Eugénio de Andrade
DEVIAS ESTAR AQUI
Devias estar aqui rente aos meus lábios
Para dividir contigo esta amargura
Dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa do teu rosto,
Só no teu rosto e em mais nenhum…
O AMOR
Estou a amar-te como o frio
Corta os lábios.
A arrancar a raiz
Ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
De saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
A boca mais vulnerável.
A marcar sobre os teus flancos
Itinerários de espuma
Assim é o amor: mortal e navegável
URGÊNCIA
É urgente o amor.
É urgente um barco no amor.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas,
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor,
É urgente
Permanecer.
DEVIAS ESTAR AQUI
Devias estar aqui rente aos meus lábios
Para dividir contigo esta amargura
Dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa do teu rosto,
Só no teu rosto e em mais nenhum…
O AMOR
Estou a amar-te como o frio
Corta os lábios.
A arrancar a raiz
Ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
De saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
A boca mais vulnerável.
A marcar sobre os teus flancos
Itinerários de espuma
Assim é o amor: mortal e navegável
URGÊNCIA
É urgente o amor.
É urgente um barco no amor.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas,
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor,
É urgente
Permanecer.
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