quarta-feira, julho 28, 2010


ENTREVISTAS


FICCIONADAS


COM JESUS CRISTO


Entrevista Nº 47



TEMA – A SANTA INQUISIÇÂO?



Raquel – Continuamos em Jerusalém e continuamos a receber reclamações e até ameaças. Alguns ouvintes fundamentalistas dizem que se Jesus Cristo continua a falar assim exercerão represálias contra a nossa Emissora.

Jesus – E por quê um coração tão duro como o destes ouvintes?

Raquel – O senhor sofreu na sua própria carne a intolerância. Intolerância, que sempre andou de mãos-dadas com a religião… como prova trago hoje um documento gravado. Gostaria que o escutasse para início do nosso programa.

Jesus – Sim, faz-me ouvi-lo.

Narradora – Atavam-lhe os pés e as mãos e estiravam-nos até lhes rebentarem os ossos. Sentavam-nos em selas com bicos, escaldavam-nos com água a ferver pela boca e ouvidos…

Inquisidor – Confessa, maldita, bruxa, confessa que tiveste relações carnais com o diabo!

Narradora – Trespassavam-lhe o corpo com pregos, cortavam-lhe a língua, os peitos, espetavam-lhe as mãos, violavam-nas perante seus maridos e filhos… e depois queimavam-nas na fogueira.

Jesus – Não prossigas. Por que me fazes escutar essas abominações?

Raquel – Porque os verdugos eram seus representantes.

Jesus – Meus? De que estás falando, Raquel?

Raquel – O que o senhor escutou passava-se nos Tribunais da Santa Inquisição.

Jesus – Como é que tu chamas Santa a algo assim?

Raquel – Era assim que lhe chamavam, Santa. Tenho os dados, queres conhecê-los?

Jesus – Conta-me.

Raquel – São muitos os que coincidem na afirmação de que a Inquisição terá sido a página mais vergonhosa da história da Igreja. Foi iniciada há uns mil anos pelo Papa Inocêncio III, para perseguir hereges… o mesmo que impôs o sacramento da confissão. Os Papas que vieram a seguir criaram os tribunais, aprovaram o extermínio maciço de mulheres em todos os países cristãos. Acusavam-nas de serem bruxas.

Jesus – E quem eram essas filhas de Deus às quais chamavam bruxas?

Raquel – A maioria eram camponesas, mulheres pobres, parteiras… mas também havia mulheres sábias que conheciam os segredos da natureza… diziam que estavam possuídas e torturavam-nas para lhes tirar o diabo do corpo.

Jesus – E os diabos eram eles…

Raquel – Se leres as crónicas nunca ficas a saber quem as acusava nem do que eram acusadas e se negassem as torturas seriam mais cruéis. Se por medo admitiam estar endemoniadas concediam-lhes a graça de as estrangularem antes de as deitarem à fogueira. Também torturavam e matavam homens, pessoas do campo, aldeões… as famílias tinham de entregar seus bens aos sacerdotes… e tudo isto em seu nome, Jesus Cristo.

Jesus – Não em meu nome…diz-me, Raquel, durante quanto tempo demorou essa abominação?

Raquel – Prolongou-se por séculos.

Jesus – E morreram muitos filhos de Deus às mãos desses demónios?

Raquel – Alguns falam de centenas de milhares, outros, mais ainda…

Jesus – Na verdade, te digo: foi a hora do poder das trevas.

Raquel – Bem, o Papa João Paulo II já pediu desculpas pelos erros que a Inquisição cometeu.

Jesus – Erros? Desculpas por milhares e milhares de mulheres torturadas e queimadas vivas? Esses crimes não se apagam com um pedido de desculpas.

Raquel – Quer dizer que o senhor não os perdoava?

Jesus – Tinham de arrancar o mal pela raiz.

Raquel – Arrancar o quê?

Jesus – A árvore na crença no diabo. Foi essa árvore que deu frutos tão podres como os que me contaste hoje. Eles têm de ser arrancados pela raiz… têm que dizer claramente que o diabo não existe nem nunca existiu… dizerem que o diabo foram eles. Só assim serão perdoados.

Raquel – De Jerusalém, Raquel Perez, Emissoras Latinas.


NOTA


O Princípio – Tudo começou quando o Imperador romano Constantino se “converteu” ao cristianismo que passou a ser a religião oficial do Estado. Todos aqueles que discordavam da doutrina oficial, que nesse século começou a ser a doutrina dos Papas de Roma, eram considerados traidores e inimigos do Estado, delinquentes políticos.


Os Cátaros ou Albigenses – Questionaram o poder Papal. Chamavam-lhe “O Anticristo” e à Igreja de Roma “A Puta da Babilónia”. Os cátaros eram contrários ao luxo e ao poder, comportavam-se como ascetas: não comiam carne, não contraíam matrimónio, negavam-se a usar armas e recusavam os altares, os santos, o culto das imagens e as relíquias.

O Papa Lúcio III decidiu acabar com eles militarmente e emitiu a bula “Ad Abolendan” que exigia aos Bispos que estripassem a heresia. Esta bula foi o gérmen da Santa Inquisição.


Os Autos de Fé: Um Espectáculo – Constituíram uma das mais importantes manifestações públicas do poder intimidatório da Inquisição. Desenrolavam-se nas Praças públicas e a eles assistiam multidões. Todos os pormenores, como num espectáculo teatral, eram cuidados para provocar nos espectadores medo, respeito pela autoridade, curiosidade mórbida, arrependimento, recusa e desprezo pelos hereges.



O Maior Horror: A Queima das Bruxas – Para acusar uma mulher de ser bruxa, ou seja, de ter um pacto com o demónio, bastava uma simples suspeita sendo válidas todas as confissões obtidas sob tortura. E quais eram as acusações?
- Renegar Deus, prestar homenagens ao demónio, oferecer-lhe filhos antes de eles nascerem, matar os filhos para com eles fazer poções mágicas, comer carne humana, profanar cadáveres, beber sangue e ter relações carnais com o diabo.


As Razões da Queima das Bruxas – É evidente, que, por detrás da queima das “bruxas”, estava uma ideologia misógina (ódio pela mulher, ódio ao feminino) que era sentida pelos funcionários da Igreja. A própria palavra latina “fémina” de onde deriva feminina, significa fé menor, de fé mais débil, por isso atacadas prioritariamente pelo diabo.


Até aos Dias de Hoje – A Congregação da Doutrina da Fé do Vaticano, nome moderno da Inquisição, tinha no actual Papa, ao tempo, Cardeal Ratzinger, o Perfeito, o Inquiridor Mor.

Claro que já não manda para a fogueira mas continua a condenar os teólogos de todo o mundo por julgar que as suas ideias contradizem a doutrina oficial. Com métodos idênticos aos medievais: processos secretos, informadores que denunciam anonimamente, julgamentos à porta fechada, juízes que são ao mesmo tempo os acusadores e sentenças sem possibilidades de apelação para qualquer tribunal independente.


A Intolerância Fanática da Inquisição – Nasceu de um excesso de poder e de arrogância. Em 1990, depois de João Paulo II ter proposto a revisão do caso Galileu, o mais escandaloso e mediático dos levados a cabo pela Inquisição de Roma, (que nunca chegou a reabilitar o grande cientista), o Cardeal Ratzinger, Perfeito da Congregação e hoje Papa, afirmou:

- “Na época de Galileu a Igreja foi muito mais fiel à razão que o próprio Galileu. O processo contra Galileu foi razoável e justo.”

Anos depois, num programa de televisão alemão, intitulado “Contraste”, pouco antes de ele ser eleito Papa, quando lhe chamaram “O Grande Inquisidor”, Ratzinger respondeu:

- “Esse título é uma classificação histórica mas, de certa forma, damos-lhe continuidade e, segundo a nossa consciência do direito, tentamos fazer hoje aquilo que se fez com os – em parte criticáveis – métodos de então”.

E justificou aquela etapa horrenda da história eclesiástica pelo avanço que ela significou pois, antes de condenar alguém, deve-se escutar esse alguém. Estas, as suas palavras:

- “No entanto, deve dizer-se, que a Inquisição constitui um progresso: ninguém pode ser julgado sem ser inquirido, ou seja, primeiro têm que fazer-se investigações”.


....AS FOGUEIRAS ACABARAM MAS A ARROGÂNCIA CONTINUA!

Site Meter