ENTREVISTAS
FICCIONADAS
COM JESUS CRISTO
Entrevista Nº 46
TEMA – EXISTE O PURGATÓRIO?
Raquel – Emissoras Latinas continua junto das antigas muralhas de Jerusalém e novamente damos as boas vindas ao nosso convidado especial, Jesus Cristo.
Jesus – A paz seja contigo, Raquel.
Raquel – O senhor falou do inferno e dos diabos e negou rotundamente a sua existência.
Jesus – Assim é.
Raquel – Contudo, uma infinidade de pregadores e de sermões falam e continuam falando desse tema.
Jesus – Parece que acreditam mais no diabo do que em Deus porque falam mais do diabo do que de Deus.
Raquel – Na sua última entrevista o senhor disse-nos que falar do diabo foi um grande negócio. Que quis dizer exactamente?
Jesus – Que com o diabo semeia-se o medo e com o medo colhem-se moedas.
Raquel – Mas há quem seja de opinião que esse medo sirva para que as pessoas se portem bem.
Jesus – Não, o medo só serve para fazer escravos.
Raquel – Um pouquinho de medo não fará bem? Do inferno talvez não, mas… do purgatório?
Jesus – O que é isso do purgatório, Raquel?
Raquel – O purgatório é um lugar onde nos purificamos com fogo para entrarmos limpos no céu… É isso que está na Bíblia, não é?
Jesus – Os fariseus que conheci inventaram uma série de purificações com a água… não lhes ocorreu a purificação com o fogo… que eu saiba as Escrituras não dizem uma palavra sobre esse tal purgatório.
Raquel – E o senhor tem algo para dizer?
Jesus – Que Deus não é cruel para meter num forno a nenhum dos seus filhos. Atrás dessas chamas, já te disse, tem de haver um negócio…
Raquel – Pois perguntemos a Richard Dawkins (Prémio Nobel em 1973, Professor Catedrático da Universidade de Oxford), especialista em deuses e diabos… escuta bem o que diz o doutor Dawkins:
R. Dawkins – Perfeitamente, Raquel Perez. O purgatório foi criado pela Igreja no Sec. XIII. Como já tinham o inferno, que era um lugar de penas eternas, inventaram o purgatório que era uma ante-sala para tormentos passageiros. Para entrarem no céu, as almas do defunto tinham de passar por ali.
Raquel – E como saíam de lá?
R. Dawkins – Pagando.
Raquel – Como, pagando?
R. Dawkins – Para que a espera não fosse muito longa e dolorosa, os Papas começaram a vender “amnistias”: indultos de cem dias, de quinhentos dias e de mil dias. Comprando essas “amnistias” diminuíam as penas do purgatório…
Raquel – As famosas indulgências?
R. Dawkins – As famosíssimas indulgências. Um negócio redondo.
Jesus – Não te dizia, Raquel?
R. Dawkins – Depois começaram a vender por adiantado. Se tinham grandes pecados pagavam e podiam livrar-se até mesmo do inferno. Se não fossem tão grandes pagavas menos e descontavam dias ou meses no purgatório adiantando, assim, a entrada no céu.
Raquel – Como quem compra bilhetes para um jogo de futebol.
R. Dawkins – Exacto. Trezentos anos depois, o Papa Leão X organizou melhor o negócio e pôs preços para cada pecado. Qualquer delito podia ser perdoado pagando ao Vaticano. Qualquer: violação de crianças, incestos, assassinatos e até matar a própria mãe. Não havia pecado que não se perdoasse a troco de dinheiro.
Raquel – As receitas seriam enormes, não?
R. Dawkins – Incalculáveis. Com essas receitas construíram-se a Basílica de São Pedro, em Roma, e todos os Palácios do Vaticano que hoje os turistas visitam deslumbrados.
A compra das indulgências foi a cereja em cima do bolo da corrupção, ou a gota de água que fez transbordar o copo. Martinho Lutero levantou a sua voz contra a corrupção e daí nasceram os Protestantes. Foi a divisão da Igreja Católica.
Raquel – Muito obrigado, doutor Richard Dawkins. Que lhe parece tudo isto, Jesus Cristo?
Jesus – É abominável o que nos foi contado. Na verdade te digo, Raquel, que aqueles mercadores que corri do Templo com o chicote, eram aprendizes ao lado destes idólatras do deus do dinheiro.
Raquel – Que mais podemos acrescentar? De Jerusalém, Raquel Perez, Emissoras Latinas.
NOTA
A Invenção do Purgatório – A palavra “purgatório” significa lugar de limpeza e foi proclamado no Concílio de Lyon:
“Aqueles que morrem na caridade de Deus com verdadeiro arrependimento dos seus pecados, antes de cumprirem os frutos da penitência, são purificados depois da morte com penas purgatórias”.
Esta doutrina do “purgatório” revela bem como funciona a mente teológica. O “purgatório” era uma espécie de ilha de Nova York para os milhares e milhares de emigrantes que afluíam aos EUA, no século XIX e meados do XX, mas de natureza divina. Uma ante-câmara para aquelas almas cujos pecados não são suficientemente maus para merecerem logo o inferno precisando ainda de uma reciclagem, uma purificação, antes de poderem entrar na zona livre de pecados que é o céu.
A Venda das Indulgências – Se há alguma instituição à qual se pode atribuir, com propriedade, a expressão de “dinheiro mal ganho” foi a Igreja católica com o dinheiro das indulgências. Elas terão mesmo constituído um dos maiores contos-do-vigário de toda a história que deixará a roer de inveja os trapaceiros da Iurd.
Em 1903 o Papa Pio X, ainda tinha uma tabela para calcular o número de dias de remissão do purgatório que cada membro da hierarquia tinha competência para conceder: 200 dias para os Cardeais; 100 dias para os arcebispos e 50 dias para os Bispos.
Mas as indulgências também podiam ser pagas com orações rezadas por outras pessoas, após a morte, em intenção ao defunto. Claro que essas orações eram pagas em dinheiro e quem fosse muito rico podia garantir o futuro da sua alma por todo o sempre.
A Luta com Lutero – Em 1517, o frade dominicano alemão, Johann Tetzel , percorre a Alemanha a promover a venda das indulgências que eram documentos selados pelo Papa para, com esse dinheiro financiar a construção da Basílica de são Pedro, à data, um templo como muitos outros.
Quando Tetzel chegou a Wittenberg, cidade de Lutero, este cravou na porta da Igreja um documento com 95 razões a provar a falsidade da doutrina do purgatório e, naturalmente, recusando o poder das indulgências. A partir desse momento de justa revolta estava iniciada na Alemanha a Reforma Protestante.
Uma dessas 95 razões dizia o seguinte:
- “Por que é que o Papa, cuja fortuna é superior a qualquer outra das maiores fortunas, não constrói uma Basílica de São Pedro com o seu próprio dinheiro em vez de o fazer com o dinheiro dos próprios crentes?”
O Papa emitiu uma bula condenando Lutero por “cometer erros heréticos, escandalosos e ofensivos aos ouvidos piedosos…” e que aquilo “era obra de um bêbado alemão que quando estivesse sóbrio mudaria de opinião”.
Lutero queimou em Wittenberg a bula Papal e, de seguida, o Papa excomungou-o.
As Provas da Existência do Purgatório – O que verdadeiramente fascina na doutrina do purgatório são as “provas” com que os teólogos as fundamentam: provas tão espectacularmente débeis que tornam ainda mais cómico o arrojo ligeiro com que são afirmadas.
Na Enciclopédia Católica, a entrada referente ao purgatório tem uma secção chamada “provas”. A evidência principal para a existência do purgatório é a seguinte: - Se os mortos fossem directamente para o céu ou para o inferno com base nos pecados que cometeram na Terra, não fazia sentido rezar por eles… por que rezar pelos mortos senão houver uma crença no poder da oração para proporcionar refrigério àqueles que estavam excluídos dos olhos de Deus… e nós rezamos pelos mortos, não é? Portanto o purgatório deve existir, caso contrário as nossas orações não fariam sentido”.
Isto é um bom exemplo daquilo que, na mente dos teólogos, passa por ser um raciocínio lógico.
Jesus – A paz seja contigo, Raquel.
Raquel – O senhor falou do inferno e dos diabos e negou rotundamente a sua existência.
Jesus – Assim é.
Raquel – Contudo, uma infinidade de pregadores e de sermões falam e continuam falando desse tema.
Jesus – Parece que acreditam mais no diabo do que em Deus porque falam mais do diabo do que de Deus.
Raquel – Na sua última entrevista o senhor disse-nos que falar do diabo foi um grande negócio. Que quis dizer exactamente?
Jesus – Que com o diabo semeia-se o medo e com o medo colhem-se moedas.
Raquel – Mas há quem seja de opinião que esse medo sirva para que as pessoas se portem bem.
Jesus – Não, o medo só serve para fazer escravos.
Raquel – Um pouquinho de medo não fará bem? Do inferno talvez não, mas… do purgatório?
Jesus – O que é isso do purgatório, Raquel?
Raquel – O purgatório é um lugar onde nos purificamos com fogo para entrarmos limpos no céu… É isso que está na Bíblia, não é?
Jesus – Os fariseus que conheci inventaram uma série de purificações com a água… não lhes ocorreu a purificação com o fogo… que eu saiba as Escrituras não dizem uma palavra sobre esse tal purgatório.
Raquel – E o senhor tem algo para dizer?
Jesus – Que Deus não é cruel para meter num forno a nenhum dos seus filhos. Atrás dessas chamas, já te disse, tem de haver um negócio…
Raquel – Pois perguntemos a Richard Dawkins (Prémio Nobel em 1973, Professor Catedrático da Universidade de Oxford), especialista em deuses e diabos… escuta bem o que diz o doutor Dawkins:
R. Dawkins – Perfeitamente, Raquel Perez. O purgatório foi criado pela Igreja no Sec. XIII. Como já tinham o inferno, que era um lugar de penas eternas, inventaram o purgatório que era uma ante-sala para tormentos passageiros. Para entrarem no céu, as almas do defunto tinham de passar por ali.
Raquel – E como saíam de lá?
R. Dawkins – Pagando.
Raquel – Como, pagando?
R. Dawkins – Para que a espera não fosse muito longa e dolorosa, os Papas começaram a vender “amnistias”: indultos de cem dias, de quinhentos dias e de mil dias. Comprando essas “amnistias” diminuíam as penas do purgatório…
Raquel – As famosas indulgências?
R. Dawkins – As famosíssimas indulgências. Um negócio redondo.
Jesus – Não te dizia, Raquel?
R. Dawkins – Depois começaram a vender por adiantado. Se tinham grandes pecados pagavam e podiam livrar-se até mesmo do inferno. Se não fossem tão grandes pagavas menos e descontavam dias ou meses no purgatório adiantando, assim, a entrada no céu.
Raquel – Como quem compra bilhetes para um jogo de futebol.
R. Dawkins – Exacto. Trezentos anos depois, o Papa Leão X organizou melhor o negócio e pôs preços para cada pecado. Qualquer delito podia ser perdoado pagando ao Vaticano. Qualquer: violação de crianças, incestos, assassinatos e até matar a própria mãe. Não havia pecado que não se perdoasse a troco de dinheiro.
Raquel – As receitas seriam enormes, não?
R. Dawkins – Incalculáveis. Com essas receitas construíram-se a Basílica de São Pedro, em Roma, e todos os Palácios do Vaticano que hoje os turistas visitam deslumbrados.
A compra das indulgências foi a cereja em cima do bolo da corrupção, ou a gota de água que fez transbordar o copo. Martinho Lutero levantou a sua voz contra a corrupção e daí nasceram os Protestantes. Foi a divisão da Igreja Católica.
Raquel – Muito obrigado, doutor Richard Dawkins. Que lhe parece tudo isto, Jesus Cristo?
Jesus – É abominável o que nos foi contado. Na verdade te digo, Raquel, que aqueles mercadores que corri do Templo com o chicote, eram aprendizes ao lado destes idólatras do deus do dinheiro.
Raquel – Que mais podemos acrescentar? De Jerusalém, Raquel Perez, Emissoras Latinas.
NOTA
A Invenção do Purgatório – A palavra “purgatório” significa lugar de limpeza e foi proclamado no Concílio de Lyon:
“Aqueles que morrem na caridade de Deus com verdadeiro arrependimento dos seus pecados, antes de cumprirem os frutos da penitência, são purificados depois da morte com penas purgatórias”.
Esta doutrina do “purgatório” revela bem como funciona a mente teológica. O “purgatório” era uma espécie de ilha de Nova York para os milhares e milhares de emigrantes que afluíam aos EUA, no século XIX e meados do XX, mas de natureza divina. Uma ante-câmara para aquelas almas cujos pecados não são suficientemente maus para merecerem logo o inferno precisando ainda de uma reciclagem, uma purificação, antes de poderem entrar na zona livre de pecados que é o céu.
A Venda das Indulgências – Se há alguma instituição à qual se pode atribuir, com propriedade, a expressão de “dinheiro mal ganho” foi a Igreja católica com o dinheiro das indulgências. Elas terão mesmo constituído um dos maiores contos-do-vigário de toda a história que deixará a roer de inveja os trapaceiros da Iurd.
Em 1903 o Papa Pio X, ainda tinha uma tabela para calcular o número de dias de remissão do purgatório que cada membro da hierarquia tinha competência para conceder: 200 dias para os Cardeais; 100 dias para os arcebispos e 50 dias para os Bispos.
Mas as indulgências também podiam ser pagas com orações rezadas por outras pessoas, após a morte, em intenção ao defunto. Claro que essas orações eram pagas em dinheiro e quem fosse muito rico podia garantir o futuro da sua alma por todo o sempre.
A Luta com Lutero – Em 1517, o frade dominicano alemão, Johann Tetzel , percorre a Alemanha a promover a venda das indulgências que eram documentos selados pelo Papa para, com esse dinheiro financiar a construção da Basílica de são Pedro, à data, um templo como muitos outros.
Quando Tetzel chegou a Wittenberg, cidade de Lutero, este cravou na porta da Igreja um documento com 95 razões a provar a falsidade da doutrina do purgatório e, naturalmente, recusando o poder das indulgências. A partir desse momento de justa revolta estava iniciada na Alemanha a Reforma Protestante.
Uma dessas 95 razões dizia o seguinte:
- “Por que é que o Papa, cuja fortuna é superior a qualquer outra das maiores fortunas, não constrói uma Basílica de São Pedro com o seu próprio dinheiro em vez de o fazer com o dinheiro dos próprios crentes?”
O Papa emitiu uma bula condenando Lutero por “cometer erros heréticos, escandalosos e ofensivos aos ouvidos piedosos…” e que aquilo “era obra de um bêbado alemão que quando estivesse sóbrio mudaria de opinião”.
Lutero queimou em Wittenberg a bula Papal e, de seguida, o Papa excomungou-o.
As Provas da Existência do Purgatório – O que verdadeiramente fascina na doutrina do purgatório são as “provas” com que os teólogos as fundamentam: provas tão espectacularmente débeis que tornam ainda mais cómico o arrojo ligeiro com que são afirmadas.
Na Enciclopédia Católica, a entrada referente ao purgatório tem uma secção chamada “provas”. A evidência principal para a existência do purgatório é a seguinte: - Se os mortos fossem directamente para o céu ou para o inferno com base nos pecados que cometeram na Terra, não fazia sentido rezar por eles… por que rezar pelos mortos senão houver uma crença no poder da oração para proporcionar refrigério àqueles que estavam excluídos dos olhos de Deus… e nós rezamos pelos mortos, não é? Portanto o purgatório deve existir, caso contrário as nossas orações não fariam sentido”.
Isto é um bom exemplo daquilo que, na mente dos teólogos, passa por ser um raciocínio lógico.
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