segunda-feira, fevereiro 06, 2012

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

À ENTREVISTA Nº 37 SOBRE O TEMA:

“A PERSONALIDADE DE JESUS” (5)


O Puro e o Impuro. A Água e o Vinho



Nas religiões mais antigas acreditavam que, no mundo, havia pessoas, coisas ou acções impuras e, em contrapartida, pessoas, coisas e acções puros. Umas e outras contagiam. Essa impureza não tem nada a ver com a sociedade exterior. Nem a pureza com a limpeza, nem com a moral, com o "bom" ou com o "mau".
"Impure" é o que é carregado com forças perigosas e desconhecidas e o "puro" é o que tem poderes positivos. Quem se aproxima do impuro não pode aproximar-se de Deus. A pureza/impureza é uma ideia essencialmente "religiosa".
Desde tempos antigos, a religião de Israel tinha absorvido essa maneira de pensar e havia muitas leis para se protegerem da impureza em torno da sexualidade (menstruação e gonorréia eram formas de impureza); a morte (um cadáver era impuro); algumas doenças (lepra, a loucura tornavam impuros aqueles que dela padeciam; alguns alimentos e animais (o abutre, a coruja, o porco foram, entre muitos outros, animais impuros). A maioria dessas leis conservam-se, ainda hoje, no Livro do Levítico.
À medida que o povo foi evoluindo de uma religião mágica para uma religião de responsabilidade pessoal, essas ideias foram caindo em desuso. No entanto, nos tempos de Jesus, eram ainda observadas escrupulosamente por alguns grupos, e daí, as prolongadas e minuciosas lavagens e purificações de água para agradar a Deus.
Nem Jesus nem os do seu movimento praticavam estes rituais com água. (Mateus 15,1-20). Jesus os questionou e fez ostentação em não os praticar.
O "milagre" das bodas de Cana também pode ser lido como um símbolo de rejeição de Jesus a essas crenças: a água, símbolo de intermináveis purificações ordenadas pelas leis judaicas e que faziam da religião um estrito cumprimento de normas externas, Jesus transforma o vinho, num símbolo de festa, alegria e liberdade.

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