A Ressurreição, por Maria, mãe de Jesus
A propósito das comemorações da Páscoa, referi-me aqui no Memórias Futuras, há poucos dias, à
importância decisiva da afirmada ressurreição de Jesus.
Primeiro para que não fosse esquecido por parentes, amigos e
seguidores da sua mensagem e mais tarde para o lançamento de uma religião
inspirada na sua figura e na sua mensagem. Para isso, Jesus tinha que continuar
a viver, não na terra mas no céu sentado á direita de Deus com todo o poder que tal lhe conferia.
Lesley Hazleton, socióloga, feminista e jornalista política
britânica, reconstroi este momento “mágico” pondo em destaque o papel de Maria,
mãe de Jesus, que não aceita a morte precoce do seu filho e que, com outras
mulheres, tinha assistido impotente à sua morte.
Ela construiu uma imagem arrojada e bela em seu livro
"Maria, uma virgem de carne e osso”. Faz entrar Maria na tumba de Jesus,
acompanhado de Madalena e de outras mulheres e juntas desafiam o fedor e a dor
da morte, que haviam testemunhado impotentes e desesperadas.
Em seguida, Maria se
acerca de Jesus, segura-lhe a cabeça com força e o "trás de volta à
vida." Ela pode fazer isso, é a mãe. Se ela o havia trazido à vida, lhe
devolve de novo a vida.
Hazleton conclui a sua imagem com uma
ideia central, muitas vezes minimizada: O cristianismo começa com essas
mulheres.
Nem Paulo nem Pedro, nem com nenhum da longa lista de santos e
papas, mas com estas mulheres no sepulcro. Elas são o núcleo fundador do
cristianismo: as últimas a verem o corpo de Jesus e as primeiras que o viram
ressuscitado.
E explica por que isto aconteceu
assim: Maria tem que fazer isso para seu próprio bem e pelo bem de seu filho. A
alternativa era ser reduzida à dor mais terrível e a pesadelos para o resto de
sua vida.
Maria não poderia ter salvo o filho. Ela não podia ter-se
oferecido em seu lugar. Mas ainda podia actuar. Poderia quebrar a inércia e
livrar-se do papel passivo de testemunha, transformando-o num papel activo.
"Não deixe que isto
passe despercebido", deve ter dito e apela à acção. "Não é a mulher
que sofra em silêncio.
Acima de tudo, não permanece em silêncio. E então,
quando decidiu que não faria, decidiu o que fazer: "Há que fazê-los ouvir
a sua voz”. Fazer com que esse sacrifício tenha um significado: “Torná-lo
importante para o mundo.”
Maria comportou -se como a mãe dos Macabeus e como todas as mães
que mantiveram vivos os seus filhos mortos prematuramente.
Nota
“Alguém”
ressuscitou Jesus e faz sentido que esse "alguém" tenham sido as mulheres
que mais o amaram à frente das quais se encontrava Maria, sua mãe. E para que
perdure na memória dos homens com a força dos vivos só a ressurreição… Chavez, na Venezuela, já foi santificado...
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