sábado, janeiro 26, 2013


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 6


E ele seguiu. Adiante encontrou o diplomata.

 - Oh, doutor Rigger! Passeando, não é?

 - É verdade. Conhecendo o Rio…

 - Nunca tinha estado na Metrópole, doutor?

 - Não. Quando fui para a Europa embarquei na Bahia. Agora é que voltei por aqui de propósito, para conhecer o Rio…

 - E tem gostado? Naturalmente que sim. Eu calculo. A natureza, hei, Dr. A natureza maravilhosa… A coisa mais bela do mundo.

 - Mas eu acho que a natureza faz um enorme mal ao Brasil. O homem daqui parece preguiçoso, indolente… Isso deve ser a natureza… Tão majestosa faz mal. Vence, esmaga.

 - É. Pode ser… Mas nós temos tido grandes homens, doutor. Rui Barbosa…

Paulo Rigger já lera Rui Barbosa. Não lhe agradara… Horrivelmente retórico… Não compreendia como se adorava aquele homem… E, demais, não tinha ideias… Era de um patriotismo lorpa… E estafante. Não, ele não ia com o tal Rui Barbosa.

O diplomata, José Augusto da Silva Reis, escandalizou-se. Rui era genial… genial… genialíssimo… Em França mesmo adoravam-no.

 - Em França? Pode ser…

E Direito? O Rui sabia Direito como pouca gente. E a figura que fizera em Haia?

 - Não é preciso talento para se saber Direito. Basta memória…

Encontraram um baiano. Deputado pelo Sul do Estado. Na cabeça pequena e nas orelhas grandes mostrava ser um tarado da imbecilidade.

José Augusto fez as apresentações:

 - Dr. António Ramos, deputado pela Bahia. Dr. Paulo Rigger que acaba de chegar de França. É filho do velho Godofredo…

 - Oh, muito prazer em conhecê-lo… Somos patrícios…

 - Somos três patrícios – disse José Augusto.

Sentaram-se num bar a tomar um aperitivo. Em honra da Bahia, brindou o deputado. A conversa girou sobre a campanha da sucessão presidencial. O deputado era prestista.

 - Ah! Os gaúchos querem é o poder… somente o poder… não têm pátria nem nada.

 - Tem razão, Doutor, tem toda a razão… apoiou José Augusto. Depois perguntou baixo ao deputado: - E os negócios, doutor? Sempre umas comidinhas, não é?

 - Às vezes… Agora a coisa está ruim, nem vale a pena ser deputado… Mas, no momento, todas as minhas forças estão voltadas para a Pátria. Irei até fazer um discurso, contra os oposicionistas… Devem assistir… Será um notável discurso… - E despedindo-se:

 - Dr. Rigger, apareça. Quero apresentá-lo à minha esposa. Ela adora Paris, gostará de conhecê-lo. Uma santa, a minha esposa…

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