À ENTREVISTA Nº 52 SOBRE O
TEMA:
“AS PROSTITUTAS PRIMEIRO?”(3)
Não é escravatura?
A Jornalista
cubana Rosa Miriam Elizalde estudou a realidade da prostituição em Cuba. No seu brilhante livro "Crime ou
castigo?" Julho de 2007, fornece importantes reflexões sobre a realidade
da prostituição feminina em qualquer lugar do mundo. Nós compartilhamos muitas de suas ideias
e pensamentos sobre o drama da prostituição.
Elizalde diz:
- "Meu corpo não
sou eu”, escreveu uma prostituta de 24 anos, separando o seu "ser" da
sua "alma" para defender-se, em primeiro lugar, da sua consciência
crítica. Após ter entrevistado
várias prostitutas e proxenetas, até agora ninguém tinha me dito, de forma tão
gráfica, o drama humano de quem se vende e se sujeita a uma dupla existência, a
uma esqui zofrenia, que, na prática, consiste
em dividir o corpo em dois. Ninguém,
como uma escrava sexual, vive com maior violência o drama do despojo do seu eu
mais íntimo.
“É possível»,
me dizia um amigo «vender sua alma e manter o corpo intacto. Mas é impossível vender o corpo sem
prejudicar a alma. É uma posição mais desvantajosa do que a de alguém que está
sujeita à forma mais usual: a que aliena a força do trabalhado, mas não a intimidade.”
Compreender a
prostituição como uma forma de escravatura, conduz, necessariamente, a reconhecer
que esta prática não é uma tragédia isolada. Todos
os actos de violência sexual – qualquer que eles sejam – estão intimamente entrelaçadas
com as estruturas económicas de dominação, que visam tornar invisível ou
obscura a prática sexual e que difundem e entrecruzam à difusão e cruzar como o
prejuízo segundo a moral. Marginalizadas,
humilhadas, desamparados e esquecidas, as prostitutas configuram um dos grupos
mais trágicos da vida moderna. Qualquer
que seja a lei e a atitude das autoridades, a prostituição, na generalidade das
sociedades, é uma actividade considerada socialmente desvalorizada e um mundo à
parte no curso normal da nação.
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