Vai para três anos, Ricardo Araújo Pereira ficou sentido com D. José Policarpo porque na homilia da missa de Natal ele saudou os católicos, judeus e todos os que acreditam num Deus único, mas não se lembrou de saudar igualmente o Ricardo ou melhor, ignorou-o ostensivamente o que é muito pior, a ele e a todos os que não acreditam num Deus único ou em Deus nenhum.
Vá lá que dessa vez não os atacou, como aconteceu em data anterior, quando afirmou que o ateísmo, ou os ateus, não há um sem os outros, constituíam o maior drama da humanidade, pior que a fome e a guerra.
D. José Policarpo não manifestou espírito cristão capaz de uma palavra de saudação para com todos os homens e mulheres que com ele partilham o planeta e são bons cidadãos cumpridores das leis, independentemente de possuírem ou não convicções religiosas.
Em vez disso, comportou-se como um vulgar e faccioso “comerciante” de um “produto” para quem todos os que não sejam seus clientes, pura e simplesmente, constituem um perigo e uma ameaça (para o negócio e, obviamente, para si) a menos que sejam clientes do mesmo “produto” mas de uma “marca” diferente, apenas para não hostilizar o “mercado”.
Ricardo Araújo pereira respondeu na Revista Visão, num artigo de Opinião de indiscutível qualidade que a seguir transcrevemos:
Ricardo Araújo Pereira ficou sentido com D. José Policarpo porque na homilia da missa de Natal ele saudou os católicos, judeus e todos os que acreditam num Deus único, mas não se lembrou de saudar igualmente o Ricardo ou melhor, ignorou-o ostensivamente, o que é muito pior, a ele e a todos os que não acreditam num Deus único ou em Deus nenhum.
Vá lá que desta vez não os atacou, como aconteceu em data anterior, quando afirmou que o ateísmo, ou os ateus, não há aquele sem estes, constituíam o maior drama da humanidade, pior que a fome e a guerra.
D. José Policarpo não manifestou espírito cristão capaz de uma palavra de saudação para com todos os homens e mulheres que com ele partilham o planeta e são bons cidadãos cumpridores das leis, independentemente de possuirem ou não convicções religiosas
Em vez disso, comportou-se como um vulgar e faccioso “comerciante” de um “produto” para quem todos os que não sejam seus clientes, pura e simplesmente constituem um perigo e uma ameaça (para o negócio e, obviamente, para si) a menos que sejam clientes do mesmo “produto” mas de uma “marca” diferente, apenas para não hostilizar o “mercado”.
Ricardo respondeu na Revista Visão, num artigo de Opinião de indiscutível qualidade que a seguir transcrevemos.
E agora vamos ao texto do Ricardo:
Menos Para Mim
"O Natal é tempo de paz, tempo de amor, tempo de lamentar a existência de pessoas como eu. Não admira que seja uma época que toda a gente aprecia.
No dia que assinala o nascimento do salvador, o cardeal-patriarca não resistiu a lembrar que há quem não tenha salvação possível. Acaba por ser uma observação animadora. Se alguma coisa pode transtornar quem mereceu um lugar no paraíso é o facto de haver fila para entrar.
Pois bem, eu serei menos um a obstruir os portões do céu; na homilia da missa de 25 de Dezembro, D. José de Policarpo saudou os judeus, e todos os que acreditam num Deus único – mas, ostensivamente, não me saudou a mim, que sou ateu.
Os judeus acreditam tanto como eu que o menino cujo aniversário se celebrava é o filho de Deus. No entanto, receberam uma saudação. Para mim, nem um caridoso aceno de cabeça.
O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas mesmo sendo incapaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé – uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida – em que ele não exista.
Todos os dias busco a não-existência do Senhor com renovada crença, ciente de que a Sua inexistência é misteriosa demais para que eu a tenha inventado.
É certo que o mesmo D. José Policarpo já havia dito que o ateísmo era o maior drama da humanidade – acima da fome, da guerra e do próprio “time sharing”. Fê-lo, porém em data menos misericordiosa. Sonegar saudações no Natal é particularmente cruel.
O anátema mais duro é o que é lançado no tempo do perdão. Estou habituado a receber anátemas e garanto aos menos experientes que os anátemas natalícios são os que aleijam mais. Em todo o caso, no fundo, eu sei bem que não sou digno de ser saudado. Acreditar que Deus existe é uma convicção profunda, mas acreditar que não existe, curiosamente, não o é.
Alguém, munido de um aparelho próprio, mediu a profundidade das convicções e deliberou que as do crente são mais fundas do que as do ateu. Quando alguém diz acreditar em Deus, está a exprimir legitimamente a sua fé; quando um ateu ousa afirmar que não acredita, está a agredir as convicções dos crentes.
Ser crente é merecedor de respeito, ser ateu é um crime contra a humanidade.
Ainda assim esperava ter sido saudado.Eu não acredito em Cristo mas sempre acreditei nos cristãos.É a primeira vez que vejo um deles recusar ao menos uma saudação a um pecador."
Os judeus acreditam tanto como eu que o menino cujo aniversário se celebrava é o filho de Deus. No entanto, receberam uma saudação. Para mim, nem um caridoso aceno de cabeça.
O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas mesmo sendo incapaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé – uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida – em que ele não exista.
Todos os dias busco a não-existência do Senhor com renovada crença, ciente de que a Sua inexistência é misteriosa demais para que eu a tenha inventado.
É certo que o mesmo D. José Policarpo já havia dito que o ateísmo era o maior drama da humanidade – acima da fome, da guerra e do próprio “time sharing”. Fê-lo, porém em data menos misericordiosa. Sonegar saudações no Natal é particularmente cruel.
O anátema mais duro é o que é lançado no tempo do perdão. Estou habituado a receber anátemas e garanto aos menos experientes que os anátemas natalícios são os que aleijam mais. Em todo o caso, no fundo, eu sei bem que não sou digno de ser saudado. Acreditar que Deus existe é uma convicção profunda, mas acreditar que não existe, curiosamente, não o é.
Alguém, munido de um aparelho próprio, mediu a profundidade das convicções e deliberou que as do crente são mais fundas do que as do ateu. Quando alguém diz acreditar em Deus, está a exprimir legitimamente a sua fé; quando um ateu ousa afirmar que não acredita, está a agredir as convicções dos crentes.
Ser crente é merecedor de respeito, ser ateu é um crime contra a humanidade.
Ainda assim esperava ter sido saudado.Eu não acredito em Cristo mas sempre acreditei nos cristãos.É a primeira vez que vejo um deles recusar ao menos uma saudação a um pecador."
Nota - Estejamos atentos à saudação do Natal de 2013. Iremos novamente ser ignorados pelo representante da Igreja Católica como se não existíssemos na sociedade portuguesa e no conjunto da humanidade?
Pessoalmente, é-me indiferente mas a eles não lhes fica bem nem está de acordo com a moral cristã.
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