domingo, fevereiro 13, 2011


HOJE É DOMINGO


As manhãs de Domingo, nesta minha velhinha cidade de Santarém, são calmas e relaxantes. Mesmo hoje que é dia de feira (Domingo sim, Domingo não) essa sensação de um certo abandono está presente nas pessoas que vagueiam por entre os produtos expostos nas bancas na mira de comprarem por melhor preço ou de qualidade mais genuína, fora dos padrões impostos pelos grandes espaços comerciais.

O meu Café, ao Domingo, tem clientela acrescida, vêm os filhos e os netos, há mais barulho, menos sossego mas eu não tenho dificuldade em concentrar-me na leitura dos jornais desligando-me do meio ambiente.

Está na ordem do dia o Egipto. Depois de ter caído o Muro de Berlim, foi agora a vez do Muro do Nilo. Toda a Europa democrata que conviveu e apadrinhou o líder ditador ao longo de trinta anos regozija-se agora com a sua queda.

Convinha-nos aquela paz podre e musculada que impunha e permitia a tranquilidade nos circuitos turísticos: máquinas de fotografar e de filmar a recolherem imagens de uma realidade que só nos interessava exactamente para isso, para a fotografia. Mais uma viagem que, com o tempo, se mistura na nossa memória com outras que fizemos… porque é tudo muito rápido, tudo a fugir, tudo de passagem.

E agora? Como vai evoluir a situação do povo das pirâmides? Lembram-se dos tempos conturbados no nosso país depois da revolução dos Cravos?

É-nos reconfortante ver tudo acabar (?) em bem com as pessoas, não só os jovens, a varrerem as ruas e a removerem o lixo em sacos de plástico chamando-lhes os “restos da ditadura” dando uma nova imagem daquela a que agora chamam a Praça da Libertação e que durante 18 dias foi palco de cenas de desordem e pancadaria com mortos, hoje heróis, feridos e muitas cabeças partidas com o espectáculo do sangue por todo o lado.

A nossa simpatia vai toda para essa juventude, para toda essa gente que “tratou” do seu futuro sem queimar bandeiras nem palavras de ódio.
Muitos milhares de pessoas naquele país e na cidade do Cairo dependem dos permanentes fluxos turísticos para a sobrevivência diária e, para já, a melhor maneira de os ajudar seria inscrevermo-nos na próxima excursão para recolhermos imagens, agora, não só das pirâmides e da esfinge mas também de um povo que finalmente, ao fim de décadas de ditadura, vive agora a experiência nova da liberdade… da aventura arriscada da liberdade.

Por cá, as manobras do costume da “baixa política”, da política ineficaz, do espectáculo dos senhores deputados “ralhando” uns com os outros e com os senhores do governo enquanto a taxa de juro dos empréstimo continua a subir sem podermos fazer nada e sem que ninguém nos defenda.

Parece que lá para Março vamos ter uma moção de censura – instrumento político concebido para derrubar governos e provocar, em antecipação, novas eleições – mas esta, que foi anunciada pelo Bloco de Esquerda, parece ter sido para atingir outros desígnios sobre os quais ainda não existe consenso mas todos os comentadores e políticos falam dela e, naturalmente, foi para isso que a anunciaram: para falarmos dela.

Mas hoje é Domingo e já nos basta a chuva que cai e o algum frio que faz para, ainda por cima, gastarmos tempo com inutilidades políticas.

Bom Domingo para todos.

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