DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS
Toda essa história em patrulha por aquelas bandas, com sua elegante patifaria, foi, desde o princípio até ao fim, confusa e atrapalhada. Esse, aliás, seu clima habitual, sua atmosfera preferida, onde mover-se e agir.
Futricavam amigas e xeretas em riso e excitamento com a descrição do futuro noivo feita por dona Dinorá em transe, e logo transmitida de boca em boca entre o indócil compadrio, quando o Príncipe surgiu pelas calçadas em passos e suspiros de enamorado.
Riam-se em pilhérias dona Dinorá, dona Gisa, dona Amélia Ruas e dona Emina: em fuxicos as beatas, procurando infatigáveis o galã descrito. Manda aliás a verdade se diga não terem sido somente as comadres a se entregarem a infrutífera busca. A própria dona Gisa lançou seu olhar psicológico sobre a humanidade masculina das redondezas à cata do “soberbo quarentão”, quanto a dona Norma, nem se fala, depois de bom velório seguido de enterro de primeira, nada prezava tanto como um folhetim de noivado e casamento.
Não tinha conta o número de moças e rapazes cujo matrimónio ela chocara, conduzindo-os ao juiz e ao padre, vencendo dificuldades, superando escolhos e desentendimentos, brabas oposições de família. Só fracassara mesmo com Valdeloir Rêgo, um indeciso sem igual e com uma gentil vizinha, Maria, por demais esmorecida. Mas nem assim perdera a esperança de colocar Maria, talvez, quem saiba com o próprio Valdeloir.
Beatas e amigas buscavam afanosas o oculto pretendente, de posse de ampla descrição de suas virtudes físicas e morais pois não era dona Dinorá vidente avara, de incompletas profecias. Se havia de descrever futuro noivo, não lhe sonegava pormenor; prazenteira e profusa traçava-lhe vasto panorama de qualidades e traços fisionómicos. Talvez, por isso mesmo, por ser tão fiel e completo o retrato do cavalheiro, difícil situá-lo e descobri-lo. A quem atribuir tão numeroso conjunto de detalhes?
Iam as beatas de cidadão em cidadão, pelas redondezas e mais além, sem encontrar quem coincidisse com todos os termos da incógnita. Uns eram formados e possuíam algum dinheiro, mas não a idade precisa e requerida. Outros a tinham, mas lhes faltava a cor morena e o anel de grau, além de detalhes secundários. Mesmo assim, apareceram inúmeros candidatos, cada comadre apresentando o seu, quando não trazendo mais de um, por garantia.
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS
EPISÓDIO Nº 124
Toda essa história em patrulha por aquelas bandas, com sua elegante patifaria, foi, desde o princípio até ao fim, confusa e atrapalhada. Esse, aliás, seu clima habitual, sua atmosfera preferida, onde mover-se e agir.
Futricavam amigas e xeretas em riso e excitamento com a descrição do futuro noivo feita por dona Dinorá em transe, e logo transmitida de boca em boca entre o indócil compadrio, quando o Príncipe surgiu pelas calçadas em passos e suspiros de enamorado.
Riam-se em pilhérias dona Dinorá, dona Gisa, dona Amélia Ruas e dona Emina: em fuxicos as beatas, procurando infatigáveis o galã descrito. Manda aliás a verdade se diga não terem sido somente as comadres a se entregarem a infrutífera busca. A própria dona Gisa lançou seu olhar psicológico sobre a humanidade masculina das redondezas à cata do “soberbo quarentão”, quanto a dona Norma, nem se fala, depois de bom velório seguido de enterro de primeira, nada prezava tanto como um folhetim de noivado e casamento.
Não tinha conta o número de moças e rapazes cujo matrimónio ela chocara, conduzindo-os ao juiz e ao padre, vencendo dificuldades, superando escolhos e desentendimentos, brabas oposições de família. Só fracassara mesmo com Valdeloir Rêgo, um indeciso sem igual e com uma gentil vizinha, Maria, por demais esmorecida. Mas nem assim perdera a esperança de colocar Maria, talvez, quem saiba com o próprio Valdeloir.
Beatas e amigas buscavam afanosas o oculto pretendente, de posse de ampla descrição de suas virtudes físicas e morais pois não era dona Dinorá vidente avara, de incompletas profecias. Se havia de descrever futuro noivo, não lhe sonegava pormenor; prazenteira e profusa traçava-lhe vasto panorama de qualidades e traços fisionómicos. Talvez, por isso mesmo, por ser tão fiel e completo o retrato do cavalheiro, difícil situá-lo e descobri-lo. A quem atribuir tão numeroso conjunto de detalhes?
Iam as beatas de cidadão em cidadão, pelas redondezas e mais além, sem encontrar quem coincidisse com todos os termos da incógnita. Uns eram formados e possuíam algum dinheiro, mas não a idade precisa e requerida. Outros a tinham, mas lhes faltava a cor morena e o anel de grau, além de detalhes secundários. Mesmo assim, apareceram inúmeros candidatos, cada comadre apresentando o seu, quando não trazendo mais de um, por garantia.
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