TIETA DO
AGRESTE
AGRESTE
EPISÓDIO Nº 273
DO BRINDE COM LICOR DE VIOLETAS
O que aumenta a depressão de dona Carmosina é o facto de todos pensarem nela quando tentam identificar o anónimo e informado correspondente, Aminthas vem lhe dar os parabéns:
- Prima, você é a maior. Como descobriu a trama?
Não descobrira nada, não lhe cabe mérito na denúncia, nem sequer soubera da passagem do professor Colombo pela cidade, está completamente por fora da jogada, acabrunhada. Além do abalo criado pela notícia – lá se foi por água abaixo o trunfo conquistado com o nobre gesto de Fidélio – viu-se posta à margem dos acontecimentos. Antes não se movia uma palha em Agreste sem seu conhecimento. Agora, era tomada de surpresa, um absurdo. Os olhos miúdos de dona Carolina fazem-se opacos.:
- Soube pelo jornal, como você. E dizer que ri na cara de Ascânio…Agora não tem mesmo jeito. Estou desmoralizada.
Murcho, arrasado, junta-se a eles o Comandante, larga em cima do balcão as folhas de papel com as assinaturas no memorial de protesto. Quem tem razão é Tieta: memorial e nada, a mesma coisa. O Comandante chega do cartório onde conversou com doutor Franklin e obteve a confirmação da notícia. Mesmo agindo em representação de herdeiro presuntivo, nada poderá fazer para impedir o acto de desapropriação por motivo de utilidade pública. Qualquer acção na justiça terá de ser posterior, de que adianta? Questão liquidada, a do coqueiral. Um clima de desolação se estende sobre a agência dos Correios. Apenas Aminthas não se deixa abater e, com seu jeito gozador, tenta levantar o ânimo dos amigos:
- O navio ainda não naufragou, Comandante! Cadê sua fibra, Carmô? Nunca vi ninguém entregar os pontos tão depressa. Apesar de que eu continuo a pensar que essa tal fábrica não se vai instalar aqui…
- Não vai? Trazem a Agreste um advogado da envergadura de Hélio Colombo, levam Ascânio à capital…
- …Pleibói matuto… - diverte-se Aminthas.
- … acertam os pauzinhos com ele, marcam a eleição e você ainda duvida da intenção deles?
- Concedo que existem razões para acreditar. De qualquer maneira, temos de agir como se fosse certo…
Muda repentinamente de assunto à aproximação de bisbilhoteiros vindos do bar e do comércio, interessados na conversa: Agreste anda de orelha em pé e a notícia da próxima desapropriação das terras despertou interesse incomum. Primeiro a chegar, Chalita, encosta-se na porta, esgravata os dentes:
- Bom dia, meus fidalgos.
- Bom dia, pachá dos pobres – Aminthas não se embaraça: - Como estava dizendo, na minha opinião os Beatles ainda não encontraram substitutos… Depois do almoço passo em sua casa, Carmô, levo o disco vocês vão ver que tenho razão. Até logo, Comandante.
Cruza na porta com Edmundo Ribeiro. O colector pergunta:
- Que me dizem da notícia? Será mesmo verdade? Pelo jeito, como as coisas marcham, daqui a dois anos ninguém vai conhecer Agreste.
Em casa de dona Carmosina, enquanto dona Milú serve doce de casca de laranja da terra, Aminthas assume posse de orador:
- Respondam-me os nobres correligionários: para poder decretar a desapropriação da área, Ascânio precisa de ser eleito, não é?
- A data da eleição já foi marcada.
- Sei disso, leio os jornais e ouço o falatório. Mas, ao que se saiba, o nosso Pleibói rural ainda não está eleito.
DO BRINDE COM LICOR DE VIOLETAS
O que aumenta a depressão de dona Carmosina é o facto de todos pensarem nela quando tentam identificar o anónimo e informado correspondente, Aminthas vem lhe dar os parabéns:
- Prima, você é a maior. Como descobriu a trama?
Não descobrira nada, não lhe cabe mérito na denúncia, nem sequer soubera da passagem do professor Colombo pela cidade, está completamente por fora da jogada, acabrunhada. Além do abalo criado pela notícia – lá se foi por água abaixo o trunfo conquistado com o nobre gesto de Fidélio – viu-se posta à margem dos acontecimentos. Antes não se movia uma palha em Agreste sem seu conhecimento. Agora, era tomada de surpresa, um absurdo. Os olhos miúdos de dona Carolina fazem-se opacos.:
- Soube pelo jornal, como você. E dizer que ri na cara de Ascânio…Agora não tem mesmo jeito. Estou desmoralizada.
Murcho, arrasado, junta-se a eles o Comandante, larga em cima do balcão as folhas de papel com as assinaturas no memorial de protesto. Quem tem razão é Tieta: memorial e nada, a mesma coisa. O Comandante chega do cartório onde conversou com doutor Franklin e obteve a confirmação da notícia. Mesmo agindo em representação de herdeiro presuntivo, nada poderá fazer para impedir o acto de desapropriação por motivo de utilidade pública. Qualquer acção na justiça terá de ser posterior, de que adianta? Questão liquidada, a do coqueiral. Um clima de desolação se estende sobre a agência dos Correios. Apenas Aminthas não se deixa abater e, com seu jeito gozador, tenta levantar o ânimo dos amigos:
- O navio ainda não naufragou, Comandante! Cadê sua fibra, Carmô? Nunca vi ninguém entregar os pontos tão depressa. Apesar de que eu continuo a pensar que essa tal fábrica não se vai instalar aqui…
- Não vai? Trazem a Agreste um advogado da envergadura de Hélio Colombo, levam Ascânio à capital…
- …Pleibói matuto… - diverte-se Aminthas.
- … acertam os pauzinhos com ele, marcam a eleição e você ainda duvida da intenção deles?
- Concedo que existem razões para acreditar. De qualquer maneira, temos de agir como se fosse certo…
Muda repentinamente de assunto à aproximação de bisbilhoteiros vindos do bar e do comércio, interessados na conversa: Agreste anda de orelha em pé e a notícia da próxima desapropriação das terras despertou interesse incomum. Primeiro a chegar, Chalita, encosta-se na porta, esgravata os dentes:
- Bom dia, meus fidalgos.
- Bom dia, pachá dos pobres – Aminthas não se embaraça: - Como estava dizendo, na minha opinião os Beatles ainda não encontraram substitutos… Depois do almoço passo em sua casa, Carmô, levo o disco vocês vão ver que tenho razão. Até logo, Comandante.
Cruza na porta com Edmundo Ribeiro. O colector pergunta:
- Que me dizem da notícia? Será mesmo verdade? Pelo jeito, como as coisas marcham, daqui a dois anos ninguém vai conhecer Agreste.
Em casa de dona Carmosina, enquanto dona Milú serve doce de casca de laranja da terra, Aminthas assume posse de orador:
- Respondam-me os nobres correligionários: para poder decretar a desapropriação da área, Ascânio precisa de ser eleito, não é?
- A data da eleição já foi marcada.
- Sei disso, leio os jornais e ouço o falatório. Mas, ao que se saiba, o nosso Pleibói rural ainda não está eleito.
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