GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 54
Nacib entregou a caixa a Bico Fino, adiantou-se para o passeio.
Já arranjou cozinheira? – perguntou o Capitão, sentando-se.
- Já andei Ilhéus inteiro. Nem sombra…
- Conhaque, Nacib. Do verdadeiro, hem! – pediu Mundinho.
E uns bolinhos de bacalhau…
- Só à tarde…
- Ué, árabe, que decadência é essa?
- Assim você perde a freguesia. Mudamos de bar… – Riu o Capitão.
- De tarde já tem. Encomendei à Dos Reis.
- Ainda bem…
- Bem? Cobram uma fortuna… Perco dinheiro.
Mundinho Falcão aconselhava:
- O que você precisa, Nacib, é modernizar seu bar. Trazer frigorífico para ter gelo próprio, instalar máquinas modernas…
- Eu preciso é de uma cozinheira…
- Mande buscar em Sergipe.
- E até chegar?
Espiava o ar cúmplice dos três, o sorriso satisfeito do Capitão, a conversa interrompida, terminada de repente. Chico Moleza chegava com a bandeja das bebidas. Nacib sentou-se:
- Seu Mundinho, que diabo fez o senhor ao coronel Ramiro Bastos?
- Ao coronel? Não fiz nada. Porquê?
Foi a vez de Nacib fazer-se discreto:
- Por nada…
O Capitão, interessado, bateu-lhe nas costas, autoritário:
- Desembucha, árabe. O que foi?
- Encontrei ele hoje, na frente da Intendência. Tava sentado, quentando sol. Conversa vai, conversa vem, contei que seu Mundinho tinha chegado hoje, que ia vir o engenheiro… O velho ficou uma fera. Queria saber o que seu Mundinho tinha que ver com isso, porque se metia onde não era chamado.
- Tão vendo? – interrompeu o Capitão – A barra…
- Não é só isso, não. Quando ele estava falando, chegou o professor Josué contando que o colégio tinha sido oficializado, aí é que o homem pulou. Parece que ele tinha pedido ao Governo e não conseguiu. Batia a bengala no chão, danado da vida.
Nacib gozava o silêncio dos amigos, a impressão produzida por sua história, vingava-se do ar conspirativo com que haviam chegado. Não tardaria a saber o que andavam tramando. O Capitão falou:
- Furioso, hem? Muito mais ele ainda vai ficar, o velho pajé. Pensa que é dono disso aqui…
- Para ele, Ilhéus é como se fosse parte da sua fazenda. E nós, Ilheenses, simples empreiteiros e contratados… - Definiu o Doutor.
(Click na imagem de Sónia Braga, a nossa Gabriela, que ainda não entrou em cena para desespero do Nacib)
Já arranjou cozinheira? – perguntou o Capitão, sentando-se.
- Já andei Ilhéus inteiro. Nem sombra…
- Conhaque, Nacib. Do verdadeiro, hem! – pediu Mundinho.
E uns bolinhos de bacalhau…
- Só à tarde…
- Ué, árabe, que decadência é essa?
- Assim você perde a freguesia. Mudamos de bar… – Riu o Capitão.
- De tarde já tem. Encomendei à Dos Reis.
- Ainda bem…
- Bem? Cobram uma fortuna… Perco dinheiro.
Mundinho Falcão aconselhava:
- O que você precisa, Nacib, é modernizar seu bar. Trazer frigorífico para ter gelo próprio, instalar máquinas modernas…
- Eu preciso é de uma cozinheira…
- Mande buscar em Sergipe.
- E até chegar?
Espiava o ar cúmplice dos três, o sorriso satisfeito do Capitão, a conversa interrompida, terminada de repente. Chico Moleza chegava com a bandeja das bebidas. Nacib sentou-se:
- Seu Mundinho, que diabo fez o senhor ao coronel Ramiro Bastos?
- Ao coronel? Não fiz nada. Porquê?
Foi a vez de Nacib fazer-se discreto:
- Por nada…
O Capitão, interessado, bateu-lhe nas costas, autoritário:
- Desembucha, árabe. O que foi?
- Encontrei ele hoje, na frente da Intendência. Tava sentado, quentando sol. Conversa vai, conversa vem, contei que seu Mundinho tinha chegado hoje, que ia vir o engenheiro… O velho ficou uma fera. Queria saber o que seu Mundinho tinha que ver com isso, porque se metia onde não era chamado.
- Tão vendo? – interrompeu o Capitão – A barra…
- Não é só isso, não. Quando ele estava falando, chegou o professor Josué contando que o colégio tinha sido oficializado, aí é que o homem pulou. Parece que ele tinha pedido ao Governo e não conseguiu. Batia a bengala no chão, danado da vida.
Nacib gozava o silêncio dos amigos, a impressão produzida por sua história, vingava-se do ar conspirativo com que haviam chegado. Não tardaria a saber o que andavam tramando. O Capitão falou:
- Furioso, hem? Muito mais ele ainda vai ficar, o velho pajé. Pensa que é dono disso aqui…
- Para ele, Ilhéus é como se fosse parte da sua fazenda. E nós, Ilheenses, simples empreiteiros e contratados… - Definiu o Doutor.
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