terça-feira, fevereiro 12, 2013


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 20


 - Olá, Algemiro!

 - Olha o patrão! Como cresceu! Outro dia, um menino… Ninguém diria… Mas lá nas Oropa se cresce depressa.

 - Diga, Algemiro, as montadas estão aí?

 - Nós trouxe, patrão. Parece que nós estava adivinhando que o senhor trazia mais alguém. Trouxemos dois burros… O senhor podia trazer um amigo…

 - Trouxe uma amiga…

Apresentou-os:

 - Mademoiselle Júlia.

 - Algemiro, o capataz da fazenda.

Algemiro, muito activo, foi buscar um silhão para o burro de Julie.

Montaram. Acompanhava-os um negro gigantesco, musculoso, despido da cintura para cima.

Atrás da sela, a espingarda dormia um sono inocente…

 - Honório – gritou Algemiro – Passe em frente. Eu vou atrás com o patrão.

E durante toda a viagem Julie ia admirando os músculos das costas de Honório que marchava em frente, mascando um pedaço de fumo negro entre os dentes alvíssimos.

Os animais, acostumados a andarem aquele caminho todos os dias, carregando sacos de cacau, estacaram ante a casa alva. No terreiro, galinhas e perus catavam iscas descuidadamente.

Algemiro ajudava Paulo a descer. Honório tomou Julie nos braços e a colocou no chão. Ela chegara bem a sua cabeça loura ao peito musculoso do trabalhador. Sentiu um cheiro sadio de macho.

Naquela noite, quando Rigger a apertou nos seus braços fracos de supercivilizado, ela pensou voluptuosamente nos músculos de Honório e na sua estatura agigantada. E Rigger achou um sabor novo nos seus beijos e um sentimento maior nos seus braços.

Dormiu feliz.


 - Paulo Rigger apaixonou-se por uma francesa e, como ela não o ama, apenas dorme com ele, o rapaz quer se convencer de que o amor é apenas a Carne… Coitado! Coitado! Não quer ter uma desilusão…

- As desilusões são necessárias – afirmou José Lopes.

- Você fala do alto da sua serenidade.

 - Braz, essa serenidade minha é filha das desilusões. Eu fiquei sereno porque nada mais de bom espero da vida. Nada. Enquanto não vierem coisas piores do que as que têm vindo, eu não me queixarei.

 - Isso não é Serenidade, então.

 - E o que é senão isso? A Serenidade é uma falsificação da Felicidade…

 - E é o fim da gente?

- Talvez. Olhe, eu acho que sim. Conformar-se com a vida. Ir vivendo. Vivendo.

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