quinta-feira, julho 25, 2013

JUBIABÁ

Episódio Nº 67


Olhava para o soldado com os olhos tristes porque sabia que o soldado gostava dela e que por ela mataria um. Lembrava-se da carta que ele enviara para a sua madrinha, Dª Branca Costa, pedindo a afilhada em casamento.

Ela a guardava em casa, bem no fundo do baú. Dizia a carta:


Exma Srª Dª Branca

Saudações Cordiais

Hoje e como nunca sinto-me transportado para um sincero e confortável paraíso ahonde para mim sorena intenções íntimas e favorável pellas quais obriga-me adeclarar-me sinceramente a sua Exlla. Que amo com um amor puro e santo a tua estimada Maria.

Amor que jamais se apagará, e sim pela evolução dos tempos e confuntamente com a vossa attenciosíssima bondade fará duplicar eternamente entre nós um amor nos á de conduzir aos paramos da verdadeira felicidade. E com estas íntimas intenções aproveito esta mas radiante oportunidade para pedir a V. Esclla. Em casamento á tua gentil e encantadora Maria.
Que será a minha maior aventura possuir esta brilhantíssima prenda do vosso confortável coração. Pela quar esforcei-me para muito breve dar a V. Eclla. E aos demais da vossa nobre família esta Brilhantíssima sartificação.

Serto de que V. Excll. não furtar-se-á ao meu pedido aguardo uma resposta favorável. Retero-me aprezentando a V. Exlla. os meus protestos de ellevada estima e considerações.

                                                    Sub. O.S.
                                                    Osório, soldado do 19


A madrinha não queria que ela casasse com um soldado, mas ela fez pé firme e ficou noiva, se bem tivesse de deixar a casa da madrinha.

O casório já estava marcado para Agosto, logo depois que ele pegasse as divisas de cabo que o capitão já lhe havia prometido, quando Maria do Reis conheceu, na macumba de Jubiabá, o negro António Balduíno que era malandro e fazia sambas. Ele não mandara cartas, não falara em casamento.

Lhe dera quando passavam para a sala de jantar na festa de Ribeirinho um cartão assim:


Dobrando este canto
Será o sim                                                             Dobrando este canto será o não





                            POR SI MINHA ALMA SOFRE
                               E feliz seria se a Srta aceitasse os meus protestos de amor


                       Devolvendo o cartão intacto dará uma esperança



Escondeu o cartão no seio. Fugiu para o quarto da mulher de seu Ribeirinho, onde estavam os chapéus dos homens e o violão de António Balduíno. Cândida fora com ela e viu o cartão:

 - De quem é, mulher?

 - Adivinhe…                                                                                                                                                                                        

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