terça-feira, novembro 13, 2012


ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 85 SOBRE O TÍTULO:
“OS JUDEUS MATARAM JESUS?”




RAQUEL -  Emissoras Latinas de novo convosco. Neste momento finalizamos uma visita ao impressionante Museu do Holocausto em Jerusalém. Acompanha-nos Jesus Cristo, nosso entrevistado especial.

JESUS -  Quanto sofrimento, Raquel, quanta morte. Não consigo entender o que vimos aí dentro.

RAQUEL -  É uma história muito longa que começa com o senhor.

JESUS - Comigo?

RAQUEL - Digamos, Jesus, que perseguiram e mataram seus compatriotas, porque eles mataram o senhor primeiro.

JESUS - Continuo sem entender, Raquel.

RAQUEL – O senhor já nos explicou que Deus não queria sua morte. Mas o certo é que mataram o senhor. Os judeus o mataram. Não é verdade?

JESUS - Não, Raquel. Os responsáveis pela minha morte foram os romanos. Pôncio Pilatos. Ele assinou a sentença.

RAQUEL -  Mas estimulado pelos judeus.

JESUS - Pilatos tinha seu próprio estímulo. Era um homem impiedoso.

RAQUEL -  Mas dizem que ele duvidava, que não queria assinar, e que os judeus o pressionaram até que lavou as mãos.

JESUS - Caifás, o sumo sacerdote, e Anás queriam me eliminar, sim, mas o responsável foi Pôncio Pilatos.

RAQUEL -  Não, eu refiro-me ao povo, às pessoas. Aos que o aplaudiram no Domingo de Ramos e o traíram na Sexta-Feira Santa. Na hora da verdade, deixaram o senhor sozinho. Seu povo, o povo judeu foi quem pediu sua morte. “Crucifiquem-no, que caia seu sangue sobre nossas cabeças”.

JESUS - De onde tiraste isso, Raquel?

RAQUEL - Da sua biografia, dos evangelhos.

JESUS - Não, não foi assim. Quando o povo soube que tinham me prendido, muitos saíram às ruas reclamando minha liberdade. Eu os vi, eu os escutei.

RAQUEL -  O senhor está se esquecendo de Barrabás?

JESUS - Como vou esquecê-lo? Era um zelota famoso.

RAQUEL -  E não foi o povo judeu quem escolheu Barrabás e pediu a gritos que crucificassem o senhor?

JESUS -  E o que tu achas? Que Caifás não comprava gente, que não recrutou gente que gritasse a favor de Barrabás?

RAQUEL -  Não entendo nada, então. Desde pequenos nos disseram que os judeus mataram Cristo. Temos uma ligação... Alô?

ISRAEL - Fala Israel Finkelstein. Sou arqueólogo e historiador. Sou judeu e estou escutando ao judeu Jesus dizer uma verdade indispensável: não foi o povo judeu que matou Jesus, mas sim as autoridades religiosas. E depois, foram as autoridades romanas que espalharam pelo mundo a calúnia de que os judeus haviam morto Jesus. Nessa época, os imperadores romanos já se tinham “convertido” ao cristianismo, e por isso lavavam suas mãos, assim como Pilatos, com respeito aquele crime.

RAQUEL -  E como se explica que essa mentira tenha durado tanto, até os dias de hoje?

ISRAEL - As autoridades da igreja cristã, beneficiadas pelo império romano com grandes riquezas, regaram essa semente. Durante mais de mil anos pregaram isso, ensinaram isso. Semearam o ódio aos judeus. Seu povo, Jesus Cristo, sofreu todo tipo de abusos por essa calúnia: sempre errantes, reduzidos a guetos, perseguidos, e como deve ter visto nesse museu, aniquilados aos milhões nas câmaras de gás. Assassinados por serem judeus.

RAQUEL - Certamente haviam outras razões por trás desses horrores...

ISRAEL -  Sempre a ideologia tem razões económicas e políticas.

JESUS -  Mas me diga uma coisa, amigo. Aqui na minha terra, nestes dias, vi que meu povo devolve olho por olho. Sofreu antes e agora faz sofrer.

ISRAEL -  Também me alegra escutar ao judeu Jesus dizer isso. Sim, Jesus, nossos compatriotas humilham os palestinos, o povo judeu despreza os povos árabes, não mataram o senhor, mas têm matado, e continuam matando a muitos, pela arrogância de se achar um povo superior.

JESUS - A mesma arrogância que vi em meu tempo.

RAQUEL -  Obrigado arqueólogo Finkelstein.

JESUS - Vamos, Raquel, vamos entrar de novo.

RAQUEL -  Quer voltar ao museu?

JESUS -  Sim, já entendi. E diante de meus conterrâneos mortos, quero rogar para que meu povo aprenda que não há raça escolhida, que todos os povos são iguais diante de Deus.

RAQUEL - Directamente do Museu do Holocausto, em Jerusalém, Raquel Perez, Emissoras Latinas. 

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