INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 72 SOB O TEMA:
“QUEM ERA CONSTANTINO" (3º e último)
Os Crimes dos “Galileus”/ Juliano o Imperador “Apóstata”
No Ano 528 o Imperador Justiniano ordenou a execução de todos aqueles que praticavam a “feitiçaria”, a “adivinhação”, a magia ou a “idolatria” e proibiu todo o ensino aos pagãos “daqueles que sofrem da blasfémia loucura dos helenos”.
No ano seguinte, Justiniano encerrou a Academia de Filosofia de Atenas, onde se havia ensinado Platão.
Na sua magnífica novela, “Juliano ” de Gore Vidal (Edição Roco, 1986) e na obra de Dmitri Merejkowwski, “Juliano, O Apóstata” (Editora Globo, 1945) contam-se aspectos importantes da vida deste Imperador:
- Juliano, Imperador (361/363), homem de notável formação intelectual, viveu cercado de filósofos, magos, astrónomos e leu os grandes filósofos pagãos, principalmente Platão. O seu pequeno reinado de apenas 20 meses ficou marcado pela pretensão de harmonizar a cultura e a justiça com os valores da antiga religião pagã de Roma. O seu apelido de Apóstata deve-se, precisamente, ao facto de embora baptizado e educado no cristianismo, ter-se declarado pagão. Introduziu reformas, baixou os impostos e reafirmou a liberdade de culto.
Conta-se que em 362, empenhado na restauração do paganismo, enviou um emissário a Delfos para consultar a pitonisa e saber dos deuses se deveria restaurar o antigo templo de Apolo. A resposta, ouvida do fundo da gruta sagrada, entre os vapores de louro queimado, soou como um gemido de agonia:
- “Por terra ruiu a gloriosa moradia, e as fontes de água estão secas. Nada resta para o deus, nem telhado nem abrigo, e em sua mão os louros do profeta não vicejam mais. Volte e diga ao Imperador que os deuses não estão mais aqui.”
Foi a última vez que se ouviu em Delfos a voz dos deuses antigos. Um novo Deus já se instalara em Roma, com seus próprios profetas e sacerdotes, e doravante dominaria o império e o mundo Greco-Romano.
Este episódio pode ser considerado como o marco decisivo do fim do paganismo e da vitória definitiva do cristianismo, uma parábola sobre o triunfo da nova religião sobre a antiga.
No seu livro, o escritor norte-americano, Gore Vidal, reconstruiu literariamente o sentir daquela época no que se refere às perseguições e crimes dos cristãos, aos quais Juliano chamava sempre de “Galileus”, contra os pagãos e o ambiente que antecedeu o fim do Império Romano e fá-lo na perspectiva de Juliano, genro de Constantino, o último dessa dinastia e o último imperador que quis deter o cristianismo e restabelecer o helenismo.
Destruição da Biblioteca de Alexandria e o Assassinato da sábia Hipatia.
À ENTREVISTA Nº 72 SOB O TEMA:
“QUEM ERA CONSTANTINO" (3º e último)
Os Crimes dos “Galileus”/ Juliano o Imperador “Apóstata”
No Ano 528 o Imperador Justiniano ordenou a execução de todos aqueles que praticavam a “feitiçaria”, a “adivinhação”, a magia ou a “idolatria” e proibiu todo o ensino aos pagãos “daqueles que sofrem da blasfémia loucura dos helenos”.
No ano seguinte, Justiniano encerrou a Academia de Filosofia de Atenas, onde se havia ensinado Platão.
Na sua magnífica novela, “Juliano ” de Gore Vidal (Edição Roco, 1986) e na obra de Dmitri Merejkowwski, “Juliano, O Apóstata” (Editora Globo, 1945) contam-se aspectos importantes da vida deste Imperador:
- Juliano, Imperador (361/363), homem de notável formação intelectual, viveu cercado de filósofos, magos, astrónomos e leu os grandes filósofos pagãos, principalmente Platão. O seu pequeno reinado de apenas 20 meses ficou marcado pela pretensão de harmonizar a cultura e a justiça com os valores da antiga religião pagã de Roma. O seu apelido de Apóstata deve-se, precisamente, ao facto de embora baptizado e educado no cristianismo, ter-se declarado pagão. Introduziu reformas, baixou os impostos e reafirmou a liberdade de culto.
Conta-se que em 362, empenhado na restauração do paganismo, enviou um emissário a Delfos para consultar a pitonisa e saber dos deuses se deveria restaurar o antigo templo de Apolo. A resposta, ouvida do fundo da gruta sagrada, entre os vapores de louro queimado, soou como um gemido de agonia:
- “Por terra ruiu a gloriosa moradia, e as fontes de água estão secas. Nada resta para o deus, nem telhado nem abrigo, e em sua mão os louros do profeta não vicejam mais. Volte e diga ao Imperador que os deuses não estão mais aqui.”
Foi a última vez que se ouviu em Delfos a voz dos deuses antigos. Um novo Deus já se instalara em Roma, com seus próprios profetas e sacerdotes, e doravante dominaria o império e o mundo Greco-Romano.
Este episódio pode ser considerado como o marco decisivo do fim do paganismo e da vitória definitiva do cristianismo, uma parábola sobre o triunfo da nova religião sobre a antiga.
No seu livro, o escritor norte-americano, Gore Vidal, reconstruiu literariamente o sentir daquela época no que se refere às perseguições e crimes dos cristãos, aos quais Juliano chamava sempre de “Galileus”, contra os pagãos e o ambiente que antecedeu o fim do Império Romano e fá-lo na perspectiva de Juliano, genro de Constantino, o último dessa dinastia e o último imperador que quis deter o cristianismo e restabelecer o helenismo.
Destruição da Biblioteca de Alexandria e o Assassinato da sábia Hipatia.
No ano 391, os cristãos, encabeçados pelo patriarca Teófilo, queimaram a biblioteca de Alexandria, a mais famosa do mundo antigo, com meio milhão de volumes escritos à mão, textos originais que continham a ciência acumulada durante séculos e gerações.
Anos depois, em 415, o sucessor de Teófilo, o patriarca Cirilo, destruiu-a definitivamente e animou hordas de cristãos a assassinarem de forma cruel a sábia Hipatia, directora da Biblioteca, escritora, professora de matemática, álgebra, geometria, astronomia, lógica, filosofia e mecânica, inventora do astrolábio e do hidrómetro, e segundo alguns, a percursora das teorias astronómicas de Keppler, Copérnico e Galileu, sem dúvida a última grande cientista da antiguidade.
Estes cristãos fanatizados e com poder, consideravam todo o conhecimento grego, por não vir na Bíblia, como pagão. O desaparecimento da Biblioteca de Alexandria significou a perda de 80% da ciência e da civilização gregas, para além dos legados importantíssimos das culturas asiática e africana.
Alexandria era o centro intelectual da antiguidade e a destruição deste acervo do saber estancou o progresso científico durante mais de quatrocentos anos.
Anos depois, em 415, o sucessor de Teófilo, o patriarca Cirilo, destruiu-a definitivamente e animou hordas de cristãos a assassinarem de forma cruel a sábia Hipatia, directora da Biblioteca, escritora, professora de matemática, álgebra, geometria, astronomia, lógica, filosofia e mecânica, inventora do astrolábio e do hidrómetro, e segundo alguns, a percursora das teorias astronómicas de Keppler, Copérnico e Galileu, sem dúvida a última grande cientista da antiguidade.
Estes cristãos fanatizados e com poder, consideravam todo o conhecimento grego, por não vir na Bíblia, como pagão. O desaparecimento da Biblioteca de Alexandria significou a perda de 80% da ciência e da civilização gregas, para além dos legados importantíssimos das culturas asiática e africana.
Alexandria era o centro intelectual da antiguidade e a destruição deste acervo do saber estancou o progresso científico durante mais de quatrocentos anos.
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