TIETA DO AGRESTE
EPISÓDIO Nº 214
EPISÓDIO Nº 214
Quanto ao doutor Gustavo Galvão, procedente de Esplanada, jovem e incrementado, camisa esporte, largas costeletas, com pouco tempo de formado, desembarcou em companhia de Canuto Tavares e a seu serviço pois o competente mecânico e relapso telegrafista também descende de Manuel Bezerra Antunes, para surpresa geral. Nem doutor Franklin que sindicara em torno à família daquele famigerado Antunes da escritura, deparara com Canuto Tavares. Não obstante, descendente e dos bons, em linha directa e duplamente, pois era rebento da união de Pedro Miranda (Antunes) Soares com Deodora Antunes do Prado, primos entre si, ele falecido, ela ainda viva, residente com o filho. Existia um irmão, gerente de uma sapataria na capital.
E o esquivo Fidélio, Antunes, ele também, com indiscutíveis direitos, segundo o doutor Franklin, onde anda seu advogado? No incidente com Seixas, falara a verdade ao dizer que não tinha advogado. Quanto a conselheiro, não o precisava pois já o possuía e excelente. Talvez devido à identidade de gosto musical e à admiração que Fidélio votava à inteligência sarcástica de Aminthas, este era o seu predilecto na roda dos cinco amigos íntimos, diariamente juntos, havia muitos anos, no bar para os tacos, a cerveja, o trago de cachaça, o riso inconsequente; na pensão de Zuleika para as noitadas com vitrola, dança e mulheres. Deste último e frequente pouso desertara Astério após o casamento; muito de raro em raro, numa tarde de domingo, quando o vício aperta, surge por lá, às escondidas, em busca de rabo em condições, traindo a esposa. Traição, realmente? Mesmo contra sua vontade e seus princípios, é na bunda de Elisa que ele pensa quando, no bordel, se esvai no rabo da rapariga.
Os Mosqueteiros de Agreste, apelidara-os dona Carmosina, leitora de Alexandre Dumas na distante juventude; seu primo Aminthas era Aramis, cínico e céptico. Mas Fidélio sabe que, por detrás do humor sarcástico, da permanente dúvida, encontrará o amigo leal e de bom conselho. Assim, foi a ele que se dirigiu quando o problema colocado pelo sobrenome Antunes o agoniou fazendo-o perder o sono e um encontro com Ritinha. Com Ritinha o prazer é duplo pois ela é roliça e esperta e ao passá-la nos peitos Fidélio corneia ao mesmo tempo dois bestalhões: Chico Sobrinho e Lindolfo; um metido a nobre, o outro a galã.
A confusão começou exactamente quando Seixas, funcionário da Coletoria, veio procurá-lo de parte de seu chefe, Edmundo Ribeiro, com uma proposta. Sabendo-o pobre, de minguado salário – não fosse ter quarto e comida de graça em casa da tia, o ordenado não chegaria para as apostas no bilhar e as farras na pensão de Zuleika – incapaz, portanto de enfrentar questão na justiça, o Colector candidatava-se a adquirir os seus direitos de posse, sua parte na herança do coqueiral. Em se confirmando o interesse da Brastânio pela área, é claro.
Desejoso de agradar o chefe benevolente e camarada que lhe permitia horário folgado na repartição, Seixas aconselhara o amigo a aceitar a oferta, insistira, não entendendo o porquê da resposta negativa. Ao saber, depois, da existência de novos interessados, Modesto Pires, doutor Caio Vilasboas, o primeiro propondo sociedade, o segundo compra imediata, preço baixo, dinheiro batido, uma coisa compensando a outra, Seixas atribui o aparente desinteresse de Fidélio – não quero saber dessa história de herança – a hábil jogada para levar os concorrentes a uma disputa capaz de elevar as propostas, deixando-o em posição de escolher depois a mais favorável.
Magoou-se Seixas: não negava ao amigo o direito de defender seus interesses aproveitando-se das leis da oferta e da procura. Mas porque esconder o leite, não lhe dizer a verdade? Se o tivesse feito, Seixas não apareceria junto de seu Edmundo Ribeiro com uma seca negativa e sim com a possibilidade de prosseguimento das negociações em novas bases. Como se vê, a provocação feita no bar não acontecera por acaso. Mesmo entre os Mosqueteiros de Agreste, infiltravam-se os gases da Brastânio, afretando relações de amizade nascidas na infância, solidificadas no passar do tempo.
E o esquivo Fidélio, Antunes, ele também, com indiscutíveis direitos, segundo o doutor Franklin, onde anda seu advogado? No incidente com Seixas, falara a verdade ao dizer que não tinha advogado. Quanto a conselheiro, não o precisava pois já o possuía e excelente. Talvez devido à identidade de gosto musical e à admiração que Fidélio votava à inteligência sarcástica de Aminthas, este era o seu predilecto na roda dos cinco amigos íntimos, diariamente juntos, havia muitos anos, no bar para os tacos, a cerveja, o trago de cachaça, o riso inconsequente; na pensão de Zuleika para as noitadas com vitrola, dança e mulheres. Deste último e frequente pouso desertara Astério após o casamento; muito de raro em raro, numa tarde de domingo, quando o vício aperta, surge por lá, às escondidas, em busca de rabo em condições, traindo a esposa. Traição, realmente? Mesmo contra sua vontade e seus princípios, é na bunda de Elisa que ele pensa quando, no bordel, se esvai no rabo da rapariga.
Os Mosqueteiros de Agreste, apelidara-os dona Carmosina, leitora de Alexandre Dumas na distante juventude; seu primo Aminthas era Aramis, cínico e céptico. Mas Fidélio sabe que, por detrás do humor sarcástico, da permanente dúvida, encontrará o amigo leal e de bom conselho. Assim, foi a ele que se dirigiu quando o problema colocado pelo sobrenome Antunes o agoniou fazendo-o perder o sono e um encontro com Ritinha. Com Ritinha o prazer é duplo pois ela é roliça e esperta e ao passá-la nos peitos Fidélio corneia ao mesmo tempo dois bestalhões: Chico Sobrinho e Lindolfo; um metido a nobre, o outro a galã.
A confusão começou exactamente quando Seixas, funcionário da Coletoria, veio procurá-lo de parte de seu chefe, Edmundo Ribeiro, com uma proposta. Sabendo-o pobre, de minguado salário – não fosse ter quarto e comida de graça em casa da tia, o ordenado não chegaria para as apostas no bilhar e as farras na pensão de Zuleika – incapaz, portanto de enfrentar questão na justiça, o Colector candidatava-se a adquirir os seus direitos de posse, sua parte na herança do coqueiral. Em se confirmando o interesse da Brastânio pela área, é claro.
Desejoso de agradar o chefe benevolente e camarada que lhe permitia horário folgado na repartição, Seixas aconselhara o amigo a aceitar a oferta, insistira, não entendendo o porquê da resposta negativa. Ao saber, depois, da existência de novos interessados, Modesto Pires, doutor Caio Vilasboas, o primeiro propondo sociedade, o segundo compra imediata, preço baixo, dinheiro batido, uma coisa compensando a outra, Seixas atribui o aparente desinteresse de Fidélio – não quero saber dessa história de herança – a hábil jogada para levar os concorrentes a uma disputa capaz de elevar as propostas, deixando-o em posição de escolher depois a mais favorável.
Magoou-se Seixas: não negava ao amigo o direito de defender seus interesses aproveitando-se das leis da oferta e da procura. Mas porque esconder o leite, não lhe dizer a verdade? Se o tivesse feito, Seixas não apareceria junto de seu Edmundo Ribeiro com uma seca negativa e sim com a possibilidade de prosseguimento das negociações em novas bases. Como se vê, a provocação feita no bar não acontecera por acaso. Mesmo entre os Mosqueteiros de Agreste, infiltravam-se os gases da Brastânio, afretando relações de amizade nascidas na infância, solidificadas no passar do tempo.
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