terça-feira, fevereiro 08, 2011

ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS CRISTO Nº 81 SOB O TEMA:
“QUAL O PROJECTO DE JESUS”



RAQUEL - Continuamos a analisar a situação política no tempo de Jesus Cristo com o próprio Jesus Cristo. Não são poucos os ouvintes que nos ligaram muito preocupados, mesmo indignados.

JESUS – Indignados desta vez, porquê, Raquel?

RAQUEL – Porque nas últimas entrevistas o senhor tem falado de política e eles dizem que devia concentrar-se nas coisas de Deus, especialmente nestes dias de Páscoa.

JESUS - E quais são as coisas de Deus?

RACHEL - Bem, eu acho que são as coisas que se relacionam com a oração, os sacramentos, a adoração ... numa palavra, o sagrado.

JESUS - Eu acho que o mais sagrado é a vida, Raquel. Deus não pode tapar os olhos para não ver os seus filhos famintos. Eu não podia ficar tranquilo vendo as atrocidades que se cometiam no meu país.

RAQUEL - Isso é intrometer-se na política e por isso terá ganho bastante inimigos.

JESUS - Muitos. Os grandes odiavam-me mas os oprimidos e as mulheres compreendiam.

RAQUEL – Compreendiam, o quê?

JESUS - Que o Reino de Deus havia chegado. Assim, foram-se juntando todos os dias ao nosso movimento.

RAQUEL - Voltemos aos inimigos. Um homem de paz como você com tantos inimigos?

JESUS - Raquel, quem luta pela justiça terá sempre inimigos. Quem não os tem é porque não faz nada por ela.

RACHEL - Mas o senhor disse: amai os vossos inimigos.

JESUS - Sim, eu disse que os amássemos, não disse que não que os tínhamos.

Raquel – Essa sua famosa frase de amar os inimigos é real ou também foi “amaciada”?

JESUS - Não, eu disse-a e não é uma palavra suave.

RACHEL - O que quis dizer com ela?

JESUS - Amar os vossos inimigos é não cair na armadilha do ódio, não os imitar na violência. Quem luta contra Leviatã pode acabar parecendo-se com o monstro.

RACHEL – O senhor, recomendou ainda “dar a outra face”. Fraqueza ou covardia?

JESUS – Astúcia. Deve-ser ser uma pomba e uma serpente. Há um tempo para tudo, para atirar pedras e recolhê-las. Para os mercadores do Templo, eu não dei a outra face, levei-os para fora com chicote.

RAQUEL - Insisto: Como é que o senhor, numa situação tão crítica como aquela que vivia no país, e com essas ideias, não acabou por optar pela via armada?

JESUS - Os zelotas tentaram convencer-me, queriam apressar a vinda do Reino de Deus com as armas, mas a violência gera violência .... Cada revolta dos zelotas terminava num banho de sangue.

RAQUEL - A história provou que o senhor estava certo. Foi o que aconteceu logo após a sua morte em 70 DC, quando os Zelotas se revoltaram contra o imperador Tito e este mandou destruir Jerusalém.

JESUS - Eu pensei sempre que o Reino de Deus tinha que ir noutra direcção. Como eu disse, Raquel, a primeira coisa era abrir os olhos das pessoas. No nosso Movimento queríamos reunir os pobres, sentir que podíamos dar-lhes força.

RAQUEL – Organizá-los. Organização "popular”?

JESUS - É verdade, a comunidade é como uma árvore, cresce a partir de baixo. Um povo sem mestres ou senhores. Um novo mundo. Outro mundo.

RAQUEL - Tinha em mente um projecto de longo prazo?

JESUS - Eu estava com pressa. Eu queria o reino de Deus, já... e ele não chegou.

RAQUEL Muitos morreram, como o senhor, lutando por algo que nunca veio. Considera-se um fracassado?

JESUS – Não, as pessoas que morreram lutando por justiça, Deus as levantará de entre os mortos. No Livro da Vida estão escritos todos os seus nomes e o meu também.

RAQUEL - De Jerusalém, Emissoras Latinas, Raquel Perez.

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