sexta-feira, outubro 25, 2013


 ADÃO E EVA


O Antigo Testamento:


Adão e Eva, a “costela”, a “maçã”, a “arca de Noé”(que tem origem em mitos antigos da Babilónia e de outras culturas ainda mais antigas). Esta lenda, com os animais a entrarem na Arca, dois a dois, é encantadora mas a moral da história de Noé é aterradora: Deus tinha os humanos em tão fraca conta que os afogou a todos, incluindo crianças e restantes animais, presumivelmente inocentes…

Tal como Jesus Cristo que remeteu tudo isto para o “baú das velharias”, muitos teólogos afirmam também que estes relatos não são para serem levados à letra mas, de acordo com uma sondagem da Gallup: 50% dos norte-americanos acreditam na “história” da arca de Noé como tendo sido realidade.


Esta percentagem de pessoas que alimentam este tipo de crenças é assustadora não só pelas formas de pensar que induzem mas também porque podem levar ao desprezo de medidas de precaução recomendadas para diminuírem as terríveis consequências destes cataclismos. Muitos “homens santos” da Ásia atribuíram a responsabilidade do tsunami de 2004, não à deslocação de uma placa tectónica mas aos pecados humanos “tão graves” como beber, dançar ou violar uma regra fútil relacionada com o 7º dia da semana. Da mesma forma, muitos clérigos norte-americanos, numa assustadora colecção de seus sermões, atribuíram a causa do furacão Katrina a pecados humanos.

Sarah Palin, candidata a Vice-Presidente dos E.U. pelo partido Republicano afirmou que: -"Se a América invadiu o Iraque foi porque Deus quis"....

O problema de fundo que é levantado pelo Prémio Nobel Richard Dawkins, ateu militante, é saber, do conjunto das Escrituras, quais as que, de acordo com Jesus Cristo, vão para o “baú das velharias” como símbolos ou alegorias e as outras (quais?) que devem continuar a merecer a nossa credibilidade.

Por Sua Culpa...

Os livros da Bíblia estão cheios de referências misóginas e patriarcais onde as mulheres aparecem como seres inferiores, subordinados, perigosos e pecaminosos. A frase que Jesus recorda como escutada ao rabino do seu povo: “Por culpa da mulher entrou o pecado e por sua culpa morremos todos” é apenas uma de entre muitas.


Paulo, Um Misógino (que tem aversão às mulheres)



Ainda que Paulo (São Paulo) se tenha apresentado como discípulo de Jesus Cristo e pregador da sua mensagem e mesmo que tenha sido ajudado por mulheres a fundar e dirigir comunidades cristãs por todo Império Romano, são abundantes as suas cartas com pensamentos misóginos semelhantes aos dos pensadores da sua época.

Judeu de religião, fariseu (facção mais radical) de formação, Paulo considerava a mulher subordinada ao homem, inferior (1 Coríntios 11,3).

Paulo elaborou toda a sua doutrina da salvação sobre o mito do pecado de Adão e Eva. “A cabeça de todo o homem é Cristo e a cabeça da mulher é a do homem”, frase que Raquel recorda a Jesus Cristo, da autoria de Paulo, estabelece uma rígida hierarquia na sociedade dos humanos… Um dos textos mais patriarcais de Paulo aparece na sua primeira carta a Timóteo (2, 11-15).


Um Mito de Consequências Perversas

O mito de Adão e Eva escrito há uns 3.000 anos, no qual Eva desobedece a Deus e faz pecar o Adão, esse mito com que se inicia a Bíblia hebraica e a cristã, onde Deus submete a mulher ao domínio do homem, está na origem do machismo, da descriminação e da violência contra as mulheres que chegou à história do mundo ocidental moldando a cultura judaico-cristã. Naquela mítica Eva estavam todas as mulheres e a partir desse mito original todas foram julgadas, condenadas e menosprezadas. A literatura ocidental de todos os tempos dão conta desse colossal abuso.

Vejamos exemplos:

- No século II, o doutor da igreja, Tertuliano escrevia e pregava:

 - “Mulher, deverás ir vestida de luto e andrajos, apresentando-te como uma penitente, alagada em lágrimas redimindo assim a falta de teres feito perder o género humano. Tu eras a porta do inferno, foste tu que rompeste os selos da árvore proibida, a primeira que violaste a lei divina, que corrompeste aquele a quem o diabo não se atrevia a atacar de frente. Tu foste a responsável pela morte de Jesus Cristo.”

- No século IV, o grande teólogo Agostinho pregava: “A mulher é um ser inferior. É uma questão de justiça que as mulheres sirvam os homens como algo que corresponde à ordem natural da humanidade”.

- Nesse mesmo século, Jerónimo, doutor da igreja e tradutor da bíblia para o latim exclamava:

-  “Se a mulher não se submete ao homem, que é a sua cabeça, faz-se culpada do mesmo pecado que um homem que não se submeta a Cristo.”

- No século VI, o bispo Isidoro de Sevilha, declarado santo e considerado no seu tempo “o homem mais douto que apareceu nos últimos tempos” afirmava: “O homem foi feito a causa de si mesmo, a mulher foi criada somente para ajuda do homem.”

- No mesmo século, no Sínodo de Macon (ano 585) debateu-se se,“na hora da ressurreição, as mulheres não teriam que se converter em homens para poderem entrar no céu.”

- No século XI, Marbode, o bispo de Rennes, França, considerado o “rei dos oradores” fazia este panegírico (discurso): 

“Das inúmeras armadilhas que nos monta o hábil inimigo, a pior e mais difícil de evitar, é a mulher, planta débil, raiz daninha, fonte de vícios que propaga o escândalo pelo mundo. Oh! mulher, doce maldade, veneno com mel! Quem persuadiu o nosso primeiro pai para que provasse o fruto proibido?... Uma mulher!”

_ NO século XIII, o teólogo mais influente de todos da teologia católica, Tomás de Aquino, escrevia: 

- Para bem da ordem humana, uns terão que ser governados por outros mais sábios. por consequência, a mulher, mais débil no que respeita ao vigor da alma e força corporal, está sujeita por natureza ao homem, no qual a razão predomina.O pai tem que ser mais amado do que a mãe e merece maior respeito do que a mãe porque a sua participação na concepção é activa e a da mãe é passiva e material.A mulher é um defeito da natureza, uma espécie de "homenzinho" defeituoso e mutilado. Se nasceu mulher deve-se a um defeito do esperma ou a ventos húmidos.

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