segunda-feira, agosto 16, 2010


CONSIDERAÇÔES
ADICIONAIS
AO TEMA DA
ENTREVISTA:
“O ABORTO”





Um Dilema entre a Vida e a Vida


Face ao aborto, há quem pretenda dividir as pessoas entre os “Pró-Vida” e os “Pró-Aborto”, afirmando que todo a aborto é um crime e que abortar é matar. E pretendem fazer crer que há grupos de mulheres, as “feministas”, que pertencem à “cultura da morte” e por isso promovem a prática massiva e até festiva do aborto.

O objectivo desse falso dilema: vida ou morte, é tentar culpabilizar e atemorizar as mulheres ao bom estilo das práticas da Igreja Católica do Vaticano. Mas, qualquer mulher, perante uma gravidez não desejada, de risco ou de resultado incerto, estará sempre perante um outro dilema: Vida e Vida.

- Que vida espera a quem está por nascer com uma enfermidade congénita?

- E se os pais têm já muitos filhos e não têm recursos para dar sequer o mais básico?

- Que riscos corre uma mulher grávida por força de uma doença crónica, de problemas seus de saúde?

- E que riscos emocionais coloca a uma mulher uma gravidez não prevista, não desejada, que significa um risco emocional para o resto da sua vida?

- Que oportunidades de vida – estudos, trabalho, relações – se fecham a essa adolescente que engravida?

- Que origem violenta e abusiva tem a vida que se inicia no ventre dessa rapariga, dessa jovem?

- Deve morrer para “não matar” uma mulher que sofre de doença grave e que se salvaria com uma operação em que se perderia o feto?

- Deve deixar órfãos os outros filhos?

- Será “matar” não dar vida a um feto que tem uma doença incurável com a qual terá de conviver dolorosamente toda a vida?

- Deverá vir ao mundo para sofrer e fazer sofrer os que dele cuidam?

- Será “matar” não dar vida a um feto com uma doença incurável se os seus pais não tiverem consciência que essa enfermidade condicionará para sempre as suas vidas?


Na Entrevista anterior, Jesus afirmou que Deus concedeu ao homem dois tesouros: A Vida e a Liberdade e, quanto a nós, é aqui que se joga a questão do aborto. É um problema moral, de consciência e liberdade individuais, de forma alguma um problema religioso. Jesus não fala dele, a Bíblia, praticamente, também não.

É a mulher, só, ou em diálogo com o pai da criança ou outras pessoas da sua confiança que deverá decidir.

A apropriação por parte da Igreja Católica, radical e fundamentalista, desta questão, constitui uma intromissão abusiva, desonesta e prepotente, reveladora, como em tantas outras situações, da sua falta de compreensão, respeito e amor pela pessoa humana.

Os pontos de interrogação atrás registados poderiam multiplicar-se. As respostas terão de ficar à consciência e liberdade de cada uma das mulheres que se debatam com o problema de uma gravidez indesejada, sem intimidações, ameaças, penalizações da lei ou condenação de certos padres. Às mulheres, nestas situações, já lhes basta o seu próprio drama.

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