Uma candidata à "passerelle" |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 167
- Ouça uma coisa, coronel: esse pilantra do
Victor Melo não será deputado por Ilhéus. Porque Ilhéus deve ser representado
por alguém daqui , interessado no seu
progresso. Mas, tirando ele, pode ser qualquer um que o senhor qui ser.
Diga um nome e eu retiro o
meu, boto o que o senhor indicar e o recomendo aos meus amigos. Dr. Alfredo? O
senhor mesmo? O senhor eu o vejo melhor na cadeira que foi do coronel Ramiro,
no Senado da Baía.
- Quero não, seu Mundinho, mas lhe agradeço.
Não quero nada para mim. Se eu votar será no senhor, nesse patife do Dr. Victor
só votaria pelo compadre. Mas para mim a política acabou. Vou viver no meu
canto.
- Vim só para lhe dizer
que não vou mais combater o senhor. Política lá em casa só depois com o meu
filho, se ele qui ser se meter nisso.
Mas tenho uma coisa a pedir ao senhor; não persiga os meninos do compadre, nem
os amigos dele. Os meninos não são grande coisa, eu sei. Mas Alfredo é homem
direito. E Tonico é um pobre de Deus. Os nossos amigos são homens de bem,
ficaram com o compadre na hora ruim. É só o que eu queria lhe pedir. Para mim
não quero nada.
- Não penso perseguir
ninguém, não sou disso. Ao contrário o que desejo é discutir com o senhor a
maneira de não prejudicar o Dr. Alfredo.
- Para ele, o melhor é voltar para Ilhéus,
tratar de meninos, que é disso que ele gosta. Agora, com a morte do compadre,
está muito rico. Não precisa de política. Deixe Tonico com o cartório dele.
- E o coronel Melk? E os outros?
- Isso é com o senhor e com eles. Melk anda
desgostoso depois da história da filha. É bem possível que faça como eu, não se
meta mais em política.
Vou embora seu Mundinho, já roubei seu tempo de mais. De hoje
em diante conte com um amigo. Não prá política. Quando passar a eleição, quero
que o senhor venha um dia na minha rocinha. Caçar umas preás…
Mundinho acompanhou-o até
às escadas. Logo depois saíu também, vinha sozinho e silencioso pela rua, quase
sem responder aos cumprimentos numerosos, extremamente cordiais.
Das perdas e lucros com o
«chef de cuisine»
João Fulgêncio mastigava
um bolinho, cuspia:
- De baixa qualidade, Nacib. A culinária é uma
arte, você deve saber. Exige não só conhecimentos como, antes de tudo, vocação.
E essa sua nova cozinheira não nasceu para isso. É uma charlatã.
Riram em redor, menos
Nacib, preocupado. Nhô-Galo exigia uma resposta à sua pergunta anterior:
«Porque Coriolano contentara-se em botar Glória e Josué porta afora e abandonar a
rapariga? Logo ele tão dado a violências, o carrasco de Chiqui nha e Juca Viana, a ameaçar, ainda há uns dois
anos, Tonico Bastos. Por que agira assim?»
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