sexta-feira, setembro 10, 2010


INFORMAÇÕES ADICIONAIS


À ENTREVISTA SOB O TEMA:

- IMACULADA CONCEPÇÃO


As implicações do mito de Adão e Eva são tão importantes que regresso a ele com mais uma precisão sugerida pelo Sacerdote que entrou em contacto telefónico com Raquel na última entrevista sob o tema da Imaculada Concepção ameaçando que, no pecado original, não se “toca”…

A doutrina cristã, no que respeita ao pecado original, está ausente nos textos evangélicos e praticamente também não se sustenta nos textos do Novo Testamento, excepção a algumas alusões de Paulo, nas suas Cartas aos Romanos.

O dogma foi estabelecido no Concílio de Cartago, no século IV (… a morte não é da natureza humana mas sim uma consequência do pecado…) e explicitou-se mais tarde, no Concílio de Trento, que ocorreu no século XVI, depois da Reforma Protestante ao qual lhe chamaram, por isso, o Concílio da Contra-Reforma.

Trento foi o Concílio mais carregado de doutrina na história da Igreja Católica. Nele foi estabelecido que o “pecado original” transmitiu-se a todos os humanos de geração em geração, o mesmo é dizer: herda-se.

As ideias maniqueístas (filosofia religiosa de acordo com a qual o mundo divide-se em Bom ou Deus e Mal ou Diabo) de Agustin de Hipona que viu a humanidade marcada pelo mal do pecado e que professava um profundo desprezo pela mulher – a Eva, que era responsável por todos os males, a culpada pelo pecado ter entrado no mundo – consolidou, como ninguém, a doutrina do pecado original.

Parece incrível, mas toda a Teologia da Salvação que coloca no centro a morte de Cristo como “necessária”, está na origem da Teologia Sacrificial, Sacramental, da visão negativa do mundo, do repúdio pelo corpo, pela sexualidade e pela mulher… tudo está baseado no relato de Adão e Eva, na crença do dogma do “pecado original”, crença derivada de um antigo mito hebreu.

Por isso, como dizia o Sacerdote da Entrevista em tom ameaçador, se se “toca” no “pecado original”, se se suprime esta ideia, se se recusa esta crença, se se questiona este dogma, tudo se altera e o “todo” da Teologia Tradicional começa a desmoronar-se, tal como a casa construída sobre a areia, conforme a parábola de Jesus Cristo das “casas construídas, uma sobre a areia e a outra sobre a rocha”.

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