sexta-feira, setembro 27, 2013

D. José
Policarpo


Vai para três anos, Ricardo Araújo Pereira ficou sentido com D. José Policarpo porque na homilia da missa de Natal ele saudou os católicos, judeus e todos os que acreditam num Deus único, mas não se lembrou de saudar igualmente o Ricardo ou melhor, ignorou-o ostensivamente o que é muito pior, a ele e a todos os que não acreditam num Deus único ou em Deus nenhum.

Vá lá que dessa vez não os atacou, como aconteceu em data anterior, quando afirmou que o ateísmo, ou os ateus, não há um sem os outros, constituíam o maior drama da humanidade, pior que a fome e a guerra.

D. José Policarpo não manifestou espírito cristão capaz de uma palavra de saudação para com todos os homens e mulheres que com ele partilham o planeta e são bons cidadãos cumpridores das leis, independentemente de possuírem ou não convicções religiosas.

Em vez disso, comportou-se como um vulgar e faccioso “comerciante” de um “produto” para quem todos os que não sejam seus clientes, pura e simplesmente, constituem um perigo e uma ameaça (para o negócio e, obviamente, para si) a menos que sejam clientes do mesmo “produto” mas de uma “marca” diferente, apenas para não hostilizar o “mercado”.

Ricardo Araújo pereira respondeu na Revista Visão, num artigo de Opinião de indiscutível qualidade que a seguir transcrevemos:

Ricardo Araújo Pereira ficou sentido com D. José Policarpo porque na homilia da missa de Natal ele saudou os católicos, judeus e todos os que acreditam num Deus único, mas não se lembrou de saudar igualmente o Ricardo ou melhor, ignorou-o ostensivamente, o que é muito pior, a ele e a todos os que não acreditam num Deus único ou em Deus nenhum.

Vá lá que desta vez não os atacou, como aconteceu em data anterior, quando afirmou que o ateísmo, ou os ateus, não há aquele sem estes, constituíam o maior drama da humanidade, pior que a fome e a guerra.

D. José Policarpo não manifestou espírito cristão capaz de uma palavra de saudação para com todos os homens e mulheres que com ele partilham o planeta e são bons cidadãos cumpridores das leis, independentemente de possuirem ou não convicções religiosas

Em vez disso, comportou-se como um vulgar e faccioso “comerciante” de um “produto” para quem todos os que não sejam seus clientes, pura e simplesmente constituem um perigo e uma ameaça (para o negócio e, obviamente, para si) a menos que sejam clientes do mesmo “produto” mas de uma “marca” diferente, apenas para não hostilizar o “mercado”.

Ricardo respondeu na Revista Visão, num artigo de Opinião de indiscutível qualidade que a seguir transcrevemos.
E agora vamos ao texto do Ricardo:



Paz e Amor Para Todos

 Menos Para Mim


"O Natal é tempo de paz, tempo de amor, tempo de lamentar a existência de pessoas como eu. Não admira que seja uma época que toda a gente aprecia.

No dia que assinala o nascimento do salvador, o cardeal-patriarca não resistiu a lembrar que há quem não tenha salvação possível. Acaba por ser uma observação animadora. Se alguma coisa pode transtornar quem mereceu um lugar no paraíso é o facto de haver fila para entrar. 

Pois bem, eu serei menos um a obstruir os portões do céu; na homilia da missa de 25 de Dezembro, D. José de Policarpo saudou os judeus, e todos os que acreditam num Deus único – mas, ostensivamente, não me saudou a mim, que sou ateu.

Os judeus acreditam tanto como eu que o menino cujo aniversário se celebrava é o filho de Deus. No entanto, receberam uma saudação. Para mim, nem um caridoso aceno de cabeça.

O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas mesmo sendo incapaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé – uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida – em que ele não exista.

Todos os dias busco a não-existência do Senhor com renovada crença, ciente de que a Sua inexistência é misteriosa demais para que eu a tenha inventado.

É certo que o mesmo D. José Policarpo já havia dito que o ateísmo era o maior drama da humanidade – acima da fome, da guerra e do próprio “time sharing”. Fê-lo, porém em data menos misericordiosa. Sonegar saudações no Natal é particularmente cruel.

O anátema mais duro é o que é lançado no tempo do perdão. Estou habituado a receber anátemas e garanto aos menos experientes que os anátemas natalícios são os que aleijam mais. Em todo o caso, no fundo, eu sei bem que não sou digno de ser saudado. Acreditar que Deus existe é uma convicção profunda, mas acreditar que não existe, curiosamente, não o é.

Alguém, munido de um aparelho próprio, mediu a profundidade das convicções e deliberou que as do crente são mais fundas do que as do ateu. Quando alguém diz acreditar em Deus, está a exprimir legitimamente a sua fé; quando um ateu ousa afirmar que não acredita, está a agredir as convicções dos crentes.

Ser crente é merecedor de respeito, ser ateu é um crime contra a humanidade.

Ainda assim esperava ter sido saudado.
Eu não acredito em Cristo mas sempre acreditei nos cristãos.
É a primeira vez que vejo um deles recusar ao menos uma saudação a um pecador."


Nota - Estejamos atentos à saudação do Natal de 2013. Iremos novamente ser ignorados pelo representante da Igreja Católica como se não existíssemos na sociedade portuguesa e no conjunto da humanidade?
Pessoalmente, é-me indiferente  mas a eles não lhes fica bem nem está de acordo com a moral cristã.

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