António Balduíno está de regresso à Baía... à boleia. |
JUBIABÁ
Episódio Nº 117
CIRCO
O encontro com Luigi foi inteiramente
casual. António Balduíno passara o resto da noite vagando pela cidade. O ex –
soldado tomara logo a estrada para Lapa, o velho tinha onde ficar e a mulher
foi procurar uma amiga.
Pela manhã António Balduíno tratou de
arranjar um caminhão que o levasse à Baía, de graça. Chegou para perto de um
que carregava e foi dizendo ao chofer como quem não queria nada:
-
Vai pra Baía, mano?
-
Vou sim – respondeu o chofer que era um mulato esguio e sorridente – Quer
mandar uma encomenda?
-
Quero é mandar esse negro que está aqui
– e batia no peito rindo…
-
Chi! Que a Baía está danada de boa agora com as festas, rapaz…
António Balduíno acocorou-se junto do
chofer, aceitou o cigarro.
-
Eu ando com uma saudade, mano… Faz quase um ano que vim embora…
O chofer cantou:
«A Baía é boa terra,
ela lá e eu aqui …»
Não diga… A Baía é boa mesmo… Tou seco
pra voltar…
-
Quer ir hoje no caminhão? Eu vou depois da bóia…
-
Mas é que eu estou limpo, rapaz…
-
As mulheres gastou as economias… - riu o chofer.
-
Quem sabe? – E Balduíno piscou o olho.
-
Não tem nada… eu estou sem ajudante… Você vai no lugar dele…
-
Tá certo…
-
Se eu tiver de fazer força você ajuda…
-
Que hora sai mesmo?
-
Depois da bóia… Uma hora, hora e meia…
-
Então até já…
-
Para onde vai?
-
Vou ver uns amigos…
-
Uma hora aqui …
-
Tá certo…
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