domingo, abril 07, 2013


HOJE É 
DOMINGO
(Com tristeza… da minha cidade de Santarém)



Sabem o que tem de peculiar um elefante, macho, africano, daqueles de sete toneladas? – É que é tão grande que nós só vemos a parte que está virada para nós e não é fácil nem conveniente andar à volta de um animal daqueles…

É assim a situação que vivemos. De tão grande e complexa só vemos a parte que nos toca e, de tudo o resto, vamos lendo e ouvindo o que nos contam.

Lembro-me bem de quando ela, a realidade, era bem mais pequenina, quando parecia ter só a ver connosco, com este país que nem chega de sul a norte da Península e, claro, mais as suas colónias das quais também não se falava muito para não se insistir demasiado numa mentira que era óbvia.

Agora, falar de nós, é referir uma realidade enorme, do tamanho da Europa, da qual fazemos parte e dependemos, e do mundo, através da Globalização… o tal elefante macho, africano, de sete toneladas…

O partido Socialista, na oposição, apresentou uma Moção de Censura ao Governo, para se afirmar, para chamar a atenção ao país de que está ali e quer ser o novo governo (como se nós não soubéssemos) e nova alternativa… qual  alternativa?…

Brilharam os políticos nos seus inspirados discursos fortemente aplaudidos pelas respectivas tribunas mas como já se sabia, sem maioria, a moção foi rejeitada.

Inútil perda de tempo…

Entretanto, o ministro José Relvas demitiu-se com direito a uma despedida na televisão, em pose de estadista, esperando que a História o julgue… a ele, que inventou uma licenciatura oportunista para ser Dr. com 32 disciplinas atribuídas por equivalência de um total de 36 e, ao que parece, lhe vai ser retirada.

Ah!, mas houve outros que fizeram o mesmo! Pois, mas não foram ministros do país…

Julgado pela História? … Pelas nossas consciências há muito que foi condenado... os nossos jovens saem à fronteira com licenciaturas, mestrados e doutoramentos para ganharem a vida, por sugestão do seu amigo Pedro, que dizem, “ele levou” para 1ª Ministro, e à despedida tem o desplante de fazer pretenciosos discursos  antes de ir dedicar-se aos seus negócios no Brasil, segundo ele próprio afirma.

José Relvas fez parte do anedotário nacional. Como político desrespeitou o povo português que o mandava estudar em letreiros de cartaz em tudo quanto era sítio e a televisão aparecia, mas à saída arroga-se a um direito de julgamento por parte da História…

Que mais tem o povo português que aturar?...

 O país não tem autonomia financeira, está intervencionado, a situação é de uma grande delicadeza com o nível de desemprego a caminhar para os 19% e aquilo que deveriam ser reuniões para encontrar medidas minimamente consensuais de saída para a situação, ao que assistimos, são discussões estéreis, umas, de cassete outras, e tudo porque o Tó Zé (líder do PS) à força que quer derrubar o governo do Pedro Manuel (líder do PSD) para lhe suceder no poder como este tinha feito ao José Sócrates.

Foi isto que eles aprenderam na escola dos seus partidos pela cartilha em vigor:

 - “Meninos, o poder é o objectivo principal do partido e aquilo que for bom para o partido é bom para o país… vamos lutar pelo poder… Viva o PS, Viva o PSD! VIVA O PARTIDO!

Esta é a democracia que temos, a democracia dos partidos e o pior é que não há outra. A sociedade civil não intervém, não tem essa tradição, a classe média está em pânico, os poderosos estão a salvo, como de costume e os partidos formam nas suas escolas partidárias jovens belicosos que ainda imaturos mas cheios de ambição e sedentos do poder, são rapidamente atirados para o poder.

Acima de tudo, o que eu não gosto é da forma como eles se comportam… destas disputas e intrigas permanentes, da crispação, dos dedos espetados, das insinuações, dos sorrisos cínicos… é um espectáculo permanente que confrange porque não parece sério e responsável à altura das dificuldades em que nos encontramos.

Não sei como a História os vai recordar mas o estilo, o tipo de personagens que tomou conta do país não têm nada a ver com os que saíram da Revolução do 25 de Abril e se sentaram no Parlamento para elaborarem a nova Constituição do país restituído à liberdade e que mereciam o nosso respeito. Não vinham das escolas partidárias e não iam, após concluírem a Faculdade, fazer estágios para os Gabinetes Ministeriais. 

Agora, os jornais fazem-se eco de que vai haver um confronto televisivo ao nível das audiências entre Sócrates (Animal Político) e Marcelo Rebelo de Sousa (o Professor) e o país vai virar um Ring de boxe ou melhor, um Circo, para entreter o povo.

 Feitas as excepções que conhecemos, quando os nossos políticos saem de funções, agora, passam a “entertainers” ou vão para os negócios, como antigamente.

Primeiro, desgovernam-nos, depois entretêm-nos ou governam-se…

O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais quatro normas do Orçamento para este ano, já aprovado na Assembleia, e provoca um rombo de 1.250 milhões de euros.

O principal partido da coligação, o PSD, declarou logo nessa noite, ter ficado perplexo com a decisão do Tribunal e o país foi deitar-se sem saber se o governo não se iria demitir.

Com esta decisão, na qualidade de Reformado do Estado, vou receber (?) novamente o subsídio de férias mas, estranhamente, não fiquei satisfeito como seria natural e se algum funcionário público ou reformado do Estado pensa que vai ficar melhor com esta disparatada (no dizer do Prof. de Direito Constitucional Vital Moreira) e fora do contexto da realidade do país, decisão do Tribunal Constitucional, desengane-se… vamos todos ficar piores.

Aqueles senhores juízes quiseram ficar na História do país e vão consegui-lo pelas piores razões, tornando-o ingovernável... Não sei se conseguiram dormir, a mim, tiraram-me o sono.

Aos portugueses tudo de mau acontece: um governo com pouco jeito e sensibilidade que comete erros evitáveis, uma má oposição, um Presidente da República sonso e interesseiro e agora um Tribunal Constitucional de loucos senhores e senhoras que, de baixo das suas togas negras, perderam de todo o juízo.

É o que me vai na alma!

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