quarta-feira, março 27, 2013

Mais um que tem memória curta...

PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE... FAZ HOJE 60 ANOS!

ACORDO DE LONDRES SOBRE AS DÍVIDAS ALEMÃS




Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e
Irlanda.

O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de
Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com
especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava
concentrada a parte essêncial da dívida.

A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em
partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra.Os EUA começaram
por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a
recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca
de 50% (Entre os paises que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e
Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um
período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais
alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o
Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou
assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de
pagamento.

O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substantial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divída para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.

O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia.
Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de
renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da
dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de
juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.

A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos
sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável
reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi
concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros.

Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não
encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas
também condições aos credores - e não só aos paises endividados. Os países
credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a
capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.

Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria
ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando
por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da
dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na
exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas
reservas cambiais.

EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit
na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de,
segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações
que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da
dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças
comerciais.

Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.



PS – Na negociação desta dívida da Alemanha apenas foram contabilizados valores materiais. Foram excluídos os mortos e os feridos como também o sofrimento, a miséria e a indignidade impostos pelos alemães a milhões de pessoas…

 - Como dizia Miterand: - Gosto tanto da Alemanha que até prefiro ter duas…

Wolgang Schauble, aquele senhor que se desloca numa cadeira de rodas e a quem Vitor Gaspar diz segredinhoas ao ouvido, considera que as críticas feitas à Alemanha se devem "à inveja" e acrescenta:

 - "Sempre foi assim. É como nas escola. quando temos melhores resultados, os que têm um pouco mais de dificuldades são um pouco invejosos". Mais um que tem a memória curta...

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