domingo, maio 22, 2011

HOJE É
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)



Retemperado da minha viagem à Turquia durante uma semana, aqui estou novamente sentado à mesa do meu Café nesta manhã de Domingo.

Parece que foi muito mais tempo do que apenas uma semana mas todos nós sabemos que, embora cada hora tenha rigorosamente sessenta minutos e cada dia vinte e quatro horas, a nossa mente faz uma gestão diferente das horas e dos dias consoante as circunstâncias, fazendo lembrar o tema de um programa cultural de televisão: O Tempo e o Modo. Sim, o modo de como vivemos o tempo.

Bem, esqueci-me completamente da crise do país e percebi que as minhas”dores” não ajudam nem desajudam à situação e por isso estou mais liberto de espírito.

Politicamente, vim encontrar um panorama em que parece estarmos no ponto zero pois os dois maiores partidos, a duas semanas das eleições, estão empatados: é forte a rejeição ao governo como não é forte a alternativa. Duas forças iguais e de sentido contrário anulam-se e nesta situação o eleitor atrasa a tomada de decisão mas, por outro lado, pode sentir-se estimulado ao voto pensando que ele pode ser decisivo.


O debate de ontem à noite parece ter ajudado Passos Coelho tornando-o mais credível mas durante as próximas duas semanas Sócrates e a máquina socialista vão repetir os seus argumentos de que o país não pode correr riscos em aventuras e radicalismos de políticos inexperientes que põem em causa o estado social, fundamentalmente o Sector da Saúde o qual, para uma população envelhecida e carente de cuidados médicos, é muito importante.

Aguardemos, que é aquilo que não podemos deixar de fazer… é que embora o programa de governo já esteja escrito e negociado com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o FMI, a sua execução não vai ser fácil e dela depende o nosso futuro próximo.

Regressando á Turquia que deixei há dois dias e que já tinha visitado em 2009, deixem-me dizer-lhes que quem não a conhece é capaz de imaginar um país muito diferente daquele que realmente é. Com quase 800.000 Km2 não se pode falar dele como um todo pois as diferenças entre as várias regiões que a compõem são muito grandes como acontece com o Brasil ou os E.U.A.

Com uma população de 75 milhões de habitantes, 27,5% são jovens, 50% têm até 45 anos e a idade média é de 27,5 anos. Esta é uma das grandes riquezas do país: a sua juventude. Istambul, por exemplo, que nos anos 60/70 tinha 1.500.000 habitantes tem hoje 16 milhões.


A mim foi-me dado conhecer a região Sul/Oeste, banhada pelo Mediterrâneo, mais turística, mais desenvolvida, historicamente mais influenciada pela presença de Gregos (com os quais os turcos têm afinidades) e Romanos. As primeiras comunidades cristãs viveram na região da Capadócia onde se encontram as primeiras capelas do Séc. VI embora hoje a principal e dominante religião seja a Islamita.

Na primeira visita em 2009, fui à região da Capadócia, ao centro, a Norte de Antalya, notável pelas características formações geológicas, com as suas planícies lunares onde se elevam formações rochosas longilíneas que se assemelham a cogumelos ou, como lhes chamam, “chaminés-de-fada”e, acima de tudo, por notáveis cidades subterrâneas com cerca de 150 Km de extensão, capazes de albergar e esconder até 20.000 pessoas e começadas a construir há mais de 3 mil anos.

Entrei dentro de uma delas e a sensação é de que estava na presença da maior obra de engenharia da antiguidade só possível pela qualidade das rochas sedimentares resultantes da acumulação e compressão das cinzas de três vulcões há cinco milhões de anos e, naturalmente, pelo admirável engenho dos homens que ao longo dos séculos as foram talhando.

Bem, por agora, não vos maço mais. Numa próxima ocasião falar-vos-ei de dois homens, duas figuras incontornáveis na Turquia: Ataturk, (Mustafá Kemal Ataturk), fundador da República da Turquia, considerado o “pai dos turcos”, falecido relativamente novo, de cirrose, com 50 anos de idade, em 1938, às 9 horas e 5 minutos de 10 de Novembro. Todos os turcos, durante esse minuto, param o que estão a fazer e celebram efusivamente o seu Presidente.

O outro é Nasredin Hodja, filósofo que viveu no Século XIII na região central da Turquia e que com as suas histórias bem humoradas, aparentemente simples e ingénuas mas muito inteligentes e sábias, atravessou todas as gerações de turcos até hoje influenciando positivamente as mentalidades e ultrapassou fronteiras. Algumas delas foram-me contadas pela minha avó materna quando era menino sem saber que afinal… eram do sábio Hodja. Contá-las-ei aqui no Memórias Futuras.
Um Bom Domingo para todos
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(Na imagem o Convento de São Francisco fundado em 1242 por D. Sancho II para instalação dos franciscanos.É um dos melhores exemplares do Gótico em Portugal)

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