Os alemães e a Srª Merkel devem estar
possuídos de remorsos. Afinal, para que foi aquela guerra: milhões de mortos,
cidades completamente destruídas, ruínas, dor, sofrimento e o ódio de todas as
populações atingidas?
Para quê? – Ainda nem passados setenta
anos, pouco na vida das nações e já mandam na Europa, sem guerras, sem exército
(por enquanto…) sem lutas.
Em paz mandam em nós, ditam as suas leis,
impõem os seus critérios, metem na ordem os nossos desequi librados
orçamentos e dizem-nos a que ritmo o devemos fazer…
A Europa depende da Alemanha, ela é o
seu motor de desenvolvimento, o euro é o seu antigo marco, forte como este,
como convêm a uma economia exportadora de produtos com muita incorporação de
mão-de-obra e tecnologia porque, diga-se o que se disser, não há melhores
automóveis que os seus Mercedes, BMWs, Audis…que todo o mundo quer ter não por
snobismo ou para fazer favor à Alemanha, mas porque são mesmo os melhores.
Mas quem eram estes senhores que hoje
olham com desdém e supremacia os seus vizinhos europeus aqui
da orla do Mediterrâneo e por duas vezes os tentaram esmagar pela força das
armas?
Lembram-se daqueles bárbaros de longas
tranças que combatiam as ordeiras e disciplinadas legiões romanas em ataques
desordeiros, aos gritos selvagens que apavoravam os pequenos soldados romanos,
e de quem o Sr. Mitterrand, séculos mais tarde, dizia gostar tanto que preferia
ter duas…Alemanhas?
Eram os Visigodos, um povo originário de uma divisão entre os godos, povo germânico de origem escandinava que surgiu por volta do ano 200 e em pouco tempo migraram para o sul e atacaram o Império Romano e a Grécia.
Em consequência do ataque feito aos romanos, foram castigados com severidade e refugiaram-se na margem esquerda do Danúbio. Neste local enfrentaram uma divisão interna separando-se, então, em Visigodos e Ostrogodos.
Os Visigodos são originários do leste europeu. A maioria dos pesqui sadores acredita que o nome tem origem no alemão
e significa Godos do Oeste e a sua influência nos seguintes 250 anos no
continente europeu foi muito significativa.
Considerados povos bárbaros
pelos romanos, os Visigodos entraram em conflito com o Império de Roma em
algumas ocasiões. Mas apesar dos atritos, os Visigodos absorveram muitas
características dos romanos, como é o caso do direito.
O Direito Visigótico é uma compilação jurídica e cultural da forma de pensar dos romanos que
mais tarde inspirou a legislação em vigor na Península Ibérica até às
descobertas dos portugueses em 1500.
Os Visigodos percorreram um caminho na Europa que começou nos Bálcãs por
volta do século IV e, logo após, avançaram pela Itália. Por ocasião da ameaça
dos Hunos, os Visigodos foram
ajudados pelos romanos, momento em que houve grande contacto entre as culturas.
Em retribuição, os Visigodos prestaram grande ajuda aos romanos, mas o pacto de
passividade foi quebrado e os povos considerados bárbaros atacaram Roma
novamente.
Mas a presença mais marcante dos Visigodos foi na Península
Ibérica. No século V, chegaram aos Pirinéus com
o propósito de estabelecer a paz na Península Ibérica que estava ocupada por Vândalos, Suevos e
Alanos.
Os Visigodos logo
anexaram o território do reino suevo. Localizados na Península Ibérica, os
Visigodos, que professavam o arianismo, tornaram o catolicismo a religião
oficial.
Atacaram o sul da França e lá estabeleceram um duradouro reinado,
o Reino de Toulouse, que durou de 418 até 507. Com o fim
deste reinado continuaram penetrando na Península Ibérica e formaram um novo
reino, o Reino de Toledo, onde permaneceram de 507 até 711.
Durante todo esse tempo permaneceram poderosos na região dominada e inseriram
suas características. Hoje ainda é possível encontrar igreja em Portugal e na
Espanha de construção Visigótica marcando os únicos vestígios restantes da sua arquitectura.
No século VIII, enfrentaram movimentos de resistência e invasões
que levaram ao fim da monarqui a
visigótica estabelecida na Península Ibérica.
A invasão muçulmana foi o principal factor que enfraqueceu
os Visigodos na região e acabou com o seu reinado. A partir de então, os
muçulmanos tornaram-se presentes na Península Ibérica e aqui
se estabeleceram no por longos oito séculos, sendo que a região só voltou a ser
dominada pelos habitantes locais após o duradouro processo de Reconquista iniciado por D. Afonso Henriques e que se encerrou apenas com a expulsão
dos muçulmanos e a unificação da Espanha em 1492.
Os
visigodos, já então se julgavam superiores aos lusitanos, hispânicos e romanos
e sendo de cultura diferente, desempenhavam uma função social superior sobre os outros povos.
Dirigiam tudo, eram o povo dominador e como tal, só eles tinham
deveres militares e detinham as armas.
Os visigodos não deixaram vestígios de escolas,
bibliotecas e nada existiu de centros de cultura visigótica, mas, com certeza que esse povo guerreiro deixou as suas marcas de DNA no povo romano, lusitano e mouro.
Vestígios “visigóticos” em Espanha e em Portugal
ficaram em várias igrejas, bem como nomes de pessoas. Fundaram
muitas cidades, não só na Lusitânia e na Espanha, mas em outros países
europeus.
Sendo
assim, nós portugueses, temos no nosso DNA um pouco desse povo guerreiro que em
épocas longínquas contribuiu para a formação do nosso futuro povo juntamente
com os celtas, romanos e mouros e outros povos mediterrâneos que passaram por
estes portos em actividades comerciais.
É isso, Portugal e os descendentes dos visigodos, os alemães de hoje, cruzam-se novamente no acaso da história e mais uma vez eles se
comportam de forma superior…
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