terça-feira, agosto 25, 2009


DANÇAR COM
FANTASMAS








Imaginem um sonho irreal: começa numa enorme sala de baile cheia de dançarinos elegantemente vestidos. De súbito, um membro de cada par desaparece, mas os seus companheiros continuam a dançar como se nada se tivesse modificado. Os seus braços continuam estendidos e eles continuam a descrever círculos como se estivessem a dançar com fantasmas.

Depois, surge um poço sem fundo no meio da pista de dança e ficamos a ver, fascinados, os dançarinos solitários aproximarem-se da beira do poço, como actores da beira de um palco.

Infelizmente, os dançarinos mostram-se tão inconscientes do abismo do poço como da ausência dos seus pares… e nada podemos fazer quando eles mergulham um a um e desaparecem.

Este sonho, descreve de forma alegórica mas precisa, o que pode acontecer às espécies quando deparam com um novo meio ambiente.

Vejam o que acontece com as pequenas tartarugas marinhas que nascem nas praias e se dirigem directamente para o mar.

Desde tempos imemoriais, por uma questão de sobrevivência, evoluíram de modo a saírem dos ninhos de noite e a orientarem-se pelo reflexo da luz do luar na água para encontrarem o caminho da segurança no oceano.

Agora, as luzes das casas, brilham ainda mais que a luz do luar na superfície da água e as pobres tartaruguinhas tomam a direcção errada, rumo à morte, exactamente como os dançarinos que caíam ao poço no salão de baile do nosso sonho.

Há muitos outros exemplos que se podiam encaixar nesta “dança com fantasmas” provocados por alterações ambientais da responsabilidade dos homens.

Se mudarmos o meio ambiente nada se modifica na mente das espécies que são alvo dessas mudanças que os leve a alterar os seus comportamentos de há muito programados.

As estratégias que se revelaram bem sucedidas tornam-se, de um momento para o outro, simplesmente mal sucedidas.

As forças da selecção natural necessitam de tempo para que ocorram novas formas adaptativas. Os organismos têm de residir no meio ambiente durante um número suficiente de gerações para a relação organismo-ambiente se consolidar.

Quando as alterações do ambiente são rápidas e extensas as espécies não têm possibilidade de se readaptarem e a espécie extingue-se.

Regressando ao nosso baile surreal, todos aqueles dançarinos desaparecerão para sempre no abismo do poço que se abriu na pista de dança…

Lembremo-nos da “Dança com Fantasmas” quando agredimos e alteramos a natureza.


“Evolução para Todos” de David Sloan Wilson

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