TIETA DO
AGRESTE
EPISÓDIO Nº 307
DA POLUIDA VIA – SACRA NA LONGA NOITE DE AGRESTE – QUARTA ESTAÇÃO: A CONDENADA À VIDA
Na lancha de Eliezer, Tieta reclama pressa. O luar reflecte-se nas águas do rio, o corpo de Tieta atirado para a frente como se assim pudesse emprestar maior velocidade ao barco.
Peto, na Praça, indicara o rumo de Leonora. Quase sem poder falar, desfeita em lágrimas, a prima o enviara à procura de Pirica, partira no bote a motor, devia estar chegando a Mangue Seco.
Eliezer chama a atenção para uma luz no rio, um barulho distante, é o bote de volta. A um sinal de Tieta, Pirica maneira o motor, as duas embarcações balouçam na água, lado a lado.
- Cadé Leonora?
- Ficou lá. Perguntei se queria que eu esperasse, disse que não, que ia demorar uns dias. O que foi que houve com ela? Não pára de chorar, é de cortar o coração.
Em Mangue Seco. Eliezer encalha a lancha na areia, acompanha Tieta que desembarca às pressas. Na luz do luar, percebem o grupo no extremo da praia, junto aos cômoros imensos. A noite é infinitamente doce e bela, as águas mansas. Tieta corre, seguida de Eliezer.
Jonas levanta a cabeça e fala:
- Se jogou dos cômoros, subiu sem ninguém ver. A sorte dela é que Daniel e Budião tinham saído para pescar. Ouviram o baque do corpo, Budião trouxe ela para a canoa.
Estirada na areia, segura por duas mulheres, debatendo-se, Leonora suplica que a deixem morrer. Tieta curva-se sobre ela:
- Idiota!
Ao reconhecer a voz, Leonora volta a cabeça:
- Me perdoe, Mãezinha. Diga a elas que me soltem, quero morrer, ninguém pode me impedir.
Tieta ajoelha-se, suspende o busto de Leonora e a esbofeteia. A mão cai, pesada, com raiva, numa e noutra face da moça, os pescadores não intervêm, deixam-na fazer. Tão pouco Leonora reage. Pela praia, aproxima-se correndo o comandante Dário, a quem acabam de avisar. Tieta suspende o castigo, procura levantar a protegida:
- Vamos embora.
- O que foi Tieta? O que aconteceu? O Comandante ajuda a pôr a moça em pé.
- Nora brigou com Ascânio, tentou se afogar – estende a mão em despedida – Diga adeus a dona Laura, Comandante.
- Adeus? Por quê?
- Volto amanhã para São Paulo.
- E a campanha, Tieta? Vai nos abandonar?
- Já não posso ser-lhe de utilidade, Comandante. Mas toque o barco para a frente, salve os caranguejos, se puder.
Na lancha, Tieta avisa Leonora:
- Se falar outra vez em morrer, eu lhe rebento de pancada.
Mangue Seco vai se perdendo na distância, águas e areias envoltas em luar.
Tieta contempla, os olhos secos.
Pelas frestas das janelas, na Praça, há quem observe as duas mulheres, vindas do ancoradouro. Dona Edna, por exemplo. Mas, na casa de Perpétua, portas e janelas estão trancadas. No passeio, atiradas, as malas, bolsas e sacolas de Tieta e Leonora.
Na lancha de Eliezer, Tieta reclama pressa. O luar reflecte-se nas águas do rio, o corpo de Tieta atirado para a frente como se assim pudesse emprestar maior velocidade ao barco.
Peto, na Praça, indicara o rumo de Leonora. Quase sem poder falar, desfeita em lágrimas, a prima o enviara à procura de Pirica, partira no bote a motor, devia estar chegando a Mangue Seco.
Eliezer chama a atenção para uma luz no rio, um barulho distante, é o bote de volta. A um sinal de Tieta, Pirica maneira o motor, as duas embarcações balouçam na água, lado a lado.
- Cadé Leonora?
- Ficou lá. Perguntei se queria que eu esperasse, disse que não, que ia demorar uns dias. O que foi que houve com ela? Não pára de chorar, é de cortar o coração.
Em Mangue Seco. Eliezer encalha a lancha na areia, acompanha Tieta que desembarca às pressas. Na luz do luar, percebem o grupo no extremo da praia, junto aos cômoros imensos. A noite é infinitamente doce e bela, as águas mansas. Tieta corre, seguida de Eliezer.
Jonas levanta a cabeça e fala:
- Se jogou dos cômoros, subiu sem ninguém ver. A sorte dela é que Daniel e Budião tinham saído para pescar. Ouviram o baque do corpo, Budião trouxe ela para a canoa.
Estirada na areia, segura por duas mulheres, debatendo-se, Leonora suplica que a deixem morrer. Tieta curva-se sobre ela:
- Idiota!
Ao reconhecer a voz, Leonora volta a cabeça:
- Me perdoe, Mãezinha. Diga a elas que me soltem, quero morrer, ninguém pode me impedir.
Tieta ajoelha-se, suspende o busto de Leonora e a esbofeteia. A mão cai, pesada, com raiva, numa e noutra face da moça, os pescadores não intervêm, deixam-na fazer. Tão pouco Leonora reage. Pela praia, aproxima-se correndo o comandante Dário, a quem acabam de avisar. Tieta suspende o castigo, procura levantar a protegida:
- Vamos embora.
- O que foi Tieta? O que aconteceu? O Comandante ajuda a pôr a moça em pé.
- Nora brigou com Ascânio, tentou se afogar – estende a mão em despedida – Diga adeus a dona Laura, Comandante.
- Adeus? Por quê?
- Volto amanhã para São Paulo.
- E a campanha, Tieta? Vai nos abandonar?
- Já não posso ser-lhe de utilidade, Comandante. Mas toque o barco para a frente, salve os caranguejos, se puder.
Na lancha, Tieta avisa Leonora:
- Se falar outra vez em morrer, eu lhe rebento de pancada.
Mangue Seco vai se perdendo na distância, águas e areias envoltas em luar.
Tieta contempla, os olhos secos.
Pelas frestas das janelas, na Praça, há quem observe as duas mulheres, vindas do ancoradouro. Dona Edna, por exemplo. Mas, na casa de Perpétua, portas e janelas estão trancadas. No passeio, atiradas, as malas, bolsas e sacolas de Tieta e Leonora.
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