quinta-feira, novembro 08, 2012

Acabadinha de chegar do mar...

GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 135

Foram à noite às quermesses em frente à Igreja de São Sebastião. Por ali passava Tonico com Dª Alda. Nacib a deixou com eles, deu um pulo ao bar para ver como marchava o movimento.

Vendiam presentes nas barracas, moças estudantes tomavam conta. Rapazes compravam. Havia leilões de prendas, em benefício da Igreja. Ari santos, suando a valer, era o leiloeiro, anunciava:

 - Um prato de doces, oferta da gentil senhorinha Iracema. Doces feitos com as suas próprias mãos. Quanto me dão?

 - Cinco mil réis – oferecia um académico de Medicina.

 - Oito, aumentava um empregado do comércio.

 - Dez – lançava um estudante de Direito.

Iracema tinha muitos apaixonados, disputado era o seu portão de namoros e, por isso mesmo, o seu prato de doces.

Na hora do leilão veio gente do bar para assistir e participar. As famílias enchiam a praça, namorados trocavam sinais, noivos sorriam de braço dado.

 - Um jogo de chá, prenda da jovem Jerusa Bastos. Seis xícaras, seis pires, seis pratos para doces e outras peças.

Quanto me dão?

Ari Santos exibia uma xícara pequena.

As moças entreolhavam-se numa rivalidade de preços. Cada qual desejava que seu presente a São Sebastião fosse vendido mais caro. Os namorados e noivos gastavam dinheiro, levantando as ofertas para vê-las sorrir.

Por vezes, dois coronéis candidatavam-se à mesma lembrança. Crescia a animação, subiam os lances chegando a cem e a duzentos mil réis. Naquela noite, numa disputa com Ribeirinho, Amâncio Leal dera quinhentos mil réis por seis guardanapos. Isto já era desperdiçar, jogar dinheiro fora. Tão farto ele andava nas ruas de Ilhéus.

As moças casadoiras animavam, com os olhos, namorados e pretendentes. A ver que figura fariam quando o leiloeiro anunciasse a sua prenda. A de Iracema batera um record: o prato de doces fora levantado por oitenta mil réis. Lance de Epaminondas, sócio mais jovem de uma loja de fazendas, Soares & Irmãos.

Pobre Jerusa, sem namorado! Metida a emproada, não se passava para os moços de Ilhéus. Murmurava-se de amor na Baía, um quintanista de Medicina. Se sua família não entrasse nos lances – seu tio Tonico e Dª Olga, ou algum amigo de seu avô – seu jogo de xícaras não ia dar nada. Iracema sorria vitoriosa.

 - Quanto me dão pelo jogo de chá?

 - Dez mil réis – deu Tonico.

 - Deu quinze Gabriela, com Nacib novamente a seu lado.

O coronel Amâncio, capaz de aumentar o lance, já não estava, fora-se embora para o cabaré. Ari Santos suava, no palanque a gritar.

 - Quinze cruzeiros… quem dá mais?

 - Um conto de réis.

 - Quanto me disse? Quem foi que falou? É favor não brincar.

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