GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 12
- Salve a ilustre companhia… – Apertava as mãos, ia contando: - Tou morrendo de sono, quase não dormi. Andei no Bataclan com o árabe Nacib, acabámos indo para a casa da Machadão, comida e mulher… Mas não podia deixar de comparecer ao desembarque de Mundinho…
Em frente à garagem de Moacir Estrela juntavam-se os passageiros da primeira marinete. O sol aparecera, um dia esplêndido.
- Vai ser uma safra de primeira.
- Amanhã tem um jantar, um banquete das marinetes…
- É verdade, o russo Jacob me convidou.
A conversa foi interrompida por apitos repetidos, breves e aflitos do navio. Houve um movimento de expectativa na ponte. Até os carregadores pararam para escutar.
- Encalhou!
- Porcaria de barra!
- Continuando assim, nem navio da Baiana vai poder entrar no porto.
- Quanto mais da costeira e do Lloyd.
A costeira já ameaçou suspender a linha.
Barra difícil e perigosa, aquela de Ilhéus, apertada entre o morro do Unhão, na cidade, e o morro de Pernambuco, numa ilha ao lado do Pontal. Canal estreito e pouco profundo, de areia movendo-se continuamente, a cada maré.
Era frequente o encalhe de navios, por vezes demoravam um dia para libertar-se. Os grandes paquetes não se atreviam a cruzar a barra assustadora, apesar do magnífico ancoradouro de Ilhéus.
Os apitos continuavam angustiosos, pessoas vindas para esperar o navio começavam a tomar o caminho da Rua do Unhão para ver o que se passava na barra.
- Vamos até lá?
- Isso é revoltante – dizia o Doutor, enquanto o grupo caminhava pela rua sem calçamento, contornando o morro.
- Ilhéus produz grande parte do cacau que se consome no mundo, tem um porto de primeira, e, no entanto, a renda da exploração do cacau fica é na cidade da Baía. Tudo por causa dessa maldita barra…
Agora, que as chuvas tinham cessado, nenhum assunto mais empolgante do que aquele para os Ilheenses. Sobre a barra e a necessidade de torná-la praticável para os grandes navios discutia-se todos os dias e em todas as partes. Sugeriam-se medidas, criticava-se o governo, acusava-se a Intendência de pouco caso. Sem que a solução fosse dada, ficando as autoridades em promessas e as docas da Baía recolhendo as taxas de exportação.
Enquanto a discussão mais uma vez fervia, o Capitão atrasou-se, tomou-se do braço de Nhô-Galo, a quem ele deixara, por volta da uma da madrugada, na porta de Maria Machadão.
- E a zinha, que tal?
- Papa fina… - murmurou Nhô-Galo com sua voz fanhosa. E contou: - Você não sabe o que perdeu. Você precisava ter visto o árabe Nacib fazendo declaração de amor àquela zarolha nova que saíu com ele. Era de mijar de rir…
Os apitos do navio cresciam em desespero, eles apressaram o passo, aparecia gente de todos os lados.
Em frente à garagem de Moacir Estrela juntavam-se os passageiros da primeira marinete. O sol aparecera, um dia esplêndido.
- Vai ser uma safra de primeira.
- Amanhã tem um jantar, um banquete das marinetes…
- É verdade, o russo Jacob me convidou.
A conversa foi interrompida por apitos repetidos, breves e aflitos do navio. Houve um movimento de expectativa na ponte. Até os carregadores pararam para escutar.
- Encalhou!
- Porcaria de barra!
- Continuando assim, nem navio da Baiana vai poder entrar no porto.
- Quanto mais da costeira e do Lloyd.
A costeira já ameaçou suspender a linha.
Barra difícil e perigosa, aquela de Ilhéus, apertada entre o morro do Unhão, na cidade, e o morro de Pernambuco, numa ilha ao lado do Pontal. Canal estreito e pouco profundo, de areia movendo-se continuamente, a cada maré.
Era frequente o encalhe de navios, por vezes demoravam um dia para libertar-se. Os grandes paquetes não se atreviam a cruzar a barra assustadora, apesar do magnífico ancoradouro de Ilhéus.
Os apitos continuavam angustiosos, pessoas vindas para esperar o navio começavam a tomar o caminho da Rua do Unhão para ver o que se passava na barra.
- Vamos até lá?
- Isso é revoltante – dizia o Doutor, enquanto o grupo caminhava pela rua sem calçamento, contornando o morro.
- Ilhéus produz grande parte do cacau que se consome no mundo, tem um porto de primeira, e, no entanto, a renda da exploração do cacau fica é na cidade da Baía. Tudo por causa dessa maldita barra…
Agora, que as chuvas tinham cessado, nenhum assunto mais empolgante do que aquele para os Ilheenses. Sobre a barra e a necessidade de torná-la praticável para os grandes navios discutia-se todos os dias e em todas as partes. Sugeriam-se medidas, criticava-se o governo, acusava-se a Intendência de pouco caso. Sem que a solução fosse dada, ficando as autoridades em promessas e as docas da Baía recolhendo as taxas de exportação.
Enquanto a discussão mais uma vez fervia, o Capitão atrasou-se, tomou-se do braço de Nhô-Galo, a quem ele deixara, por volta da uma da madrugada, na porta de Maria Machadão.
- E a zinha, que tal?
- Papa fina… - murmurou Nhô-Galo com sua voz fanhosa. E contou: - Você não sabe o que perdeu. Você precisava ter visto o árabe Nacib fazendo declaração de amor àquela zarolha nova que saíu com ele. Era de mijar de rir…
Os apitos do navio cresciam em desespero, eles apressaram o passo, aparecia gente de todos os lados.
(click na imagem de Ilhéus na qual se percebe perfeitamente o assoreamento de uma parte da barra.)
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