HOJE É
DOMINGO
DOMINGO
(Com tristeza… da
minha cidade de Santarém)
Sabem o que tem de peculiar um elefante,
macho, africano, daqueles de sete toneladas? – É que é tão grande que nós só vemos a parte
que está virada para nós e não é fácil nem conveniente andar à volta de um
animal daqueles…
É assim a situação que vivemos. De tão
grande e complexa só vemos a parte que nos toca e, de tudo o resto, vamos lendo
e ouvindo o que nos contam.
Lembro-me bem de quando ela, a
realidade, era bem mais pequenina, quando parecia ter só a ver connosco, com
este país que nem chega de sul a norte da Península e, claro, mais as suas
colónias das quais também não se falava muito para não se insistir demasiado
numa mentira que era óbvia.
Agora, falar de nós, é referir uma
realidade enorme, do tamanho da Europa, da qual fazemos parte e dependemos, e
do mundo, através da Globalização… o tal elefante macho, africano, de sete toneladas…
O partido Socialista, na oposição,
apresentou uma Moção de Censura ao Governo, para se afirmar, para chamar a
atenção ao país de que está ali e quer ser o novo governo (como se nós não
soubéssemos) e nova alternativa… qual
alternativa?…
Brilharam os políticos nos seus
inspirados discursos fortemente aplaudidos pelas respectivas tribunas mas como
já se sabia, sem maioria, a moção foi rejeitada.
Inútil perda de tempo…
Entretanto, o ministro José Relvas
demitiu-se com direito a uma despedida na televisão, em pose de estadista,
esperando que a História o julgue… a ele, que inventou uma licenciatura
oportunista para ser Dr. com 32 disciplinas atribuídas por equi valência de um total de 36 e, ao que parece, lhe
vai ser retirada.
Ah!, mas houve outros que fizeram o
mesmo! Pois, mas não foram ministros do país…
Julgado pela História? … Pelas nossas
consciências há muito que foi condenado... os nossos jovens saem à fronteira com
licenciaturas, mestrados e doutoramentos para ganharem a vida, por sugestão do
seu amigo Pedro, que dizem, “ele levou” para 1ª Ministro, e à despedida tem o desplante de fazer pretenciosos discursos antes de ir dedicar-se aos seus negócios no Brasil,
segundo ele próprio afirma.
José Relvas fez parte do anedotário
nacional. Como político desrespeitou o povo português que o mandava estudar em
letreiros de cartaz em tudo quanto era sítio e a televisão aparecia, mas à
saída arroga-se a um direito de julgamento por parte da História…
Que mais tem o povo português que
aturar?...
O
país não tem autonomia financeira, está intervencionado, a situação é de uma
grande delicadeza com o nível de desemprego a caminhar para os 19% e aqui lo que deveriam ser reuniões para encontrar
medidas minimamente consensuais de saída para a situação, ao que assistimos,
são discussões estéreis, umas, de cassete outras, e tudo porque o Tó Zé (líder
do PS) à força que quer derrubar o governo do Pedro Manuel (líder do PSD) para lhe suceder no
poder como este tinha feito ao José Sócrates.
Foi isto que eles aprenderam na escola
dos seus partidos pela cartilha em vigor:
-
“Meninos, o poder é o objectivo principal do partido e aqui lo
que for bom para o partido é bom para o país… vamos lutar pelo poder… Viva o
PS, Viva o PSD! VIVA O PARTIDO!
Esta é a democracia que temos, a
democracia dos partidos e o pior é que não há outra. A sociedade civil não
intervém, não tem essa tradição, a classe média está em pânico, os poderosos estão a salvo, como de costume e os partidos
formam nas suas escolas partidárias jovens belicosos que ainda imaturos mas cheios de ambição e
sedentos do poder, são rapidamente atirados para o poder.
Acima de tudo, o que eu não gosto é da forma
como eles se comportam… destas disputas e intrigas permanentes, da crispação,
dos dedos espetados, das insinuações, dos sorrisos cínicos… é um espectáculo
permanente que confrange porque não parece sério e responsável à altura das
dificuldades em que nos encontramos.
Não sei como a História os vai recordar mas o estilo, o tipo de
personagens que tomou conta do país não têm nada a ver com os que saíram
da Revolução do 25 de Abril e se sentaram no Parlamento para elaborarem a nova
Constituição do país restituído à liberdade e que mereciam o nosso respeito. Não vinham das escolas partidárias e não iam, após concluírem a Faculdade, fazer estágios para os Gabinetes Ministeriais.
Agora, os jornais fazem-se eco de que
vai haver um confronto televisivo ao nível das audiências entre Sócrates (Animal
Político) e Marcelo Rebelo de Sousa (o Professor) e o país vai virar um Ring de
boxe ou melhor, um Circo, para entreter o povo.
Feitas
as excepções que conhecemos, quando os nossos políticos saem de funções, agora, passam
a “entertainers” ou vão para os negócios, como antigamente.
Primeiro, desgovernam-nos, depois
entretêm-nos ou governam-se…
O Tribunal Constitucional declarou
inconstitucionais quatro normas do Orçamento para este ano, já aprovado na
Assembleia, e provoca um rombo de 1.250 milhões de euros.
O principal partido da coligação, o PSD,
declarou logo nessa noite, ter ficado perplexo com a decisão do Tribunal e o
país foi deitar-se sem saber se o governo não se iria demitir.
Com esta decisão, na qualidade de
Reformado do Estado, vou receber (?) novamente o subsídio de férias mas, estranhamente,
não fiquei satisfeito como seria natural e se algum funcionário público ou
reformado do Estado pensa que vai ficar melhor com esta disparatada (no dizer
do Prof. de Direito Constitucional Vital Moreira) e fora do contexto da
realidade do país, decisão do Tribunal Constitucional, desengane-se… vamos todos
ficar piores.
Aqueles senhores juízes qui seram ficar na História do país e vão consegui-lo
pelas piores razões, tornando-o ingovernável... Não sei se conseguiram dormir, a
mim, tiraram-me o sono.
Aos portugueses tudo de mau acontece: um
governo com pouco jeito e sensibilidade que comete erros evitáveis, uma má
oposição, um Presidente da República sonso e interesseiro e agora um Tribunal
Constitucional de loucos senhores e senhoras que, de baixo das suas togas
negras, perderam de todo o juízo.
É o que me vai na alma!
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