quarta-feira, março 25, 2009

O Papa Ratzinger e o Proselitismo


O porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, disse que a morte por esmagamento dos dois jovens angolanos no Estádio dos Coqueiros, em Luanda, causou "dor e desconcerto" ao Papa Bento XVI e à Comitiva Papal.

"Não é legítimo pôr em causa o sofrimento do Papa sensibilizado pela legião de fãs. Certamente que a forma exótica como se veste, os adereços que usa e a coreografia da missa, destinada a centenas de milhares de curiosos, o convertem numa estrela Pop capaz de provocar a histeria colectiva que produziu os acidentes. Ainda assim, foram em menor número dos que frequentemente são atropelados a caminho de Fátima nos dias das peregrinações.

Uma só morte, em particular de um jovem, é motivo de compungimento mas não podemos exagerar na tristeza. No dia que, em Luanda, morreram dois jovens que desejavam assistir à missa do Papa, faleceram em África centenas de jovens vítimas da fome, da sida e do paludismo, sem missa, incenso ou água benta.

O Papa, depois de solicitar aos africanos para que deixassem a bruxaria e se tornassem católicos, transformou, à sua frente, no Estádio dos Coqueiros, água de Luanda em benta e rodelas de pão ázimo em corpo e sangue de um deus que foi homem há dois mil anos e era filho biológico de uma pomba e de uma mulher virgem.

Só um crente é capaz de ter suficiente subtileza para apreciar as diferenças. "



Este Comunicado é um bom exemplo das contradições existentes da doutrina da Igreja e os interesses dos povos com velado desprezo pela vida humana quando se proibe o uso do preservativo que tantas mortes pode evitar.

O Papa apela às populações para que deixem a bruxaria mas depois o seu porta-voz chama a atenção para os "actos de bruxaria" quando o Papa transforma água de Luanda em água Benta e rodelas de pão em corpo e sangue de um deus que foi homem há 2 mil anos o qual, ainda por cima, era filho biológico de um pomba e de uma mulher virgem...

As subtilezas que os crentes têm que possuir "para poderem apreciar as diferenças", ou melhor dizendo, aceitar estes apelos, não são de natureza muito diferente das que são necessárias aos seguidores dos bruxos...

No plano puro da crença não há como distingui-las: o fundamento de umas é o mesmo de todas as restantes: a necessidade ancestral do homem em acreditar só ultrapassável pelo apelo à razão e ao saber científico.

Lutero sabia bem isso quando afirmava: "Quem quiser ser cristão deve arrancar os olhos à sua própria razão".

Tentar conciliar a crença e a razão é missão impossível e as declarações do Papa nos Camarões, à sua chegada a África, não têm nada de surprendentes: o Papa está ao serviço da crença, da sua crença, não da razão.

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