Tieta do Agreste
EPISÓDIO Nº 61
- Teiú? Que bicho é esse? Uma ave?
- Um lagarto.
- E se come?
- Delícia. Mais gostoso do que capão. Daqui a pouco você vai ver.
Dona Milú chega da cozinha, onde comanda:
- A carne-de-sol está quase pronta, o pirão de leite também. A frigideira de maturi já está dourando no forno.
Leonora recorda-se de outra conversa e cobra:
- Por falar em comida, Mãezinha, como se chama aquele doce de banana de casa de dona Aída, você ficou de me dizer…
Risos gaiatos, Ascânio encabulado, Perpétua fecha a cara, quem explica é dona Milú, a idade lhe concede privilégios:
- Doce de puta, minha filha. Dizem que tem doce desse em tudo que é casa de rapariga.
Não é Osnar?
- A senhora pergunta logo a mim, Marechala? Eu que não sou chegado a doces e não frequento essas casas… pergunte ao Tenente Seixas que é freguês… - além de debochado, cínico.
Jantar de muitos convidados: afora as homenageadas, Perpétua, Elisa e Astério, Barbosinha, Ascânio, a malta do bilhar. O Comandante e dona Laura estão em Mangue Seco.
Sucedem-se os pratos, a frigideira de maturi levanta exclamações entusiásticas, Barbozinha proclama-a digna de um poema, pelo menos de um brinde, corre a cerveja, a conversa entremeada de pilhérias, de risos e de algumas piadas de mau gosto. Devidas a Osnar e a Aminthas, a propósito da lírica melancolia em que se consomem Leonora e Ascânio: ela sonhadora, ele ansioso.
Retiraram-se para a varanda, querem estar a sós. Dona Carmosina, enternecida, adora alcovitar um namoro, torcendo pelo sucesso, pelo casamento – festa rara em Agreste. Tão bom se tudo desse certo, ele recuperando do golpe vibrado por Astrud, a traiçoeira víbora, recuperando-se ela do fracasso do noivado com o ignóbil caça-dotes. Céu azul, sem nuvens.
- Não fiquem aí a fofocar, seus cretinos. Não acham um quadro lindo? Ela é tão mimosa! – dona Carmosina aponta o casal isolado, mastigando teiú e maturi entre suspiros – Ascânio tirou o prémio grande na lotaria do amor.
- Lotaria do amor, vulgarmente conhecida como golpe do baú – goza Osnar – em troca perdemos nosso futuro prefeito.
- Não vejo porquê.
- Coronela, por amor de Deus… Onde está o tutu? Em São Paulo.
- Leonora já disse que gosta daqui.
- Diz isso agora, na influência do rabicho. Depois passa. Aminthas é céptico como compete a um humorista. – Namoro sem futuro, Carmosina. Não vai adiante.
- Sem falar que a Generala não vai deixar a enteada ficar aqui, mesmo que ela peça. Se Ascânio quiser tem de ir para São Paulo – retorna Osnar. – E quem vai ser prefeito, me diga? Só se for você, Coronela. Tem meu voto.
- Teiú? Que bicho é esse? Uma ave?
- Um lagarto.
- E se come?
- Delícia. Mais gostoso do que capão. Daqui a pouco você vai ver.
Dona Milú chega da cozinha, onde comanda:
- A carne-de-sol está quase pronta, o pirão de leite também. A frigideira de maturi já está dourando no forno.
Leonora recorda-se de outra conversa e cobra:
- Por falar em comida, Mãezinha, como se chama aquele doce de banana de casa de dona Aída, você ficou de me dizer…
Risos gaiatos, Ascânio encabulado, Perpétua fecha a cara, quem explica é dona Milú, a idade lhe concede privilégios:
- Doce de puta, minha filha. Dizem que tem doce desse em tudo que é casa de rapariga.
Não é Osnar?
- A senhora pergunta logo a mim, Marechala? Eu que não sou chegado a doces e não frequento essas casas… pergunte ao Tenente Seixas que é freguês… - além de debochado, cínico.
Jantar de muitos convidados: afora as homenageadas, Perpétua, Elisa e Astério, Barbosinha, Ascânio, a malta do bilhar. O Comandante e dona Laura estão em Mangue Seco.
Sucedem-se os pratos, a frigideira de maturi levanta exclamações entusiásticas, Barbozinha proclama-a digna de um poema, pelo menos de um brinde, corre a cerveja, a conversa entremeada de pilhérias, de risos e de algumas piadas de mau gosto. Devidas a Osnar e a Aminthas, a propósito da lírica melancolia em que se consomem Leonora e Ascânio: ela sonhadora, ele ansioso.
Retiraram-se para a varanda, querem estar a sós. Dona Carmosina, enternecida, adora alcovitar um namoro, torcendo pelo sucesso, pelo casamento – festa rara em Agreste. Tão bom se tudo desse certo, ele recuperando do golpe vibrado por Astrud, a traiçoeira víbora, recuperando-se ela do fracasso do noivado com o ignóbil caça-dotes. Céu azul, sem nuvens.
- Não fiquem aí a fofocar, seus cretinos. Não acham um quadro lindo? Ela é tão mimosa! – dona Carmosina aponta o casal isolado, mastigando teiú e maturi entre suspiros – Ascânio tirou o prémio grande na lotaria do amor.
- Lotaria do amor, vulgarmente conhecida como golpe do baú – goza Osnar – em troca perdemos nosso futuro prefeito.
- Não vejo porquê.
- Coronela, por amor de Deus… Onde está o tutu? Em São Paulo.
- Leonora já disse que gosta daqui.
- Diz isso agora, na influência do rabicho. Depois passa. Aminthas é céptico como compete a um humorista. – Namoro sem futuro, Carmosina. Não vai adiante.
- Sem falar que a Generala não vai deixar a enteada ficar aqui, mesmo que ela peça. Se Ascânio quiser tem de ir para São Paulo – retorna Osnar. – E quem vai ser prefeito, me diga? Só se for você, Coronela. Tem meu voto.
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