TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 70
Onde iriam ficar quando demorassem na cidade, ou o genro pensa que dona Brígida pretende apodrecer nesses matos? Contentar-se com os quartos de fundo do armazém na promiscuidade de caixeiros e cabras? O capitão imagina estar tratando com quem? Não era uma qualquer.
Aberta a discussão logo se encerrou e de uma vez para sempre. Ia dona Brígida no maior embalo, no auge da indignação, quando o capitão explodiu: - Merda!
Ficou dona Brígida de boca aberta, a mão no ar. O capitão fuzilava-a com os olhos miúdos. Que casa nem meio casa, quem pagara a hipoteca ao banco? Tanta empáfia, fidalga de bosta, um saco de bosta é o que a senhora é, não tem onde cair defunta e se aqui encontra teto e comida agradeça ser mãe de Dóris. Se quer ir embora passar fome na cidade, viver da pensão do Estado, a cancela está aberta, saia quanto antes, não faz falta a ninguém. Mas se pretende continuar aqui, vivendo às minhas custas, então enfie a língua no cu, nunca mais levante a voz.
Nessa hora infame onde Dóris para apoiá-la, dando-lhe forças para a luta? Muito ao contrário, manteve-se sempre ao lado do marido contra a própria mãe. - A senhora, Mãe, está ficando insuportável. Justo até tem paciência demais. Ele com tantos problemas a resolver e a senhora a provocar. Pelo amor de Deus, acabe com isso, deixe a gente viver em paz.
Um dia, ouvindo-a queixar-se a uma visita da cidade, Dóris levantou-se em sua frente, irada. - Pare com isso de uma vez, Mãe, se quiser continuar a viver aqui. Vive de favor e ainda se queixa.
Rompeu-se o trono de Rainha: fidalga de merda, rompeu-se uma corda em seu juízo. Sorumbática, caramuja, num resto de dignidade, deixou de falar com o genro, com Dóris apenas o estritamente necessário. Passou a falar sozinha pelos matos.
Quanto a Dóris, perdeu qualquer resquício de dignidade, de pudor, de amor-próprio, um trapo nas mãos do marido, que retornara por completo aos hábitos e ao carácter anteriores ao casamento.
Frequentemente o capitão chegava da cidade pela madrugada, e no suor a empapar o peito gordo Dóris sentia cheiro de fêmeas, perfumes baratos, odores fortes, vestígios à mostra – jamais passara pela cabeça de Justiniano Duarte da Rosa ocultá-los à esposa. Assim mesmo, recém chegado de outra, no quarto dos fundos do armazém ou na pensão de Gabi, montava-a de sobremesa, a magrela nessas ocasiões se superava, ah! não havia puta que se lhe comparasse! Outras vezes acontecia estar tão cansado a ponto de nem lavar os pés, recusando água morna e carinhos, “vá pró inferno, me deixe em paz”, ferrava no sono.
Desfeita, Dóris atravessava a noite a chorar – a chorar baixinho para não incomodá-lo. Quem sabe, ao acordar de manhãzinha? À espera, escrava a seus pés. Nunca se atreveu a reclamar, jamais abriu a boca para uma queixa. Nem mesmo quando o capitão, irascível e estúpido a maltratava, injúrias e insultos.
Quem se comia por dentro era dona Brígida, tanta amargura foi-lhe destruindo o juízo. Certa vez, porque Dóris se demorasse a trazer-lhe o paletó meteu-lhe a mão na cara na vista da mãe: - Não ouviu chamar, lesma? (clik na imagem).
Aberta a discussão logo se encerrou e de uma vez para sempre. Ia dona Brígida no maior embalo, no auge da indignação, quando o capitão explodiu: - Merda!
Ficou dona Brígida de boca aberta, a mão no ar. O capitão fuzilava-a com os olhos miúdos. Que casa nem meio casa, quem pagara a hipoteca ao banco? Tanta empáfia, fidalga de bosta, um saco de bosta é o que a senhora é, não tem onde cair defunta e se aqui encontra teto e comida agradeça ser mãe de Dóris. Se quer ir embora passar fome na cidade, viver da pensão do Estado, a cancela está aberta, saia quanto antes, não faz falta a ninguém. Mas se pretende continuar aqui, vivendo às minhas custas, então enfie a língua no cu, nunca mais levante a voz.
Nessa hora infame onde Dóris para apoiá-la, dando-lhe forças para a luta? Muito ao contrário, manteve-se sempre ao lado do marido contra a própria mãe. - A senhora, Mãe, está ficando insuportável. Justo até tem paciência demais. Ele com tantos problemas a resolver e a senhora a provocar. Pelo amor de Deus, acabe com isso, deixe a gente viver em paz.
Um dia, ouvindo-a queixar-se a uma visita da cidade, Dóris levantou-se em sua frente, irada. - Pare com isso de uma vez, Mãe, se quiser continuar a viver aqui. Vive de favor e ainda se queixa.
Rompeu-se o trono de Rainha: fidalga de merda, rompeu-se uma corda em seu juízo. Sorumbática, caramuja, num resto de dignidade, deixou de falar com o genro, com Dóris apenas o estritamente necessário. Passou a falar sozinha pelos matos.
Quanto a Dóris, perdeu qualquer resquício de dignidade, de pudor, de amor-próprio, um trapo nas mãos do marido, que retornara por completo aos hábitos e ao carácter anteriores ao casamento.
Frequentemente o capitão chegava da cidade pela madrugada, e no suor a empapar o peito gordo Dóris sentia cheiro de fêmeas, perfumes baratos, odores fortes, vestígios à mostra – jamais passara pela cabeça de Justiniano Duarte da Rosa ocultá-los à esposa. Assim mesmo, recém chegado de outra, no quarto dos fundos do armazém ou na pensão de Gabi, montava-a de sobremesa, a magrela nessas ocasiões se superava, ah! não havia puta que se lhe comparasse! Outras vezes acontecia estar tão cansado a ponto de nem lavar os pés, recusando água morna e carinhos, “vá pró inferno, me deixe em paz”, ferrava no sono.
Desfeita, Dóris atravessava a noite a chorar – a chorar baixinho para não incomodá-lo. Quem sabe, ao acordar de manhãzinha? À espera, escrava a seus pés. Nunca se atreveu a reclamar, jamais abriu a boca para uma queixa. Nem mesmo quando o capitão, irascível e estúpido a maltratava, injúrias e insultos.
Quem se comia por dentro era dona Brígida, tanta amargura foi-lhe destruindo o juízo. Certa vez, porque Dóris se demorasse a trazer-lhe o paletó meteu-lhe a mão na cara na vista da mãe: - Não ouviu chamar, lesma? (clik na imagem).
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