terça-feira, junho 26, 2012

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O Alexandre e o Mar

O meu colega e amigo Alexandre, vitima precoce de um cancro desengalgado que o tomou de gancho e decidiu perder pouco tempo com ele porque, … vá lá saber-se porquê… não simpatizou ou talvez apenas por ter muito que fazer.  Levou-o dolorosa e rapidamente. Sem paciência, nem tempo e muito menos disposição porque as dores eram muitas, o Alexandre, nos últimos dias da sua vida, pedia à Bela, sua mulher de sempre, que o metesse no carro e o levasse a ver o mar.

Estendendo a vista pelo horizonte sem fim das esverdeadas águas do Oceano Atlântico, ele encontrava como que a continuação da vida que lhe fugia, aquilo que desejava e as paredes do seu quarto não lhe permitiam.

Agradeço-te, Alexandre, não me teres chamado para o pé de ti como fazias quando eu te lia, nos bancos do Jardim do Príncipe Real, um livro do Pitigrilli. Então, chorava a rir contigo e era muito agradável… Poupaste-me as lágrimas que em nada te teriam ajudado. Ficaram, no entanto, sem eu o saber, para serem derramadas sobre a carta em que a Bela me deu a noticia uns tempos depois.

Agora, gosto de pensar que ficaste à beira-mar e neste momento, neste preciso momento, lá continuas, sentado em uma qualquer rocha, num local à tua escolha, olhando o horizonte sem que nada se possa intrometer entre a tua vista e o infinito.

Tomei a liberdade de escolher estas águas, de vários tons entre eles o verde, o nosso verde... Repara que está livre, desocupado, nada impede a tua vista de o percorrer sem limites...



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