domingo, junho 24, 2012


HOJE É 


DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)

No último “Hoje É Domingo” escrevi aqui que “ganhasse quem ganhasse no Campeonato Europeu de Futebol só era importante no plano das emoções do momento porque as nossas vidas prosseguirão indiferentes…”.

É verdade… mas ontem voltámos a ganhar, desta vez convictamente, e já estamos nas meias-finais com mais um estupendo desempenho do nosso “herói” nacional, Cristiano Ronaldo.

Na sua “disputa” com Messi para A Bola de Ouro deste ano, este desempenho, coroado com um golo lindo pleno de força, técnica e beleza estética, terá acarretado mais uns “pontinhos” pois a sua prestação neste Europeu vai ser decisiva para essa avaliação do melhor jogador do mundo.

Mas eu não gostaria de alinhar nessa guerrinha de Messi/Ronaldo porque nenhum destes dois jogadores merece ser confrontado um com um o outro por respeito, por consideração com ambos.

São dois dos melhores jogadores de futebol do mundo mas têm características diferentes: o poder e capacidade de finta curta e o pé esquerdo do Messi são incomparáveis, direi, quase mágicos, enquanto que o poder atlético, a capacidade de impulsão, a técnica de cabeceamento, a força da explosão na corrida e o chuto de Cristiano também não têm paralelo.

Cristiano, exuberante, mediático, assumidamente belo e rico. Messi, discreto, humilde, que comemora os seus golos com um sorriso de felicidade, indicadores apontados para o céu, agradecido, porque de  um menino pequenino e doente chegou ao jogador de futebol mais bem pago do mundo.

Futebol, multidões em êxtase de felicidade ou em tristeza e raiva, que acorda no recanto dos nossos cérebros os instintos comportamentais de união entre os membros dos primeiros grupos humanos e tribos primitivas contra a animosidade e raiva da tribo vizinha, o conforto da identidade com o nosso grupo, a nossa tribo, o nosso país… As emoções do momento que nos mergulham na tristeza deprimente da derrota ou na alegria esfuziante da vitória sem que possamos fazer seja o que for…

Eu vou tentar guardar dentro de mim um pouco da muita alegria que senti pela vitória de 5ª Feira contra a República Checa para contrabalançar com a tristeza que vou sentir pela próxima derrota… quando ela vier. É tudo quanto posso fazer… e que ninguém menospreze a força e importância das emoções porque se elas, na maior parte dos casos, são apenas estados de espírito que não mudam nada nas nossas vidas, pelo menos dão-lhes cor, desde o simples, frio e sorumbático preto e branco da derrota à euforia colorida do arco-íris da vitória.
(Click na imagem da Praça Sá da Bandeira)  

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