HOJE É
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)
Considero-me, e às pessoas da minha geração, protagonistas das maiores transformações da sociedade humana exceptuando, talvez, aquela fase de transição da vida livre do nosso antepassado do paleolítico que vivia em contacto com a natureza, percorrendo os espaços na liberdade condicionada por aquilo que ela tinha para lhe oferecer, para a outra, para a escravidão monótona do trabalho da terra. Mas mesmo aí, tudo se terá passado de maneira tão lenta e gradual que os traumas terão sido muito atenuados.
Ao contrário, hoje tudo acontece de forma meteórica… Ainda ontem, e eu nasci com o início da 2ª G.G., convivíamos com os morgados, que exportámos para o Brasil na pessoa dos coronéis, e já estamos agora no mundo global, liderado não sabemos bem por quem, possuído por meia dúzia de senhores cujas fotografias aparecem por vezes nos jornais e por outros que preferem o descrição (eles lá sabem por quê), na mão de “lobis” e de empresas de “rating”, que desconhecemos o que sejam, como apareceram e ganharam tanto poder.
Sem que déssemos bem por isso, integrámo-nos na europa, perdemos o velho escudo por troca com o euro, passámos a viajar e a fazer compras nas lojas dos países europeus como se estivéssemos nas lojas de Lisboa ou de Viseu, a pagar com a “nossa nova moeda”, como se fôssemos ricos… orgulhosos dessa nova condição de europeus, com a sensação deliciosa de que o paraíso (não confundir com os “fiscais”) tinha descido à nossa terra.
Sem que déssemos bem por isso, integrámo-nos na europa, perdemos o velho escudo por troca com o euro, passámos a viajar e a fazer compras nas lojas dos países europeus como se estivéssemos nas lojas de Lisboa ou de Viseu, a pagar com a “nossa nova moeda”, como se fôssemos ricos… orgulhosos dessa nova condição de europeus, com a sensação deliciosa de que o paraíso (não confundir com os “fiscais”) tinha descido à nossa terra.
Período houve em que todos os dias nos enviaram milhões de euros de “apoios comunitários”, tantos que nem tínhamos capacidade para os aplicar criteriosamente mas, se os tínhamos negociado, não ficava bem devolvê-los só por uma questão de seriedade… Muitas pessoas perderam a cabeça, a fartura era tanta e a tentação ainda maior… foram anos de delírio. Portugal não era o mesmo, as cidades do interior estavam diferentes, acrescentadas e renovadas...afinal, ser da Europa era muito bom… que vícios então se adquiriram!...
Agora, com a presença dos representantes dos nossos credores em Lisboa, vamos conhecer a outra face da europa sem fronteiras, de um mundo Global em que ricos e pobres, Norte e Sul, parecem estar na fase do ajuste de contas…
Das “bocas” que nos lançam por essa europa fora sinto-me envergonhado e humilhado. Que me podiam fazer de pior os meus governantes?
Raphael Minder, correspondente do New York Times e do International Tribune para Portugal e Espanha, chegado agora a Lisboa, perante as manifestações de desafogo financeiro observadas em certos locais da nossa capital diz:
- “Das três uma: ou os portugueses ainda não se aperceberam da gravidade da crise; ou perceberam e querem festejar até ao cair do pano; ou o país está dividido em dois, o que sofre, cada vez mais pobre, e outro que esgota as mesas dos restaurantes.”
Eu percebi, estou triste e muito apreensivo mas mantenho a esperança porque ela é indispensável para a sobrevivência do meu estado de espírito.
A contrastar com o resto, o estado do tempo em Santarém e no país continua espectacular: quem tem este sol, este céu e este mar só pode manter a confiança.
Bom Domingo a todos.
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