que, talvez por ter sido a minha, a mais linda de todas elas.
O automóvel não pode continuar por muito mais tempo a constituir para o seu possuidor um peso na consciência, um contributo para o aumento do buraco do ozono, do aquecimento global, do congestionamento do tráfego urbano, da crise do petróleo e um factor de destabilização do mundo.
Como brinquedo, na versão miniatura e ainda na década de 50, ele fez as minhas delícias e das crianças da minha geração, anos mais tarde constituíram paradigma de sucesso, objectos de troféu, enormes, lindos, cintilantes nas suas cores e aplicações cromadas com os acentos revestidos de cabedal.
Eles eram a concretização, na Europa, do “América Dream”, o reencontro com uma felicidade merecida depois dos anos da guerra.
Por favor, libertem novamente o automóvel, ainda que com versões novas e modificadas, andando a pilhas, à electricidade, com a energia do sol, do vento, do hidrogénio…sei lá, mas sem problemas de consciência e dores de cabeça para o seu utilizador.
O automóvel deve voltar a ser um objecto que se ame e não que se odeie e isso só é possível com uma grande ajuda dos governos com políticas de transporte que, em definitivo, percebam que não podem permitir que os automóveis se destruam a eles próprios pela acumulação interminável de carros e mais carros entupindo as cidades, preenchendo tudo quanto é espaço nos centros urbanos, no solo e no sub-solo.
Compete aos governos garantir aos cidadãos a liberdade de circularem e viverem nas suas cidades e no entanto assistimos, em muitas delas, a cenas patéticas de milhares e milhares de pessoas metidas todos os dias dentro de milhares de automóveis, horas e horas num desperdício de tempo, dinheiro e da própria vida.
Este cruzar de braços por parte dos governos, esta complacência perante o agravar de uma situação pode ser melhor entendida se pensarmos que os combustíveis são a fonte de receita por excelência dos Estados.
Por exemplo, na gasolina de 95 octanas o Estado cobra 42% de impostos acrescidos de mais 17% de IVA ou seja, de 1,51 Euros/litro, quase 89 cêntimos constituem receita dos Estados e esta relação de cumplicidade de interesses também tem contribuído para o arrastar desta situação porque os governos não têm condições para prescindirem de tão avultadas importâncias na estrutura dos seus Orçamentos.
E agora o problema vai ser resolvido tumultuosamente pela subida vertiginosa do preço do petróleo numa situação absurda de que quando ninguém acautela a solução de um problema é ele que se resolve por si próprio e a solução pode vir de onde menos se espera.
Sinceramente, tenho dúvidas de que tudo seja mau nesta subida descontrolada do preço dos combustíveis mas, infelizmente, dos traumas da solução ninguém nos vai livrar.
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