ENTREVISTAS
ENTRVISTA Nº10
Raquel – Nossos microfones mudaram-se para a Nazareth, na Galileia, uma cidade que conta hoje com 65.000 habitantes e muito comércio. Encontramo-nos na monumental Basílica da Anunciação e de novo com o protagonista desta história, Jesus Cristo na sua segunda vinda à terra. Suas primeiras impressões, Mestre…
Jesus – Já te disse que não me chames Mestre, recordo-te que todos somos…
Raquel – Sim, já me disseste várias vezes… desculpa, é o costume. Bem, esta Basílica está construída sobre as ruínas da casa da sua sagrada família… ali em baixo podemos apreciar as antigas paredes… reconhece-las?
Jesus – Bem, com tantas velas e com tantos mármores… vou concentrar-me… sim, creio que era por aqui que jogávamos quando em crianças… Isto era um espaço de terreno por onde se saía para o vale… me recordo.
Raquel – A que jogavam?
Jesus – Com uma bola de trapos… a escondermo-nos dos soldados romanos, ao “moinho” que era jogo com umas bolinhas, muito divertido… ganhava sempre ao meu irmão Santiago…
Raquel – Seu irmão Santiago?
Jesus – Sim, Santiago. Josefo também jogava, Simoncito e Judas, não, ainda eram muito pequenos.
Raquel – O senhor quererá dizer seus primos?
Jesus – Como, meus primos? Meus irmãos. Eu tinha quatro irmãos varões e duas irmãs.
Raquel – O senhor refere-se a esses irmãos que os Evangelhos mencionam?... Porque a mim explicaram-me que a palavra grega “adelfos” significa tanto irmãos como primos…
Jesus – Não sei dessas palavras, apenas que eram meus irmãos.
Raquel – Talvez meios-irmãos, filhos de um anterior matrimónio de José…
Jesus – Como poderiam ser de um matrimónio anterior se o meu pai se casou muito cedo com minha mãe? Naquele tempo casávamo-nos muito cedo.
Raquel – Pois então, não entendo nada. Todo o mundo sabe que o senhor foi filho unigénito de Maria.
Jesus – Não. O primogénito. Eu era o mais velho, isso sim. Mas logo nasceu Santiago e logo de seguida Josefo, Ester, Simoncito, que era muito irrequieto, Judas e a benjamim…
Raquel – Eram todos filhos de José… e de Maria?
Jesus – Claro, de quem mais haviam de ser?
Raquel – O senhor deixa-nos noqueados com essas declarações…
Jesus – Como, noqueados?
Raquel – Bem, é uma expressão de um jogo que o senhor não conhece e seguramente não gostaria de conhecer, o boxe. Enfim, digamos, estupefactos.
Jesus – Minha mãe é que estaria estupefacta. Imagina criar seis crianças, comigo sete… e meu pai José, por mais que “vergasse as costas” não conseguia chegar a tantas bocas. E logo estava a avó Ana e o tio Miguelito…
Raquel – Deixe lá a avó e o tio e voltemos a seus irmãos, ou seja, a Santiago, Josefo e a todos os outros que o senhor mencionou, são seus irmãos carnais?
Jesus – Sim.
Raquel – Dá-se conta da gravidade do que disse?
Jesus – Não.
Raquel – É que, se esses irmãos foram irmãos e não primos, a virgem não foi virgem… e eu estou muito confundida.
Jesus – Mas porquê, Raquel? Que há de mal ter uma família? Deus criou a vida. Somos imagem e semelhança de Deus quando criamos vida, não quando permanecemos estéreis.
Raquel – Sim… quero dizer… temos que continuar a conversar com o senhor sobre estas coisas porque, francamente… ainda que, pensando bem... o que é que muda se Jesus teve irmãos? Muda a sua mensagem?
…de Nazareth, Raquel Perez.
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