segunda-feira, dezembro 15, 2008


Biodiversidade




Ao lado, a figura de um simpático, inofensivo e indefeso Dodó que vivia nas Ilhas Maurício, extinto desde o século XVII, morto à paulada pelos marinheiros, ao que parece portugueses, que desembarcaram na ilha para a colonizarem.

Sem inimigos naturais não desenvolveu mecanismos de defesa e não receava o homem que se encarregou de o exterminar com a colaboração dos porcos, ratos e macacos que os acompanharam no desembarque e lhes destruíram os ninhos.

O último dodó foi morto em 1681 e o pouco interessante disto é que, com o dodó, quase teria ido também para a extinção uma árvore que devia a sua existência exactamente ao aparelho digestivo daquelas aves, dado que as suas sementes só ficavam activas para germinarem depois de expelidas pelos dodós.

Apenas restavam 3 dessas árvores e todas elas com mais de trezentos anos ou seja, anteriores ao desaparecimento dos dodós.

Felizmente, os cientistas descobriram que os aparelhos digestivos dos perus provocavam idênticas consequências às sementes e por isso foi possível salvar as árvores que, por esta razão, passaram a chamar-se “Árvores Dodó”.
A manter-se o ritmo actual de perda de biodiversidade, mais de metade das espécies da fauna e da flora conhecidas, extinguir-se-ão nos próximos 100 anos.

Ao longo da história da Terra, de acordo com o biólogo espanhol Miguel Delibes de Castro, registaram-se mais de 20 extinções, 6 das quais em larga escala e a actual, provocada pelo homem, tem uma taxa típica de extinção em massa mil vezes mais rápida do que as extinções ditas de fundo, processadas em centenas de milhar ou de milhões de anos.

Há 65 milhões de anos a queda de um asteróide provocou a extinção dos Dinossáurios. Hoje, o asteróide, é a nossa espécie, afirmou o biólogo.

O aumento da esperança de vida poderá explicar, em parte, por que razão chegámos a este ponto: “Há 30.000 anos as expectativas de sobrevivência de um caçador-recolector eram idênticas às de qualquer espécie de ave e constante ao longo da vida, excepção feita aos primeiros meses em que eram mais baixas”, recorda Robert May, professor de Zoologia na Universidade de Oxford.

“Nos anos 50 do século passado, a esperança média de vida era de 46 anos; actualmente ronda os 65”.

O biólogo Edward O.Wilson o “pai” do termo biodiversidade sublinha que a vida na Terra necessita de uma atenção muito maior: “conhecê-la em toda a sua extensão e geri-la de forma sustentável deveria merecer a atenção e recursos idênticos aos que foram conferidos ao Projecto Genoma Humano (PGH). Afinal, estamos a falar da Enciclopédia da Vida.”

Harold Monney da Universidade de Stanford, coordena uma rede de profissionais da área que estão a desenvolver esforços no sentido de ver esta questão abordada sob a égide das Nações Unidas “à semelhança do que aconteceu no campo das alterações climáticas”.

A aplicação de 1% do PIB global em projectos de conservação bastaria para inverter a tendência de perda acelerada de biodiversidade, o cálculo é de Robert May.

Uma mudança de paradigma, por via da adopção de práticas agrícolas verdadeiramente amigas do ambiente “teria um custo da ordem dos 240.000 milhões de euros que é um valor difícil de defender para a classe política mas que é um custo mínimo quando comparado com os danos que a acção humana tem causado às outras espécies”.

“Limpar a água, descontaminar o ar ou converter dióxido de carbono em oxigénio são alguns dos serviços “sem preço, essenciais ao equilíbrio do planeta, que a biodiversidade realiza” lembra Robert May.

Em pouco tempo, porém, esse equilíbrio foi fragilizado.

“Nos últimos 50 anos, desbaratámos qualquer coisa como 60% desses serviços que provêm da Natureza”.

“O homem do séc.XXI está a utilizar 120% dos serviços que os ecosistemas de todo o mundo são capazes de oferecer. A manter-se este ritmo, não restam dúvidas que levaremos o planeta ao colapso”, quem o afirma é Harold Mooney.

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