Largo do Seminário ou Praça do Marquês Sá da Bandeira |
HOJE É DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém)
Neste momento, a propósito da preparação
do Orçamento para 2014, estão a ser urdidos mais cortes na minha pensão de reforma,
algo de impensável quando no ano 2000 ela me foi calculada, atribuída e
publicada em Diário da República como “coisa” sagrada.
Progressivamente, o Estado nestes
últimos anos foi-se desacreditando aos olhos dos cidadãos, de todos, mas em
especial dos seus servidores de uma vida e atingiu os píncaros quando lhes
retira agora o que lhes havia concedido como reforma para a velhice depois dos
descontos que lhes foram feitos durante 40 anos.
Mas, se por motivos patrióticas, de
salvação nacional, esse sacrifício se torna indispensável, como ficam fora
dele, políticos, funcionários do Banco do Estado, magistrados, autarcas, diplomatas? - Por razões
legais?
- Mas haverá razões mais fortes que aquelas que levam aos cortes das
pensões de reforma dos funcionários públicos com efeitos retroactivos?
Algo inimaginável num Estado que se
julgava, na sua estrutura, nos seus alicerces, na sua essência, confiável,
idóneo, respeitador do Direito e dos direitos e obrigações consagrados.
Ao longo do governo de Sócrates, que diz
agora sentir-se “um político realizado”, e especialmente na parte final, tive a
percepção que as coisas se encaminhavam para este descalabro.
Depois, quando partiu para Paris e
deixou o país entregue aos credores que impuseram as suas condições para um
empréstimo que já não era possível de obter nos mercados, aí, era já evidente,
a impossibilidade de outro desfecho que não fosse este… Faltava saber, e ainda
falta, até onde irá o descalabro.
Tanta coisa de mau aconteceu que o país
não é mais o país… tomado que foi de assalto por gente que nem sequer merece o
nome de portugueses. Talvez mercenários, espécie de mafiosos, cúmplices do
dinheiro, arqui tectos de aldrabices,
engenheiros de esquemas financeiros, rede de desonestos bem vestidos, bem
falantes, que nos põem em frente dos olhos as leis que eles próprios conceberam
para nos poderem atirar em cara que “está tudo legal”… “absolutamente legal” e,
quando apanhados em falso, queixam-se da podridão, eles, que sempre se
movimentaram no lado podre da política.
São Presidentes… Ministros… falam da
podridão da política mas compraram, a convite do Banco, acções do BPN a metade
do preço que lhes renderam mais de 100% em dois anos e eles, ingénuos, pensaram
que aqui lo lhes acontecia pela graça
de Deus, por serem devotos, por irem à missa todos os Domingos… Não, os lucros
deles transformaram-se em prejuízos do Banco que uma vez nacionalizado passou a
dívida de todos nós.
Inacreditável, por exemplo, a
candidatura de Isaltino Morais, presentemente na cadeia a cumprir pena por crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e abuso de poder e que manda o seu ex nº
2, Paulo Vistas, candidatar-se à Câmara e ele à Presidência de Assembleia
Municipal de Oeiras, uma das mais importantes do país.
Trata-se de um político que depois de
anos e anos a fugir à justiça com recursos sobre recursos pagos a peso de ouro
a advogados especialistas em tirar partido da lei e que agora, mesmo na
situação de presidiário, pode, “legalmente”, candidatar-se!!!...
Será isto a força da democracia no nosso
país ou a falta de vergonha de certos democratas que dominam os partidos políticos
e permitem este escândalo? Porque, meus amigos, tudo isto é legal e este
senhor irá receber os votos de muita gente e provavelmente ganhar, como sempre ganhou,
a “guerra” das eleições...
Há, de certo, uma parte do
povo português que está moldado por este tipo de governantes. Eles não podem
ser imunes aos exemplos que vêm de cima, à negociata dos votos e os expedientes
tornam-se vulgares, até porque toda a administração pública está cheia de
armadilhas onde incautos cidadãos esbarram e tentam tornear depois com o recurso ao
pequeno suborno.
- Percebem os meus amigos como se instala
o compadrio e até onde vai a cumplicidade, as teias de interesses, o "amiguismo",
as trocas de favores?
- Percebem porque chegámos a esta
situação?...
- Percebem porque é que a minha pensão de
reforma vai continuar a ser cortada?...
- Percebem porque é que eu temo,
sinceramente, pelo futuro do meu país?...
Os portugueses não mereciam ser
enganados desta forma leviana, irresponsável e desonesta. É gente diligente, sacrificada, pacífica, ordeira,
muitos deles há gerações por essa Europa e mundo fora a construir as suas vidas
honestamente enviando para o país remessas de dinheiro que importantes têm sido
e continuam a ser no equi líbrio da
balança comercial.
O estado de espírito que estes políticos
acabam por instalar nos cidadãos é de desânimo, descrença, tanto nos que
dependem directamente do Estado como nos restantes que vêm os seus esforços
afogados em impostos, taxas, sobre taxas, licenças, iva(s), portagens, etc… para poderem atender a
défices monumentais, crónicos, e satisfazer as exigências dos credores internacionais e de uma
Comunidade Europeia que, com culpas no cartório, parece assobiar para o lado
face aos seus 26 milhões de desempregados.
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