domingo, julho 14, 2013

O Bom e o Óptimo


Em política, como em tudo na vida, o Bom não é inimigo do Óptimo. Na actual situação, o óptimo seria um governo de coligação dos três partidos que assinaram o Acordo de Entendimento com a troika, reforçados pelo apoio dos parceiros sociais, para adoptar as medidas de combate à actual situação económica e financeira em que o país se encontra, na linha do que o Presidente da República pediu no seu discurso.

Isto era o Óptimo: unir esforços, reunir vontades, cerrar os dentes… segurarmo-nos todos uns aos outros para não cairmos no abismo.

Alguém tem dúvidas de que seria assim?

 Dos cidadãos que ainda têm alguma coisa a perder, de outros que ainda podem recuperar, e dos restantes que ainda se mantêm sensatos, certamente.

 Mas, na realidade, não é assim. A convergência de esforços não está na tradição da nossa sociedade, para isso falta-nos sentido cívico e comunitário, preferimos a liberdade individual e de grupos para nos confrontarmos e fazermos as loucuras que nos apeteçam.

Ao preferir a solução óptima o Presidente estava a pensar mais em si do que no país: a opção pela solução óptima é sempre defensável… Quem pode condenar um Presidente que “quis” o melhor para o seu país?

Mas este não é um país em abstracto, é o país de Cavaco Silva que em 1967 declarou a intenção de querer integrar a ex-PIDE da ditadura Salazarista, conforme consta da Ficha de Inscrição por si assinada.

 Entre 1980 e 81 foi ministro das Finanças no Governo da AD e 1º Ministro de 1985 e 1995 (10 anos) e Presidente da República de 2005 até hoje.

Por toda esta experiência de Poder ninguém conhece melhor as classes políticas em Portugal e os respectivos líderes do que ele e se o podemos acusar de muita coisa não é, certamente, de falta de perspicácia política que ele sempre colocou ao seu serviço com todo o sucesso… com se vê.

Inviabilizada a solução óptima como, no íntimo, Cavaco previa, resta-nos a outra, a Boa ou, simplesmente, a que realisticamente resta no actual quadro parlamentar onde a coligação tem a maioria dos deputados e, pelo que disse o Chefe de Governo, não se quer demitir.

Nestas condições, depois de tudo o que disse na primeira parte do seu discurso sobre os inconvenientes das eleições já, irá o Presidente contradizer-se em meia dúzia de dias, dissolver a Assembleia e convocar eleições?

Não creio, mas se assim for, seria a maior originalidade de toda esta situação…

Não sabemos, dadas as medidas gravosas a tomar para os portugueses relacionadas com a Reforma do Estado e as exigências da troika, se Passos Coelho e Paulo Portas serão capazes de aguentar a governação mas, estou convencido, de que o Governo do país continuará a ser deles.

Entretanto, o Presidente da República sempre poderá dizer, como ele muito gosta: «Eu bem vos avisei»… Hakuna Matata.

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