HOJE É
DOMINGO
(Da minha cidade de
Santarém)
No último “Hoje É Domingo” escrevi aqui que “ganhasse quem ganhasse no Campeonato Europeu
de Futebol só era importante no plano das emoções do momento porque as nossas
vidas prosseguirão indiferentes…”.
É verdade… mas ontem voltámos a ganhar,
desta vez convictamente, e já estamos nas meias-finais com mais um estupendo
desempenho do nosso “herói” nacional, Cristiano Ronaldo.
Na sua “disputa” com Messi para A Bola
de Ouro deste ano, este desempenho, coroado com um golo lindo pleno de força,
técnica e beleza estética, terá acarretado mais uns “pontinhos” pois a sua
prestação neste Europeu vai ser decisiva para essa avaliação do melhor jogador
do mundo.
Mas eu não gostaria de alinhar nessa
guerrinha de Messi/Ronaldo porque nenhum destes dois jogadores merece ser
confrontado um com um o outro por respeito, por consideração com ambos.
São dois dos melhores jogadores de
futebol do mundo mas têm características diferentes: o poder e capacidade de
finta curta e o pé esquerdo do Messi são incomparáveis, direi, quase mágicos, enquanto
que o poder atlético, a capacidade de impulsão, a técnica de cabeceamento, a força da explosão na corrida e o chuto de Cristiano também não têm paralelo.
Cristiano, exuberante, mediático,
assumidamente belo e rico. Messi, discreto, humilde, que comemora os seus golos
com um sorriso de felicidade, indicadores apontados para o céu, agradecido, porque
de um menino pequenino e doente chegou ao jogador de futebol mais bem pago do
mundo.
Futebol, multidões em êxtase de
felicidade ou em tristeza e raiva, que acorda no recanto dos nossos cérebros os
instintos comportamentais de união entre os membros dos primeiros grupos
humanos e tribos primitivas contra a animosidade e raiva da tribo vizinha, o conforto da identidade com o nosso grupo, a nossa tribo, o nosso país… As emoções do momento que nos mergulham
na tristeza deprimente da derrota ou na alegria esfuziante da vitória sem que
possamos fazer seja o que for…
Eu vou tentar guardar dentro de mim um
pouco da muita alegria que senti pela vitória de 5ª Feira contra a República
Checa para contrabalançar com a tristeza que vou sentir pela próxima derrota…
quando ela vier. É tudo quanto posso fazer… e que ninguém menospreze a força e
importância das emoções porque se elas, na maior parte dos casos, são apenas estados de espírito que não mudam
nada nas nossas vidas, pelo menos dão-lhes cor, desde o simples, frio e sorumbático
preto e branco da derrota à euforia colorida do arco-íris da vitória.
(Click na imagem da Praça Sá da Bandeira)
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