domingo, agosto 11, 2013

Largo do Seminário ou Praça do Marquês Sá da Bandeira
HOJE É DOMINGO 
(Na minha cidade de Santarém)



Neste momento, a propósito da preparação do Orçamento para 2014, estão a ser urdidos mais cortes na minha pensão de reforma, algo de impensável quando no ano 2000 ela me foi calculada, atribuída e publicada em Diário da República como “coisa” sagrada.

Progressivamente, o Estado nestes últimos anos foi-se desacreditando aos olhos dos cidadãos, de todos, mas em especial dos seus servidores de uma vida e atingiu os píncaros quando lhes retira agora o que lhes havia concedido como reforma para a velhice depois dos descontos que lhes foram feitos durante 40 anos.

Mas, se por motivos patrióticas, de salvação nacional, esse sacrifício se torna indispensável, como ficam fora dele, políticos, funcionários do Banco do Estado, magistrados, autarcas, diplomatas? - Por razões legais?

- Mas haverá razões mais fortes que aquelas que levam aos cortes das pensões de reforma dos funcionários públicos com efeitos retroactivos?

Algo inimaginável num Estado que se julgava, na sua estrutura, nos seus alicerces, na sua essência, confiável, idóneo, respeitador do Direito e dos direitos e obrigações consagrados.

Ao longo do governo de Sócrates, que diz agora sentir-se “um político realizado”, e especialmente na parte final, tive a percepção que as coisas se encaminhavam para este descalabro.

Depois, quando partiu para Paris e deixou o país entregue aos credores que impuseram as suas condições para um empréstimo que já não era possível de obter nos mercados, aí, era já evidente, a impossibilidade de outro desfecho que não fosse este… Faltava saber, e ainda falta, até onde irá o descalabro.

Tanta coisa de mau aconteceu que o país não é mais o país… tomado que foi de assalto por gente que nem sequer merece o nome de portugueses. Talvez mercenários, espécie de mafiosos, cúmplices do dinheiro, arquitectos de aldrabices, engenheiros de esquemas financeiros, rede de desonestos bem vestidos, bem falantes, que nos põem em frente dos olhos as leis que eles próprios conceberam para nos poderem atirar em cara que “está tudo legal”… “absolutamente legal” e, quando apanhados em falso, queixam-se da podridão, eles, que sempre se movimentaram no lado podre da política.

São Presidentes… Ministros… falam da podridão da política mas compraram, a convite do Banco, acções do BPN a metade do preço que lhes renderam mais de 100% em dois anos e eles, ingénuos, pensaram que aquilo lhes acontecia pela graça de Deus, por serem devotos, por irem à missa todos os Domingos… Não, os lucros deles transformaram-se em prejuízos do Banco que uma vez nacionalizado passou a dívida de todos nós.

Inacreditável, por exemplo, a candidatura de Isaltino Morais, presentemente na cadeia a cumprir pena por crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e abuso de poder e que manda o seu ex nº 2, Paulo Vistas, candidatar-se à Câmara e ele à Presidência de Assembleia Municipal de Oeiras, uma das mais importantes do país.

Trata-se de um político que depois de anos e anos a fugir à justiça com recursos sobre recursos pagos a peso de ouro a advogados especialistas em tirar partido da lei e que agora, mesmo na situação de presidiário, pode, “legalmente”, candidatar-se!!!...

Será isto a força da democracia no nosso país ou a falta de vergonha de certos democratas que dominam os partidos políticos e permitem este escândalo? Porque, meus amigos, tudo isto é legal e este senhor irá receber os votos de muita gente e provavelmente ganhar, como sempre ganhou, a “guerra” das eleições...

Há, de certo, uma parte do povo português que está moldado por este tipo de governantes. Eles não podem ser imunes aos exemplos que vêm de cima, à negociata dos votos e os expedientes tornam-se vulgares, até porque toda a administração pública está cheia de armadilhas onde incautos cidadãos esbarram e tentam tornear depois com o recurso ao pequeno suborno.

 - Percebem os meus amigos como se instala o compadrio e até onde vai a cumplicidade, as teias de interesses, o "amiguismo", as trocas de favores?

 - Percebem porque chegámos a esta situação?...

 - Percebem porque é que a minha pensão de reforma vai continuar a ser cortada?...

 - Percebem porque é que eu temo, sinceramente, pelo futuro do meu país?...

Os portugueses não mereciam ser enganados desta forma leviana, irresponsável e desonesta. É gente diligente, sacrificada, pacífica, ordeira, muitos deles há gerações por essa Europa e mundo fora a construir as suas vidas honestamente enviando para o país remessas de dinheiro que importantes têm sido e continuam a ser no equilíbrio da balança comercial.

O estado de espírito que estes políticos acabam por instalar nos cidadãos é de desânimo, descrença, tanto nos que dependem directamente do Estado como nos restantes que vêm os seus esforços afogados em impostos, taxas, sobre taxas, licenças, iva(s), portagens, etc… para poderem atender a défices monumentais, crónicos, e satisfazer as exigências dos credores internacionais e de uma Comunidade Europeia que, com culpas no cartório, parece assobiar para o lado face aos seus 26 milhões de desempregados.     

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