quinta-feira, abril 25, 2013


O PAÍS DO CARNAVAL

Admirador da obra de Jorge Amado, rendido aos seus romances, alguns transcritos aqui no Memórias Futuras como os “das suas outras quatro mulheres”: Gabriela, Tereza Batista, Dona Flor e a Tieta, assaltou-me a curiosidade de saber que livro teria escrito este escritor na juventude dos seus 18 anos de idade.

Pois bem, aqui ficou o País do Carnaval, provavelmente o que abordou o tema mais profundo, menos história e mais questões intrigantes do que fazer com vida, onde procurar a Felicidade...

Paulo Rigger, o personagem principal, acaba frustrado, desiludido com o seu país e com a sua vida e regressa à Europa onde tinha estudado, para esquecer aquela má experiência na sua terra natal.

Tem um romance de amor fugaz a que põe termo por preconceitos de virgindade da rapariga ele, que se julgava um jovem moderno, educado em Paris, superior a essas tradições  machistas da sociedade antiga. Uma desilusão e uma raiva contra si próprio...  

Revolta-se contra a sociedade da sua terra natal, e muitos motivos teria com certeza para isso, mas é ele que falha ao virar as costas ao amor perante a confissão de uma jovem corajosa que o amava mas que pôs a honestidade na primeira linha da relação.

Há a tentação de procurar ver no jovem Jorge Amado, de 18 anos, o personagem Paulo Rigger. Todos nós, que tivemos essa idade e alguns que estudaram, lembram-se dos “desafios” que então colocávamos à vida e à sociedade e que com os anos se foram esbatendo e desvanecendo.

Afinal, a vida de cada um de nós, é um “pequeno acidente” na história da humanidade a que pertencemos. “Comandados” por heranças genéticas e culturais, sujeitos à ditadura dos nossos hormonas, impelidos pela necessidade de sobreviver em competição, deixa-se de pensar na Felicidade para passar a coisas mais comezinhas do dia a dia que nos vão absorvendo, às vezes, consumindo-nos em preocupações constantes…

Da vida, fica-nos uma experiência fugidia e, entre outras coisas, as histórias enriquecedoras de Jorge Amado, forjadas nesse caldinho rico de culturas de um povo constituído por europeus, índios, negros e mestiços que foi o seu, lá em São Salvador da Bahia, na parte Sul do Nordeste brasileiro.

JUBIABÁ

Jubiabá é a história que se segue, o primeiro grande romance de Jorge Amado, escrito em 1935 e que o lançou para a categoria de um dos maiores romancista do mundo. O livro esgotou no Brasil sucessivas edições e logo foram negociados os direitos para a sua publicação em francês, russo, inglês, alemão, sueco, dinamarquês e espanhol. Foi um verdadeiro “best-seller”.

Pela palavra dos seus críticos, o livro é um grito de humanidade e justiça que emociona os leitores através da narrativa que nos transporta ao íntimo de um povo laborioso e pobre.

Mais de setenta e cinco anos passaram sobre esse Brasil que já não é o mesmo do Jubiabá mas esta distância dá-nos a garantia que estávamos então mais próximos das origens de uma sociedade em gestação carregada de tradições de uns e de outros e que ali se encontraram com os que já lá estavam.

Não conheço a história e vou ter, por isso, o prazer de a ler convosco, episódio em episódio. Nenhum romance pode abdicar da curiosidade e do suspense do seu enredo e dos livros que aqui já transcrevemos do Jorge Amado ficámos bem cientes da sua mestria em conduzir os personagens da história para além da riqueza e autenticidade dos diálogos só possíveis a um grande escritor que fosse mesmo baiano.  

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