domingo, outubro 23, 2011

HOJE È


DOMINGO


No Hoje é Domingo, um bocadinho a reboque dos tempos que correm, lembrei-me de vos falar do exercício da futurologia, mais prosaicamente, a adivinhação do dia de amanhã.

O difícil, aliciante e irresistível neste exercício é de que as nossas previsões não traduzam, mesmo inconscientemente, os nossos desejos, correspondam aos nossos interesses materiais ou ideológicos, condicionando e enviesando o comportamento dos outros na tentativa de “driblar” o futuro.

Jesus Cristo confundiu os seus desejos com a realidade futura e enganou-se. Acreditou no fim do mundo e na vinda do Reino de Deus… afirmou-o, prometeu-o. Por isso, ou por um simples e ingénuo desejo de justiça igualitária, alguns dos seus seguidores, os ricos, venderam tudo o que tinham, distribuíram os bens pelos pobres e ficaram em paz a aguardar o fim do mundo prometido pelo mestre.

Mesmo enganando-se nas previsões de fim do mundo, que não na sua mensagem de justiça e de amor, Jesus Cristo, terá sido o homem que mais influenciou os destinos de toda a humanidade. Falhou como futurologista, acertou em cheio como mensageiro.

Depois de Jesus Cristo, muitos outros têm previsto o fim do mundo (a mais apocalíptica das previsões…) e se continuarmos nesta senda corremos o risco de, com previsão ou sem ela, ele acabar mesmo, pelo menos tal como o conhecemos hoje.

Na realidade, todos os dias ele acaba: para os que morrem, para as espécies que desaparecem, para as paisagens que se alteram, mas isso já não é futurologia…

Menos perigoso, quase ingénuo ou inofensivo, é um outro exercício de futurologia que consiste em fazer previsões sobre aquilo que teria sido o presente se tivéssemos podido alterar o passado.

Por exemplo: como teria sido a vida dos portugueses se dois dos políticos mais influentes após a revolução dos Cravos, em 1974, Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, não tivessem morrido num estranho acidente de avioneta na noite fatídica de 4 de Dezembro de 1980?

Como estaríamos nós agora se não tivessem descoberto e posto em prática essa “engenharia” das PPP (Parcerias Público Privadas) que é uma maneira de hipotecar o futuro como se o mundo acabasse amanhã?

Mas nesta história do se… abre-se agora uma nova janela, aliciante, que nos permitirá regressar ao passado e alterá-lo criando um outro futuro mais ao nosso jeito, pelo menos diferente deste. E como? Cavalgando um Neutrino.

Ah, os meus amigos não sabem o que é um Neutrino? É uma partícula subatómica que os físicos europeus já afirmam ser mais rápida que a luz (o que diria Einstein…) o que, a ser verdade e em hipótese, permitir-nos-á viajar no tempo, regressar ao passado, andar para trás, “ir lá…”, estão a perceber… cavalgando um Neutrino, meteríamos os Drs. Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa num avião como deve ser e não aquele “cangalho desafinado e a cair de velho”, teríamos impedido as PPP que nos vão custar os olhos da cara lá para 2017, etc..., etc...

É esta capacidade que nós, Homo Sapiens, temos e mais ninguém possui: fazer voar a nossa imaginação, através dela sonhar, recriar a realidade, construir só para nós uma outra onde seremos felizes para sempre… como nas histórias da nossa avózinha!


Numa entrevista com um físico japonês especialista nas Teorias de Einstein, perguntaram-lhe:

- Bem, e se pudermos viajar no tempo, regressar ao passado e alterá-lo como fica depois?

- Ficarão duas realidades, a que estava continua e começa outra a partir dos factos alterados… respondeu ele.

Ou seja, digo eu, teríamos um Portugal sem Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, que já conhecemos, que o vivemos, e um outro resultante da continuação entre nós daqueles dois grandes políticos que começaria no exacto momento em que interferíamos no passado impedindo-os de entrarem no calhambeque voador e assassino…

Estou a imginar a confusão. Seria tanta que o preferível é mesmo o Neutrino aceitar a velocidade da luz estabelecida por Einstein como sendo a velocidade máxima… e deixar à imaginação o que é da imaginação e à realidade o que é da realidade. Foi esta que nós construimos com o poder que temos de determinar os nossos actos, escolhermos os nosso caminhos, tudo o que não fôr isto seria batotice.


(Clik na imagem do Largo do Parque Chiquito. O busto é do padre Francisco Nunes da Silva, conhecido pelo padre Chiquito, grande defensor do operariado em Santarém. O busto é da autoria do escultor Rodrigo de Castro e foi inauguraddo no dia 1 de Maio de 1919.)

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