sexta-feira, fevereiro 10, 2012

COMENTÁRIOS ADICIONAIS


À ENTREVISTA Nº 38 SOBRE O TEMA:


“A CASTIDADE” (2)

Sexualidade: Uma Fonte de Pecado



O mito de Adão e Eva e o pecado original - o mito fundador da cultura judaico-cristã, expressa já uma visão profundamente patriarcal. Este mito foi entendido pelo cristianismo desde muito cedo como a explicação para a origem de todos os sofrimentos e males do mundo como prova de que nós nascemos ruins e poluídos pelo pecado como a raiz da inferioridade do corpo perante o espírito, como base para a discriminação das mulheres, vendo em todas elas "clones" de Eva e, portanto, transportadoras de um corpo que é a tentação, risco e veículo para o pecado. A mulher é a "porta de entrada do diabo", disse Tertuliano.

Este conjunto de ideias doentias, alheias à mensagem de Jesus, mas já presentes no judaísmo do seu tempo, alimentou - se depois de preconceitos semelhantes presentes no helenismo e enraizou-se na doutrina dos Padres da Igreja, que tiveram uma visão de sexualidade, especialmente da sexualidade feminina, profundamente negativa. O Sexo, deixou de ser a expressão de um prazer sagrado, um veículo sublime da comunicação humana, uma metáfora do amor de Deus, para se tornar sujo, negativo e degradante. Sob essa influência, e desde os primeiros séculos cristãos, considerou-se que a castidade e a abstinência, a rejeição de contacto físico com mulheres, era uma virtude sublime que se acercava mais de Deus e da "perfeição".

Essa visão rapidamente se ancorou na teologia e em breve se traduziu em leis que afectaram a espiritualidade cristã.

Toda a moral sexual cristã, especialmente a da Igreja Católica - que considera, até hoje, "intrínseca e gravemente desordenada" uma expressão da sexualidade tão inócua e normal como a masturbação - herdeira dos tabus derivados do mito de Adão e Eva.

Nos últimos anos, os teólogos de todo o mundo têm trabalhado para construir uma visão alternativa da sexualidade mas o dano causado a gerações e gerações de pessoas é incomensurável.

Até mesmo a trivialidade e a banalização do sexo vivido agora por uma grande parte da juventude pode ser interpretada como uma reacção de rejeição ao peso insuportável de tabus impostos durante séculos de repressão e obscurantismo.

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