TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 199
22
O sacristão acende as velas, dois altos castiçais aos pés da cama, dois à cabeceira. Ao entrar, mastigando uma oração, persignara-se, o olho cúpido posto em Tereza, a imaginá-la na hora da morte do doutor, recebendo no bucho a gala e o sangue. Será que ela também gozara? Duvidoso, estas tipas metidas com homens velhos apenas representam na cama, para enganar os trouxas, guardando o fôlego para os outros, os xodós, os rapagões.
Não sendo Nina de absolver ninguém, muito ao contrário, no entanto afirma que a tipa se manteve honesta, não tendo caso conhecido, não recebendo estranhos às escondidas. Com certeza por medo de vingança, esses Guedes são uma raça de tiranos. Ou para garantir o conforto, o luxo, fazer um gordo pé-de-meia. Honesta, pode ser mas não é certo. Essas finórias enganam a Deus e ao Diabo, quanto mais a velho caduco, apaixonado, e a criada analfabeta.
Os olhos do sacristão vão de Tereza para o padre Vinícius. Quem sabe, o padre? Também ele, Clerêncio, sacristão atento e alerta, nunca pegara o padre em falso, escorregando o pé, castigando a batina. Com o finado padre Freitas, a conversa era outra: em casa a afilhada, um pancadão; na rua quantas viessem.
Bons tempos para o sacristão, agindo de leva-e-traz, na intimidade das descaradas. Padre Vinícius, moço e desportivo, língua solta, pouco paciente com as beatas, nunca dera lugar a comentários apesar da vigilância das comadres, em pé de guerra atrás de uma suspeita.
Tanta virtude e soberba não impediram o padre de frequentar a casa da tipa, covil de amásia, moradia do pecado, ali se empanturrando de comida e vinho, regalando o pandulho. Só o pandulho? Talvez, nesse mundo velhaco a gente encontra de um tudo, até padre donzelo.
Todavia, Clerêncio não ficará admirado caso se venha a descobrir que o padre e a tipa andavam a comer ao assanhaço e à andorinha.
Padre e rapariga são bons para o Inferno, quem bem sabe é Clerêncio, sacristão e putanheiro.
Tereza absorta, na cadeira, Clerêncio lança-lhe um último olhar: pedaço de mulher, se ele a pegasse, ah! que regalo. Não nessa noite, porém, quando ela está prenha da morte. Estremece o sacristão: tipa imunda. Faz o pelo sinal, o padre também, saem os dois.
Clerêncio para prosseguir na prosa com Nina e Lula, o padre para esperar a família Guedes no jardim.
A aurora surge num barrufo de chuva. No quarto ainda é noite: as quatro velas, chama vacilante e pífia, Tereza e o doutor.
23
Passaram a ser vistos juntos na rua, durante o dia. De começo, nas saídas matutinas para o banho de rio, um dos prazeres do doutor. Desde que instalara a amásia em Estância o usineiro tornou-se freguês do banho na Cachoeira do Ouro no rio Piauitinga. Sozinho, ou em companhia de João Nascimento Filho, lá se ia para o rio de manhã cedinho:
- Esse banho é saúde, mestre João. (clik na imagem)
Episódio Nº 199
22
O sacristão acende as velas, dois altos castiçais aos pés da cama, dois à cabeceira. Ao entrar, mastigando uma oração, persignara-se, o olho cúpido posto em Tereza, a imaginá-la na hora da morte do doutor, recebendo no bucho a gala e o sangue. Será que ela também gozara? Duvidoso, estas tipas metidas com homens velhos apenas representam na cama, para enganar os trouxas, guardando o fôlego para os outros, os xodós, os rapagões.
Não sendo Nina de absolver ninguém, muito ao contrário, no entanto afirma que a tipa se manteve honesta, não tendo caso conhecido, não recebendo estranhos às escondidas. Com certeza por medo de vingança, esses Guedes são uma raça de tiranos. Ou para garantir o conforto, o luxo, fazer um gordo pé-de-meia. Honesta, pode ser mas não é certo. Essas finórias enganam a Deus e ao Diabo, quanto mais a velho caduco, apaixonado, e a criada analfabeta.
Os olhos do sacristão vão de Tereza para o padre Vinícius. Quem sabe, o padre? Também ele, Clerêncio, sacristão atento e alerta, nunca pegara o padre em falso, escorregando o pé, castigando a batina. Com o finado padre Freitas, a conversa era outra: em casa a afilhada, um pancadão; na rua quantas viessem.
Bons tempos para o sacristão, agindo de leva-e-traz, na intimidade das descaradas. Padre Vinícius, moço e desportivo, língua solta, pouco paciente com as beatas, nunca dera lugar a comentários apesar da vigilância das comadres, em pé de guerra atrás de uma suspeita.
Tanta virtude e soberba não impediram o padre de frequentar a casa da tipa, covil de amásia, moradia do pecado, ali se empanturrando de comida e vinho, regalando o pandulho. Só o pandulho? Talvez, nesse mundo velhaco a gente encontra de um tudo, até padre donzelo.
Todavia, Clerêncio não ficará admirado caso se venha a descobrir que o padre e a tipa andavam a comer ao assanhaço e à andorinha.
Padre e rapariga são bons para o Inferno, quem bem sabe é Clerêncio, sacristão e putanheiro.
Tereza absorta, na cadeira, Clerêncio lança-lhe um último olhar: pedaço de mulher, se ele a pegasse, ah! que regalo. Não nessa noite, porém, quando ela está prenha da morte. Estremece o sacristão: tipa imunda. Faz o pelo sinal, o padre também, saem os dois.
Clerêncio para prosseguir na prosa com Nina e Lula, o padre para esperar a família Guedes no jardim.
A aurora surge num barrufo de chuva. No quarto ainda é noite: as quatro velas, chama vacilante e pífia, Tereza e o doutor.
23
Passaram a ser vistos juntos na rua, durante o dia. De começo, nas saídas matutinas para o banho de rio, um dos prazeres do doutor. Desde que instalara a amásia em Estância o usineiro tornou-se freguês do banho na Cachoeira do Ouro no rio Piauitinga. Sozinho, ou em companhia de João Nascimento Filho, lá se ia para o rio de manhã cedinho:
- Esse banho é saúde, mestre João. (clik na imagem)
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